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Federer e Edberg: velha tática, novos resultados?

Alexandre Cossenza

27/12/2013 19h41

Federer_Londres_reuters_blog

Roger Federer terá Stefan Edberg como seu treinador em 2014. O anúncio, feito nesta sexta-feira, avisava que o sueco fará parte do estafe do suíço durante pelo menos dez semanas da temporada. A parceria, que agitou o mundo do tênis em um dia nada empolgante, começará no Australian Open.

De cara, a contratação de Edberg é um ótimo indicativo para os fãs do suíço. Afinal, quem muda ou contrata técnico mostra que está insatisfeito com algo e disposto a mudar, evoluir. Federer, com 32 anos e atual número 6 do mundo, deixa bem claro, assim, que não está nada feliz com seu status quo. O suíço ainda quer vencer grandes torneios e fazer mais do que fez em 2013. E isso é ótimo.

Antes de falar um pouco mais sobre Edberg, é bom lembrar que a temporada ruim do ex-número 1 do mundo não tem tanto a ver assim com o antigo treinador, Paul Annacone. Federer teve um período de férias de pouco descanso, jogando exibições aqui e ali, e optou por um calendário reduzido. Só que menos torneios dão a um tenista menos chance de ganhar ritmo, e o suíço sentiu isso nos jogos realmente grandes, diante de rivais mais fortes.

Edberg_Masters_atp_blogJuntando a falta de vitórias a um par de lesões e a uma questionável opção por experimentar uma nova raquete no meio da temporada, Federer não se encontrou até o fim do ano. Suas melhores atuações vieram no pós-US Open, na temporada de quadras indoor, que oferecem as melhores condições para seu tênis. Ainda assim, o suíço não conquistou títulos, amargando eliminações diante de Juan Martín del Potro na Basileia, Novak Djokovic em Paris, e Rafael Nadal em Londres.

E é aí que entra Edberg. Mesmo com tudo funcionando em seu tênis, Federer encontra mais e mais problemas diante da consistência e da velocidade de rivais mais jovens – Nadal e Djokovic, especialmente. Em 2013, o suíço já tentou táticas agressivas contra ambos, e até com certo sucesso. Tirou um set de Rafa em Cincinnati, e venceu parciais contra Nole em Paris e Londres. Nos três casos, porém, não sustentou o desempenho por muito tempo e saiu derrotado.

Uma semana atrás, depois de passar alguns dias batendo bola e trocando ideias com Federer em Dubai, Edberg disse que o suíço pensava em tentar coisas novas. Naquela mesma ocasião, o sueco afirmou ter sugerido um estilo mais agressivo, uma tática que evitasse ralis contra Nadal e Djokovic. É o que Federer já vinha tentando, afinal.

Por isso, a parceria torna-se intrigante para quem está olhando de fora – todos nós, na verdade. Afinal, se Edberg sugere o mesmo e ainda assim o suíço quis tê-lo a seu lado, é porque Federer acredita que a união dará certo. E mais do que isso: é bem possível que Edberg tenha dado a entender que existe uma forma diferente – e mais eficaz – de implementar uma tática que, na essência, é a mesma de antes: atacar e encurtar pontos. A chave do sucesso, no fim das contas, reside aí: juntos, Federer e Edberg são capazes de conseguir novos resultados contra Nadal e Djokovic utilizando a mesma estratégia?

Sem ir na toalha (para ler em até 25 segundos):

– Do jeito que estamos agora, Novak Djokovic é treinado por Boris Becker, Andy Murray tem Ivan Lendl no seu box, e Roger Federer acaba de acertar com Stefan Edberg. Os anos 80 estão na moda outra vez, ao que tudo indica. O próximo passo é um DJ de torneio embalar o público ao som de New Order ou Joy Division. Ou será que Rock Me Amadeus voltará a ser um hit mundial?

– Andy Murray foi espirituoso no Twitter ao abordar o assunto, incluindo uma hashtag que se traduziria como "meu técnico é melhor que o seu, nanananana".

 

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.