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Saque e Voleio

Djokovic e a lesão que pode mudar o torneio

Alexandre Cossenza

29/08/2019 10h26

Em forma, Novak Djokovic é favoritíssimo para qualquer torneio em quadra dura. Conquistou o US Open do ano passado numa final sem sustos contra Juan Martín del Potro e levantou o troféu do Australian Open de 2019 dominando Rafael Nadal na decisão. Não por acaso, era – e ainda é – o favorito das casas de apostas para o US Open que começou nesta semana. No entanto, uma lesão no ombro esquerdo, que ficou mais do que nítida durante a partida contra Juan Ignacio Londero, ameaça sua campanha em Nova York.

Ainda assim, o número 1 do mundo venceu o duelo por 3 sets a 0, mas o desconforto era óbvio, tanto na hora de executar o backhand quanto no saque – ao arremessar a bola com o braço esquerdo – e as consequências ficaram registradas nos números do jogo. Djokovic teve seu saque quebrado cinco vezes – em todos os games em que enfrentou break points. Recebeu atendimento médico em ocasiões diferentes e, depois do jogo, admitiu a seriedade da coisa. Vejam algumas de suas declarações:

"Causou incômodo ao meu jogo, sem dúvida, especialmente no saque e no backhand. Não foi fácil jogar com esse tipo de sensação. Não passei por isso muitas vezes na minha carreira."

"Provavelmente, vou congelar meu braço por 48 horas e ver o que acontece."

"É uma sensação nova, que me incomoda há quase duas semanas. Tive dias com dor mais intensa e dias com ela menos intensa. Vem variando muito, aumentando e diminuindo. O que aconteceu hoje em quadra, como eu me senti, foi duro e imprevisível. Espero que com os devidos tratamentos, eu consiga estar em uma condição melhor do que hoje dentro de alguns dias."

Ao que parece, Djokovic tem uma corrida contra o tempo para se recuperar e chegar à segunda semana do torneio – quando será testado de verdade – em condições físicas ideais. Vale lembrar que sua chave não é tão simples. O sérvio pode encontrar Stan Wawrinka nas oitavas de final, Daniil Medvedev nas quartas e Roger Federer na semi. Com o nível de dor que incomodou na partida contra Londero, é difícil imaginar Djokovic atravessando essa estrada sem problemas. Chegou a hora de os médicos e fisioterapeutas justificarem seus salários.

Mau tempo ajuda, mas nem tanto

Se serve de consolo, a chuva que persistiu durante toda a quarta-feira dará a Djokovic alguma vantagem em seu próximo desafio. Com o privilégio de atuar no Estádio Arthur Ashe, que tem teto retrátil, ele terá um dia a mais de descanso que seu próximo adversário, que sairá do jogo entre Denis Kudla, #111, e o sérvio Dusan Lajovic, #29. Eles tiveram seu encontro remarcado para esta quinta-feira (será ao meio-dia de Brasília, na Quadra 7).

O mau tempo, porém, não deve fazer muito mais pelo sérvio. A previsão de chuva é pequena para os próximos dias e, mesmo que voltasse a pingar em Flushing Meadows, Djokovic será sempre escalado para uma quadra com teto retrátil, o que significa que ele provavelmente não terá dias extras de descanso depois da terceira rodada.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.