Andy Murray: em Xangai, outro passo à frente
Melhor que ontem, pior que amanhã. Andy Murray não usou essas palavras, mas seu retorno ao tênis vem sendo assim: uma evolução constante, ainda que vagarosa, e que dá a seus fãs a esperança de vê-lo novamente brigar por títulos no futuro. A participação no Masters 1000 de Xangai foi mais um pequeno trecho dessa estrada.
Depois de uma derrota em um jogo duro com De Minaur em Zhuhai, Murray anotou um importante triunfo contra Matteo Berrettini, número 13 do mundo, no ATP 500 de Pequim, onde alcançou as quartas após superar também Cameron Norrie. Perdeu em seguida para Dominic Thiem – um resultado mais do que esperado diante de um top 10 que conquistaria o torneio dias depois.
Em Xangai, Murray caiu na segunda rodada, mas contra Fabio Fognini, número 12 do mundo, no tie-break do terceiro set, em uma partida cheia de pequenas coisas que mostram o quanto o britânico já evoluiu desde agosto, em Cincinnati, quando fez seu primeiro jogo de simples em sete meses e não deixou seus fãs tão otimistas assim.
A lista de melhorias é encabeçada por dois elementos que fizeram de Murray um tenista muito eficiente por muito tempo: movimentação e backhand. A cada dia que passa, o escocês desloca-se melhor e mais rápido em quadra. Isso ficou nítido contra Fognini (e também contra Londero, na partida anterior, uma vitória por 2/6, 6/2 e 6/3), numa quadra um tanto rápida – a mais veloz em que atuou desde seu retorno. Vejam um exemplo no ponto abaixo.
Mas não foi só correr atrás da bolinha que colocou Murray em boa posição para vencer o jogo (o britânico sacou para a partida duas vezes no terceiro set). Seu backhand esteve afiado e distribuindo a bola e isso, sim, teve peso considerável na partida. Assim como o forehand, que nunca foi sua arma principal e ainda deixa a desejar, mas já é possível ver Andy agredindo mais e jogando mais perto da linha de base, jogando com bolas mais profundas. Tudo isso, aos poucos, vai se encaixando como antes.
É bem verdade que faltou tênis na hora de fechar o jogo, mas isso tem um pouco a ver com o longo tempo sem jogar partidas assim, equilibradas em um nível um tanto alto. Além disso, é preciso dar mérito a Fognini, que encaixou devoluções vencedoras nos momentos mais importantes – duas delas, no 6/5 no terceiro set, foram as principais responsáveis por forçar o tie-break final.
Outro ponto positivo de Xangai para Murray: foram 3h09min de duelo com Fognini, e o ex-número 1 não mostrou sinal algum de cansaço no fim. Mostrou, sim, irritação com o adversário quando Fognini gritou durante um voleio. E, sejamos sinceros, a discussão e o já viral "shut up" (sim, Andy mandou Fabio calar a boca! – veja abaixo) são mais evidências de que o Andy Murray de hoje está cada vez mais perto "daquele" Murray.
Coisas que eu acho que acho:
– Por conta da semana em Campinas (e do fuso horário, obviamente), não consegui acompanhar a campanha de Djokovic no ATP 500 de Tóquio, Por isso, a ausência de um post sobre o sérvio e seu esforço para terminar o ano como número 1 do mundo.
– Escrevi no domingo, mas não custa lembrar: ainda publicarei aqui entrevistas com Patricio Arnold e Marcelo Zormann. São as duas últimas de Campinas.
– Apoiadores do blog tiveram acesso exclusivo aos áudios das conversas que tive em Campinas. Junto com a newsletter semanal, brindes sorteados ao fim de cada mês e eventuais descontos e promoções em artigos, é mais um benefício para quem conhece e contribui com o blog.
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