Escolhendo o veneno
"You hear me talkin', hillbilly boy? I ain't through with you by a damn sight.
I'ma get medieval on your ass!"
Esta clássica cena de Pulp Fiction, em que Marsellus Wallace começa a torturar Ned e ameaça um comportamento "medieval", é o que vem à cabeça quando vejo o resultado do sorteio realizado pela ITF nesta terça-feira. Nos playoffs da Copa Davis, o time do capitão João Zwetsch enfrentará a Espanha. Sim, a Espanha de Rafael Nadal, David Ferrer, Nicolás Almagro, Marcel Granollers, Marc López, Fernando Verdasco e David Marrero. Um time tão forte que, se escalado com força máxima, nem no ponto de duplas o Brasil seria favorito. Fora a Confederação Brasileira de Tênis, que vai ter a chance de promover o confronto por aqui, não tem muita gente feliz com os adversários.
Como é um confronto de playoff/repescagem, que significa quem-perder-cai, é de se esperar que a Espanha venha com força máxima – ou quase isso. Rafael Nadal já manifestou sua vontade de vir, o que automaticamente coloca o Brasil em apuros (o número 1 nunca, nunquinha mesmo, perdeu um jogo em melhor de cinco sets no saibro em Copa Davis). Seria preciso que Bellucci e cia. derrotassem o número 2 espanhol duas vezes, além do essencial triunfo nas duplas.
Qual, então, a melhor estratégia para o Brasil? Honestamente, o melhor plano parece uma ação conjunta com a Polícia Federal, que proibiria a entrada de Nadal, Ferrer e Almagro no país sob a ameaça de terrorismo – e "terrorismo" talvez seja uma boa expressão para classificar o que Nadal, em forma, pode fazer contra o número 2 do Brasil, quem quer que seja na ocasião.
Falando sério, fora torcer para que a Espanha não venha com sua força máxima, quais são as opções brasileiras? Jogar fora do saibro? Seria pior ainda para Bellucci e sua trupe. Jogar com alguma altitude? Nadal já ganhou um ATP em São Paulo, jogando mal e em uma quadra péssima e com bolas ruins. Almagro também já foi campeão na cidade. Seria melhor no nível do mar, com saibro bem lento? Nadal e Ferrer adorariam, e Almagro também já foi campeão na Costa do Sauípe.
O trabalho de João Zwetsch, a partir de hoje, é dos mais ingratos. Parece restar a ele escolher entre topar um passeio de caminhão com Aldo Raine, encarar o gatilho de Django e experimentar a five point palm exploding heart technique de Beatrice Kiddo. Cruel? Talvez. O fato é que enfrentar a Espanha completa é uma experiência tão desconfortável quanto ouvir Jules Winnfield começar a recitar Ezequiel 25:17…
Coisas que eu acho que acho:
– É sempre possível que a Espanha não jogue com força máxima. Entretanto, como estamos falando de playoffs, não parece muito provável. Além disso, sobram opções na equipe. Até o terceiro time espanhol tem condições de vencer um confronto contra o Brasil – seja no saibro ou na quadra dura.
– O lado positivo do confronto é ter grandes tenistas no país uma vez. Uma dúzia de cidades vai se oferecer para sediar os jogos, a CBT terá todas as vantagens do mundo, e o tênis brasileiro será assunto durante a semana inteira. Não deixa de ser algo bom, mesmo que o resultado não venha a ser dos melhores.
– Os outros confrontos dos playoffs são (cito primeiro os times que jogam em casa) Índia x Sérvia, Israel x Argentina, Canadá x Colômbia, EUA x Eslováquia, Austrália x Uzbequistão, Holanda e Croácia e Ucrânia e Bélgica.
– Há quatro times das Américas nos playoffs. Argentina, EUA, Canadá e Colômbia. Um deles cairá certamente (Canadá e Colômbia se enfrentam). É interessante torcer para que Argentina e EUA vençam. Caso contrário, a vida de Bellucci e cia. ficará complicada já no começo de 2015. Existe até o risco, embora pequeno, de o Brasil perder o status de cabeça de chave no Zonal.
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