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Saque e Voleio

O Rio Open em 20 drop shots

Alexandre Cossenza

25/02/2014 08h00

Foi uma semana corrida, com dois torneios (um WTA e um ATP), jogos sem parar, muito calor e um bocado de entrevistas. O Rio Open teve partidaças, elogios, reclamações, homenagens e até um curioso apagão. Como não dá para fazer post sobre tudo, o trago mais uma edição dos drop shots, que são um punhado de reflexões rápidas sobre o que aconteceu na semana. Confira!

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– Palmas para Rafael Nadal, que continua soberano no saibro. O número 1 do mundo chegou ao Rio de Janeiro pouco treinado, mas só foi ameaçado de fato em uma partida. Salvou os match points contra Pablo Andújar, foi sólido na final e saiu do Brasil com mais um troféu. São 500 pontos na conta. Na prática, defende o que conquistou em 2013, em Acapulco.

– A campanha mais impressionante do torneio, contudo, veio do vice-campeão, Alexandr Dolgopolov. Estreou derrotando Nicolás Almagro, com direito a pneu no terceiro set, aplicou 6/1 e 6/1 em Fabio Fognini nas quartas de final, e deu um banho em David Ferrer nas semis. Só não conseguiu superar o maior dos desafios do tênis atual (bater Nadal no saibro). E Dolgo ainda pediu paz na Ucrânia em seu discurso. O homem sai do Rio de Janeiro em alta.

– Dentro de quadra, tudo correu bem. Houve ótimos jogos e grande atuações. Thomaz Bellucci merece destaque. Vinha de problemas físicos em Melbourne e Buenos Aires e venceu dois jogos de virada (à noite, é verdade) contra bons adversários. A campanha no Rio pode ser um ponto de partida para uma bela arrancada. E a chave de do Brasil Open, em São Paulo, é convidativa.

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– Teliana Pereira viveu dias de popstar. Em uma das coletivas, viu o número d e jornalistas e se espantou: "Tudo isso para mim?" A número 1 do Brasil jogou bem, aproveitou-se de uma chave nada forte e foi até as semifinais. Um grande – e necessário – resultado para suas pretensões de estar no top 100. Hoje, a brasileira é a número 103 na lista da WTA.

– As duplas de Bruno Soares e Marcelo Melo fizeram bons torneios. Quando jogaram na Quadra 1, com a torcida empurrando, venceram. As duas derrotas vieram na Central, quase deserta, para os colombianos Robert Farah e Juan Sebastian Cabal, que ficaram com o título.

– Falando em quadras desertas, a presença do público foi um tanto decepcionante – especialmente considerando que todos bilhetes foram vendidos. Não só pelas rodadas diurnas, com a Quadra Central vazia, mas também pelo grande número de assentos desocupados nos horários nobres, mesmo com Rafael Nadal em quadra. O diretor do Rio Open, Lui Carvalho, já fala em diminuir a quantidade de entradas distribuídas a patrocinadores.

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– O calor entra nessa conta, claro. É muito difícil ficar parado por duas, três horas debaixo do sol em uma quadra de tênis. Durante o dia, não era difícil perceber que, em alguns momentos, havia mais gente fora da quadra (comendo, fazendo compras ou buscando sombra) do que vendo alguma partida na Central. E fez muito calor no Rio de Janeiro na última semana.

– A organização teve problemas para montar as programações diárias porque, entre outros motivos, comprometeu-se a encaixar dois jogos da WTA por dia na Quadra Central. Ficou difícil para encaixar os duplistas brasileiros no maior palco. A sexta-feira foi o melhor exemplo. Com Bellucci e Teliana ainda vivos no torneio, não houve como não escalar tenistas da casa em horários de pouco público. Soares entrou às 11h e jogou uma semifinal para pouco mais de cem pessoas. Teliana atuou em seguida, e o público não foi muito melhor.

– A umidade foi um adversário para os tenistas no Rio. Tanto que Thomaz Bellucci fez uma mudança em sua rotina pré-saque. Em vez de guardar uma bola no bolso, o paulista ia para o primeiro saque só com uma bolinha na mão. Caso errasse, pedia outra para um boleiro. Na última coletiva, explicou: "quando colocava a mão no bolso, molhava a mão, molhava a bola, molhava tudo."

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– O apagão de sexta-feira foi o momento mais lamentável do torneio. Até porque a coincidência era enorme: a queda de luz veio logo depois de Bellucci ser quebrado no terceiro set; a IMX, promotora do torneio, também é a empresa que agencia a carreira do brasileiro; a Light é parceira do Rio Open; e, claro, fica a vergonha de ver um ATP 500 parado por falta de iluminação. É de chorar.

– O acesso à Quadra Central não era dos melhores. Os corredores eram estreitos e não permitiam mais de duas pessoas lado a lado. Para piora, frequentemente as moças que controlavam se posicionavam ali dentro, o que demorava ainda mais o processo de entrada e saída nos intervalos. Uma situação tragicômica que presenciei: uma dessas moças, dentro do corredor (bloqueando o espaço), pedindo aos fãs que subissem as escadas mais rápido "senão ninguém entra".

– A pior sensação que tive no Rio Open foi sair do torneio na quinta-feira, ao fim da rodada, já depois da meia-noite, e não encontrar um carrinho de serviço para levar minha mãe até um ponto de táxi. Perguntamos e fomos informados que o serviço já não estava mais disponível. Fomos andando (uns bons 300 metros, nada curto para uma senhora de mais de 70 anos que comprou ingresso e passou algumas horas vendo tênis) até a saída. No caminho, um carrinho de serviço passou por nós, levando cinco jovens e robustos funcionários…

– Muitas das falhas do torneio foram abordadas nesta entrevista que fiz com o diretor do Rio Open. Leiam!

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– O torneio não precisava, mas fez duas belas homenagens. Uma a Maria Esther Bueno, outra a Gustavo Kuerten. Em uma edição inaugural, o Rio Open deu valor aos nomes que fortaleceram o tênis no país e que, mesmo de forma muito indireta, contribuíram para o nascimento de um terceiro evento grande no Brasil.

– Guga entregou o troféu a Rafael Nadal. Ponto para o torneio.

– Na loja da Asics, um dos modelos antigos de Bruno Soares era vendido pelo mesmo preço da camiseta que o duplista número 1 do Brasil veste atualmente. Fora do torneio, qualquer loja cobra menos. Coincidência ou não, todas as etiquetas de preço desse modelo haviam sido removidas na loja da Asics dentro do Rio Open.

– No estande do Utaú, um jogo de tênis virtual estimulava um ranking de pontos que foram transformados em raquetes doadas à Tennis Route. Fernando Chacon, diretor executivo de marketing do Itaú, fez a entrega simbólica de cem raquetes para o Instituto representado por Rogério Melzi e Walter Preidikman, o Gringo.

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– Vale lembrar da humildade de Rafael Nadal nesta declaração aqui.

– A fase de Schiavone é tão ruim que sobrou para um repórter.

– Se você não esteve no Rio Open, faça um tour comigo no vídeo abaixo.

– Já estou em São Paulo e ainda hoje faço o primeiro texto sobre o renovado Brasil Open, que tenta apagar a imagem da edição 2013, repleta de falhas.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.