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Saque e Voleio

Perdas importantes na Copa Davis

Alexandre Cossenza

26/03/2014 06h30

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Thomaz Bellucci não disputará o confronto contra o Equador, válido pela Copa Davis, de 4 a 6 de abril. O duelo será na cidade de Guayaquil, que tem clima quente e bastante úmido nesta época do ano. É uma perda importante, mas sejamos sinceros: dado o histórico do número 1 do Brasil em torneios com calor e umidade, é melhor que seja assim. Bellucci teve problemas físicos em Melbourne (que nem sempre é úmida, mas estava assim naquele dia), Buenos Aires e Miami este ano. E não esqueçamos o episódio em Chennai, na Copa Davis.

"Jogar a Copa Davis sempre foi uma prioridade para mim. Foi uma decisão muito difícil, mas tenho que pensar na minha saúde neste momento e achar uma solução para este problema. Minha equipe técnica e médica me aconselharam a não jogar e o João (Zwetsch, capitão brasileiro) compreendeu perfeitamente a minha situação. Então, me sinto mais seguro em abrir mão da Copa Davis e não trazer nenhum prejuízo para a equipe, caso o problema volte a acontecer".

A explicação de Bellucci faz sentido. É bem provável, também, que o paulista e seu time tenham considerado a possibilidade de um grande dano de imagem caso ocorresse outro problema físico. O mais importante do comunicado enviado pela assessora de imprensa de Bellucci, no entanto, é outro ponto: a decisão de finalmente parar, buscar um diagnóstico definitivo e tratar um problema que existe há anos. Bellucci, afinal, não pode se dar o luxo de montar um calendário que não inclua cidades com muita umidade. Leiam a frase de seu médico, Gustavo Magliocca, que também é colaborador do programa Bem Estar, da Rede Globo. É aí que entra a segunda "perda importante" deste post.

"Como já dissemos, o Thomaz tem uma perda hídrica importante. Precisaremos de pelo menos duas semanas de testes para melhor investigar tais sintomas e propor uma melhor relação de reposição energética e hídrica."

De certo modo, a frase do médico vem em um tom um pouco diferente do que foi afirmado uma semana atrás, quando Bellucci abandonou sua partida na primeira rodada do qualifying em Miami (ele jogava contra o belga Ruben Bemelmans).

"Já identificamos que o Thomaz tem uma perda hídrica importante, mas ainda faltam algumas avaliações para determinarmos a melhor reposição possível. São pequenos ajustes necessários para ele alcançar o seu melhor, já que está com uma boa condição física".

A primeira declaração falava em "melhor reposição" e "pequenos ajustes". A mais recente, em "investigar sintomas" e "pelo menos duas semanas de testes". Não são exatamente a mesma coisa. Assim, com o duelo em solo equatoriano (ou seja, longe de São José do Rio Preto, um dos lugares mais secos do país, o que ajuda a explicar a preferência da CBT pela cidade), faz sentido que Bellucci fique fora. O time terá Rogerinho, Guilherme Clezar, Bruno Soares e Marcelo Melo.

Sobre a equipe, lamento também a ausência de João Souza, o Feijão, que possui mais experiência que o estreante Clezar. Ao mesmo tempo, é difícil imaginar um cenário mais favorável para a primeira participação oficial do jovem gaúcho, que tem 21 anos. É um confronto ganhável, contra uma equipe que tem como melhor tenista Emilio Gomez, (filho de Andres Gomez) número 249 do mundo. Além disso, Clezar terá no banco João Zwetsch, que também é seu treinador pessoal.

Volto a falar sobre o time, com mais detalhes, em um outro post, depois que falar com Zwetsch sobre o processo de montagem do time.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.