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Saque e Voleio

Um trio de trapalhadas

Alexandre Cossenza

11/03/2014 13h55

Não que fosse esta a intenção, mas a arbitragem anda falhando tanto em Indian Wells que os últimos dias acabaram criando uma espécie de Semana da Perseguição aos Árbitros aqui no blog. Desta vez, quem falhou (e feio!) foi o conceituado árbitro Mohamed Lahyani. O simpático sueco cometeu três erros na partida entre o britânico Andy Murray e o tcheco Jiri Vesely. Veja no vídeo:

 

No primeiro ponto, o juiz de linha aponta bola dentro de Vesely, mas Lahyani chama bola fora. O tcheco, então, pede o replay, que mostra a bola quicando em cima da linha. Ponto para Vesely. No lance imediatamente (!) seguinte, o juizão erra de novo. Murray manda um backhand na paralela, e o juiz de linha grita bola fora. Lahyani, rapidamente, grita "correção, a bola foi boa". Vesely nem pisca e pede o Hawk-Eye outra vez. Novamente, o replay comprova o erro do árbitro.

A falha mais grave, contudo, veio no tie-break do primeiro set. Com o placar em 2/1 para o adversário, Murray joga uma bola para o alto, e Vesely não espera a bola passar pela rede para rebatê-la. A câmera no meio da quadra mostra nitidamente que o tcheco cometeu a infração, e Lahyani não viu. O campeão de Wimbledon questionou, mas não é possível usar o replay para lances deste tipo. Murray perdeu o tie-break, mas venceu de virada: 6/7(2), 6/4 e 6/4.

E não foi só Andy Murray que teve problemas com a arbitragem na última rodada. Maria Sharapova teve um desafio "roubado". Ao levantar os braços para reclamar de um grito que veio de fora da quadra, a russa teve seu gesto interpretado como um pedido de replay. A portuguesa Mariana Alves, árbitra de cadeira da partida, acionou o Hawk-Eye sem que esta fosse a intenção de Sharapova.

A ex-número 1 do mundo, no entanto, só queria reclamar de uma chamada de bola fora que veio, aparentemente, do box onde estava a equipe de sua adversária, a italiana Camila Giorgi. Alguém ali gritou bola fora antes do juiz de linha. Como a bola saiu de fato, não fez diferença e, portanto, a queixa de Sharapova não lhe daria o ponto de volta. Ela, no entanto, ficou sem o replay. Veja no vídeo acima.

Em um jogo com muitas quebras de saque, Giorgi surpreendeu e eliminou Sharapova em três sets:6/3, 4/6 e 7/5

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Coisas que eu acho que acho:

– Andy Murray teve outro daqueles dias em que pouca coisa dá certo, mas escapou da eliminação porque Vesely cometeu muitos erros bobos sempre que esteve perto de fechar o jogo. Entre essas falhas, uma meia dúzia de smashes nada complicados. O britânico, contudo, não deixou seus fãs muito animados. Seu próximo desafio, nas oitavas de final, será contra o canadense Milos Raonic.

– Enquanto isso, Roger Federer precisou de dois tie-breaks para eliminar o russo Dmitry Tursunov: 7/6(7) e 7/6(2). Apesar do placar apertado, jamais tive a sensação de que o suíço não esteve no controle das ações. Federer vem jogando um belíssimo tênis desde Melbourne e já acumula vitórias sobre Djokovic, Murray e Berdych em 2014. Um começo de ano muito superior ao de 2013.

– Rafael Nadal não escapou da zebra e tombou diante de Alexandr Dolgopolov em três sets: 6/3, 3/6 e 7/6(5). O número 1 do mundo não joga um tênis eficiente com consistência desde o Australian Open – e nem em Melbourne encantou seus fãs, a não ser nas vitórias sobre Monfils e Federer. No saibro do Rio, foi pouco exigido e, ainda assim, precisou salvar match points contra Pablo Andújar. Em Indian Wells, penou na estreia contra Radek Stepanek e pagou o preço de sua inconsistência contra Dolgopolov. E o ucraniano ainda deu chances, vacilando quanto sacou em 5/3 no terceiro set. No tie-break, Nadal abriu 4/2 e, mais tarde, errou uma bola nada complicada no 5/5. Dolgo avança para encarar Fognini.

– Importante notar: em 2013, Nadal somou 1.900 pontos até o fim de Indian Wells. Este ano, acumulou 1.995. Caminhos diferentes, números parecidos. Este ano, o espanhol ainda disputará o Masters de Miami, algo que não fez no ano passado. Assim, deve terminar o mês de março com mais pontos do que na temporada anterior. Resta saber o que Djokovic, com caminho livre em Indian Wells, somará este ano. Em 2013, o sérvio somou 2.860 até o fim do torneio californiano. Este ano,
tem 540 e pode chegar a 1.540.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.