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Saque e Voleio

A vitória que faltava para Bellucci

Alexandre Cossenza

18/02/2014 06h00

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Thomaz Bellucci não fez uma partida espetacular. Houve duplas faltas, erros bobos, golpes precipitados… Um pouco de tudo do que nos acostumamos a ver do paulista no circuito mundial. Mesmo assim, o brasileiro, atual número 130 do mundo, manteve-se com chances diante de um Santiago Giraldo que arriscava pouco e mostrava – mais uma vez – um segundo serviço frágil.

Bellucci perdeu o primeiro set, ficou uma quebra atrás no segundo, mas nunca deu a impressão de estar fora da partida. Insistiu, ganhou uma quebra quase grátis para voltar ao jogo e aproveitou a chance que teve. Reduziu os erros, forçou o terceiro set e, quando o oponente mostrou-se mental e fisicamente mal, o brasileiro foi lá e fechou o jogo. Game, set, match, Bellucci: 3/6, 6/4, 6/3.

Mais importante do que um triunfo sobre Santiago Giraldo ou quem quer que fosse (e muito mais importante do que os pontos obtidos ao avançar às oitavas de um ATP 500) foi a maneira com que veio a vitória. Foi o que lhe fez muita falta no segundo semestre de 2013 – a capacidade de sair da quadra comemorando após jogos equilibrados, decididos em terceiros sets parelhos.

A chave, agora, lhe é favorável. Seu próximo adversário será Horacio Zeballos, que não tem um resultado relevante há algum tempo, ou Juan Mónaco, que não vence desde agosto do ano passado (nem em simples nem em duplas!). Não é difícil imaginar Bellucci nas quartas de final do Rio Open. Se derrotar um instável Giraldo não é prova definitiva de que o número 1 do Brasil (ele volta ao posto simbólico na semana que vem) voltará brigar por títulos, pode ser apenas um bom começo. E, no momento atual, talvez seja tudo que Bellucci precise.

Coisas que eu acho que acho sobre os brasileiros:

– O pequeno público que esteve na Central para ver Laura Pigossi sentiu a grande diferença de nível entre a brasileira, número 264 do mundo, e a espanhola Silvia Soler-Espinosa, 77ª do ranking, que venceu por 6/0 e 6/1. Quando saí da quadra (no 4/1 do segundo set), vi que havia mais gente vendo o treino de Rafael Nadal e João Sousa (o português!) do que na Central vendo ao brasileira.

– Bia Haddad, em momento algum, teve chance de vitória. Voltar de uma longa ausência logo em um torneio de nível WTA era uma tarefa complicada. A paulista ainda sentiu cãibras, o que dificultou ainda mais.

– Feijão teve uma partida ganhável contra Facundo Bagnis, mas desperdiçou a vantagem de uma quebra de saque no primeiro set e permitiu a virada do adversário. O brasileiro venceu a segunda parcial, mas viu Bagnis mais sólido e sacando melhor no set decisivo. A chance passou.

– Foi um grande risco escalar todos brasileiros da chave de simples no primeiro dia de jogos do ATP do Rio. Havia uma possibilidade nada desprezível de o torneio ver todos tenistas da casa eliminados. Até o fim do jogo de Bellucci, era exatamente isso que vinha acontecendo.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.