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Djokovic salva dois match points, bate Federer e fatura o penta na final mais longa da história de Wimbledon

Alexandre Cossenza

14/07/2019 15h07

Derrotar Novak Djokovic exige algo especial. Tetracampeão de Wimbledon, atual número 1 do mundo, dono da melhor devolução do planeta e de um tênis sólido, o sérvio entrou na Quadra Central como favorito das casas de apostas neste domingo. E se alguém poderia apresentar algo extraordinário para superá-lo, a pessoa ideal para isto estava do outro lado da rede: Roger Federer, que vinha de uma exibição impressionante diante de Rafa Nadal.

O suíço tentou de tudo. Usou slices, subiu à rede, manteve os pontos curtos e sacou tão bem que passou os três primeiros sets sem ceder break points. Djokovic, porém, foi implacável. Errou pouco, jogou três tie-breaks perfeitos e foi preciso nos raros momentos ruins do oponente, salvando dois match points. No fim, triunfou por 7/6(5), 1/6, 7/6(4), 4/6 e 13/12(3), conquistando seu quinto título de Wimbledon e o 16º troféu de slam na carreira no que foi a final de simples mais longa da história de Wimbledon, com 4h57min* de duração.

Nole também ampliou sua vantagem em confrontos diretos contra Federer. Em 48 jogos, ele soma 26 vitórias contra 22 do rival. Foi a terceira vez que os dois se encontraram numa final de Wimbledon, e Djokovic venceu todas. Em 2014, precisou de cinco sets. Em 2015, venceu em quatro.

Djokovic erra menos e sai na frente

O primeiro set foi parelho, com os saques levando ampla vantagem. O único break point da parcial veio no terceiro game, após dois erros de Djokovic. O número 1, porém, se salvou com dois saques perfeitos e confirmou o serviço logo em seguida. Sem mais chances, a decisão veio no tie-break, onde a solidez do sérvio foi recompensada. Federer chegou a sacar em 5/3, mas cometeu quatro erros segundos (apenas um forçado), e o placar final mostrou 7/6(5) para o tetracampeão.

Federer responde rápido

Roger fazia um jogo taticamente excelente, sacando bem, usando slices para tirar o rival do fundo de quadra e atacando com frequência para manter os pontos curtos, não dando ritmo para Djokovic, que gosta de pontos mais longos. A execução foi recompensada com erros do sérvio logo no primeiro game do segundo set. Enquanto Nole errava, Federer disparava na frente. Com uma direita vencedora, chegou a mais uma quebra no terceiro game e, em seguida, rapidamente abriu 4/0. Com o suíço sacando bem, a chance de Nole se recuperar na parcial era pequena, e ele não fez tanto esforço assim. Com uma dupla falta no sétimo game, o sérvio foi quebrado mais uma vez, dando números finais à parcial: 6/1.

Djokovic salva set point e toma a frente

O terceiro set foi parecido com o primeiro. Djokovic não conseguia agredir com sua devolução, e Federer seguia confirmando seus serviços sem problemas. O jogo ganhou em drama com o único break point da parcial, que veio no décimo game – também um set point. O número 1, entretanto, se salvou com um belo saque. A decisão, mais uma vez, só veio no tie-break e, novamente, erros de Federer complicaram a vida do suíço. Djokovic, que só cometeu sete falhas em toda a parcial, aproveitou. Abriu 5/1 e fechou em 7/6(4).

Federer volta a quebrar

Pouco depois de sacar em "iguais" – o mais perto que esteve de ceder um break point até então – Federer voltou a ameaçar o serviço de Djokovic. O sérvio errou uma direita longa e cedeu um break point. Na sequência, pressionado por uma devolução funda de Roger, Novak errou uma esquerda e perdeu o saque. O suíço confirmou rápido em seguida e abriu 4/2. Assim como no segundo set, o momento ruim número 1 rendeu duas quebras seguidas ao rival. Desta vez, porém, Nole não entregou os pontos e seguiu lutando. No oitavo game, conseguiu finalmente quebrar o serviço de Federer. Mas se uma quebra foi tão difícil de conquistar, era demais querer duas seguidas. Federer confirmou, fez 6/4 e levou o jogo para o quinto set.

