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Saque e Voleio

Nota máxima no primeiro teste de Federer

Alexandre Cossenza

20/01/2014 10h45

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Depois de três jogos fáceis, Roger Federer finalmente teria um desafio à altura no Australian Open. Em tese. Jo-Wilfried Tsonga, afinal, eliminou o suíço em Roland Garros, fez um belo jogo de cinco sets contra Federer em Melbourne no ano passado, tem um tênis agressivo… Resumindo: o francês tem todas as armas para derrotar o ex-número 1 do mundo.

Repito: apenas em tese. Depois do primeiro saque, ficou claro que Federer estava em um "daqueles" dias. Aqueles que nos fazem lembrar de 2005, 2006, 2007, quando o então número 1 do mundo possuía aquela aura de invencibilidade. Seu forehand destruía adversários, seu slice mudava o tom de partidas, suas subidas à rede eram mortais. Pois foi exatamente assim nesta segunda-feira. O suíço ditou o ritmo, agrediu mais (e com mais precisão) do que Tsonga, errou menos e cedeu apenas um break point. O placar final, 6/3, 7/5 e 6/4, não reflete a enorme superioridade do ex-número 1 do mundo na Rod Laver Arena.

Passado o primeiro teste, no qual Federer mereceu nota máxima, é a vez de o suíço encarar Andy Murray. E as quartas de final do Australian Open estão bem interessantes, com duelos de estilos em todos os confrontos. Vejamos, um por um, o que esperar da próxima fase do primeiro Grand Slam de 2014:

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[1] Rafael Nadal x Grigor Dimitrov [22]
O triunfo sobre Kei Nishikori não mostrou a melhor atuação de Nadal em Melbourne. O espanhol até errou um smash fácil em um break point! Não quer dizer, contudo, que o número 1 tenha se apresentado mal. O japonês é que fez três sets bastante bons, forçando o favorito a se defender mais do que o desejado. Nos momentos importantes, contudo, Nadal sempre foi superior. Pela experiência, pelo forehand cruzado que incomoda backhands de uma mão só e pelo ótimo condicionamento, é favorito para alcançar as semifinais.

Dimitrov deu mais um passo adiante na carreira quando derrotou Roberto Bautista Agut e alcançou as quartas de um Slam pela primeira vez na vida. Agora, terá um desafio gigante para seu backhand, para sua consistência e, principalmente, para seu físico, que até o ano passado mostrou-se problemático em jogos equilibrados e mais longos. Será uma grande surpresa se avançar aqui.

[4] Andy Murray x Roger Federer [6]
Derrotar o lucky loser Stéphane Robert nas oitavas não foi grande obstáculo para Andy Murray, apesar dos quatro match points desperdiçados e um set perdido – tudo isso na terceira parcial. O britânico, aliás, só derrotou um top 100 até agora neste Australian Open. Difícil saber como o campeão de Wimbledon vai se portar em uma partida mais longa, na qual certamente precisará se defender um bocado. Sua vantagem, pelo que declarou até agora, é entrar sem se cobrar muito, já que está voltando de uma cirurgia nas costas, e qualquer vitória é lucro. A não ser, claro, que o jogo fique complicado, e Murray desista mentalmente antes da hora.

Pelo que mostrou contra Tsonga, Federer é o favorito aqui. É preciso lembrar, entretanto, que seu backhand será mais exigido pelo escocês e que Murray é um tenista um tanto mais veloz que Tsonga. Por isso, pode ser mais difícil para o suíço controlar os pontos e chegar à rede em ótimas condições – algo que aconteceu com frequência na vitória desta segunda-feira. Além disso, qualquer dificuldade em seu serviço será explorada pelas ótimas devoluções do britânico. O que quer que aconteça, é promessa de jogão.

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[7] Tomas Berdych x David Ferrer [3]
Tudo bem, não foi a chave mais forte do mundo para Tomas Berdych, mas o tcheco cedeu apenas quatro break points no torneio até agora. Em 12 sets disputados, não sofreu uma quebra sequer. Além de inteiro fisicamente, o cabeça 7 parece estar com a confiança em alta. É meu favorito para chegar às semifinais.

Ferrer, por sua vez, não passou nenhum sufoco até chegar às quartas. Perdeu um set para Adrian Mannarino, outro para Florian Mayer, mas jamais teve sua sequência no torneio ameaçada. Diante de Berdych, o espanhol leva a vantagem nos confrontos diretos: 7 a 4, inclusive quatro vitórias em quadras duras. É, sem dúvida, um jogo difícil de prever.

[8] Stanislas Wawrinka x Novak Djokovic [2]
Outra chance para o suíço conquistar uma vitória realmente relevante sobre Novak Djokovic. Wawrinka chegou perto no Australian Open do ano passado, naquele jogaço que terminou por 12/10 no quinto set para o sérvio. No US Open, em setembro, abriu 2 sets a 1, mas sucumbiu outra vez (6/4 no quinto).

Em um dia bom, ninguém duvida que Wawrinka tenha tênis para derrotar o atual número 2 do mundo. O grande "se" da questão é o aspecto mental, a maior barreira para o suíço. Djokovic é muito mais forte neste quesito e, por isso, é capaz de segurar a onda quando as coisas não vão para o seu lado. Nole, portanto, é o favorito para derrotar Wawrinka pela 16ª vez em 18 duelos.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.