Perto da derrota, dois match points salvos

No quinto set, Djokovic já tinha mais sucesso nas devoluções. No quarto game, Federer precisou de três ótimos saques (um ace) para escapar de um trio de break points. No sexto, pressionado por bons retornos, errou três esquerdas e se viu sacando em 15/40. Na segunda chance, Djokovic encaixou uma passada de backhand e conseguiu a quebra para fazer 4/2. Perto da vitória, o sérvio vacilou. Sacou mal e, com uma direita longa, depois de um winner de Federer, também perdeu o serviço.

O jogo seguiu parelho e ganhou em drama. No décimo game, Federer ganhou um ótimo ponto na rede para evitar ceder um match point. No 11º, Nole mergulhou para volear e não precisar enfrentar um 15/40 (veja acima). No 12º, o suíço sacou em "iguais" e confirmou. No 15º, Djokovic abriu 30/0, mas errou duas direitas seguidas e cedeu break point. No ponto seguinte, foi à rede e tomou uma passada. Federer fez 8/7 e, com a chance de sacar para o jogo, também vacilou. Abriu 40/15, com dois match points, mas cometeu seguidos erros e perdeu o serviço. Djokovic ganhou moral e, depois de abrir 9/8, voltou a pressionar, mas Federer confirmou sem problemas para igualar em 9/9 e, depois, em 10/10 e 11/11.

Tie-break no quinto set decide título pela primeira vez

No 23º game, seu último de saque, Djokovic abriu 40/0, mas Federer jogou uma sequência espetacular para igualar o game. No ponto seguinte, após um belo rali, uma direita deu uma chance de quebra ao veterano. Nole subiu à rede e viu um slice do oponente sair por muito pouco.

A decisão só veio graças a uma regra nova. Com o placar empatado em 12/12, foi disputado pela primeira vez na história do torneio de simples masculino um tie-break no quinto set. Assim como nos outros dois games de desempate, Federer começou com um erro não forçado, dando um mini-break a Djokovic, que abriu 4/1. O suíço, no entanto, reagiu, confirmando seus dois saques e encostando em 4/3. Nole respondeu de forma implacável, abrindo 6/3. No ponto seguinte, uma madeirada de Federer deu o título a Novak Djokovic.

A final em números

Federer foi melhor em quase todos quesitos estatísticos. Fez mais aces (25 a 10), sacou melhor, ganhou mais pontos junto à rede e disparou 94 winners contra "apenas" 54 de Djokovic. O suíço, aliás, ganhou 15 pontos a mais do que o oponente ao longo da partida (218 a 203). O numero 1 do mundo, contudo, cometeu menos erros não forçados (52 a 61) e foi justamente por falhar menos nos tie-breaks que Novak fez a diferença neste domingo.

Maiores vencedores de slam

Novak Djokovic já disse que vai atrás do recorde de 20 slams de Federer, e o triunfo deste domingo, em Wimbledon, foi mais um passo importante. Agora, o sérvio tem 16 títulos em torneios deste porte – apenas quatro a menos que o suíço e dois a menos que Nadal.

1. 🇨🇭 Roger Federer – 20
2. 🇪🇸 Rafael Nadal – 18
3. 🇷🇸 Novak Djokovic – 16
4. 🇺🇸 Pete Sampras – 14
5. 🇦🇺 Roy Emerson – 12
6. 🇦🇺 Rod Laver – 11
6. 🇸🇪 Bjorn Borg – 11

O ranking

Com o resultado, Federer segue em terceiro lugar na lista da ATP – ele teria ultrapassado Nadal em caso de título. Djokovic segue na liderança, com mais de quatro mil pontos de vantagem. Veja abaixo como ficou o top 10 após o Torneio de Wimbledon:

1. 🇷🇸 Novak Djokovic – 12.415 pontos
2. 🇪🇸 Rafael Nadal – 7.945
3. 🇨🇭 Roger Federer – 7.460
4. 🇦🇹 Dominic Thiem – 4.595
5. 🇩🇪 Alexander Zverev – 4.325
6. 🇬🇷 Stefanos Tsitsipas – 4.045
7. 🇯🇵 Kei Nishikori – 4.040
8. 🇷🇺 Karen Khachanov – 2.890
9. 🇮🇹 Fabio Fognini – 2.785
10. 🇷🇺 Daniil Medvedev – 2.625

Sobre a duração da partida * – Este texto foi publicado originalmente relatando 4h55min como duração da final, refletindo o tempo exibido no site de Wimbledon momentos após o match point. O torneio, posteriormente, fez uma correção para 4h57min, e o blog fez o devido ajuste.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.