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Saque e pressão: como Federer pode derrotar Djokovic na final de Wimbledon

Alexandre Cossenza

13/07/2019 16h30

O histórico de confrontos entre Novak Djokovic, atual número 1 do mundo, e Roger Federer, terceiro do ranking, é equilibrado. São 25 vitórias do sérvio contra 22 do suíço. Recentemente, a rivalidade não tem sido tão parelha assim. Nos últimos dez encontros, Nole venceu oito – e esse período incluiu triunfos no saibro, em quadra dura indoor e outdoor e, sim, na grama, piso do duelo deste domingo, na final de Wimbledon (o jogo começa às 10h de Brasília e terá transmissão ao vivo do SporTV3).

Não é por acaso que Novak Djokovic é quem tem, com sobras, os melhores números do tênis masculino nesta década (vide este fio que postei no Twitter em janeiro). O sérvio tem o pacote completo. Bom saque, a melhor devolução do circuito, uma movimentação invejável, uma consistência inigualável. Em um dia normal, numa final de slam, é muito difícil de batê-lo, e Federer sabe bem disso. O suíço só venceu uma final de slam contra Nole, e isso já faz quase 12 anos. Foi no US Open de 2007, a primeira decisão do sérvio nesse tipo de torneio.

De lá para cá, os dois se encontraram em mais três finais de slam. Novak venceu todas. Duas delas, aliás, foram justamente na grama de Wimbledon, a "casa" de Roger. Por tudo isso, as casas de apostas dão um belo favoritismo ao sérvio. Em um domingo normal, o mais provável é que Djokovic conquiste seu pentacampeonato no All England Club.

Só que "Federer" e "normal" não combinam na mesma frase. Com o suíço em quadra, ainda mais em Wimbledon, é preciso ponderar o imponderável. É preciso esperar o inesperado. É preciso acreditar que aos 37 anos e vindo de uma belíssima vitória sobre Rafael Nadal, Federer é capaz de executar certa dose de mágica e sair campeão de Wimbledon pela nona vez.

O que quer que aconteça, ponderável ou não, a não ser que Djokovic viva um péssimo dia, a "mágica" de Federer terá que incluir dois aspectos. Saques excelentes e muita pressão. De outro modo, será muito difícil "quebrar" o atual número 1 do mundo.

Como sempre, tudo precisa começar pelo saque. Diante da melhor devolução do planeta e de um paredão no fundo de quadra (vejam abaixo o rali de 45 bolas que ele venceu sobre Bautista Agut), Federer precisa do maior número possível de pontos "de graça". E isso vai exigir mais do que ele serviu contra Nadal. Mais variação, mais precisão, mais aces. Se Djokovic colocar várias bolas em jogo e Federer precisar vencer ralis, o jogo entra nos termos do sérvio, e as chances de Roger diminuem consideravelmente.

Além disso, confirmar saques sem drama é o que vai possibilitar ao suíço executar a segunda parte deste 1-2 punch: atacar nas devoluções como se não houvesse amanhã e, de preferência, sufocando o rival com subidas à rede e mantendo os pontos curtos. Só assim Djokovic poderá sentir pressão de verdade, encontrar algum problema para adquirir ritmo, e os pontos podem ser decididos mais na raquete de Roger do que na de Novak.

Sem os saques, Federer terá muito mais problema para confirmar e correrá um risco enorme atacando nas devoluções. A equação pode se inverter, com Novak confirmando rápido e com a possibilidade de agredir ainda mais do que o habitual com seus retornos de saque. Se o jogo tomar essa direção, o caminh o para o penta fica mais curto para Djokovic.

Coisas que eu acho que acho:

– Federer pode ganhar de Djokovic trocando bolas do fundo de quadra? Pode, claro. Só não é o cenário mais provável para um triunfo do suíço.

– Outra possibilidade é contar com um dia ruim do sérvio, mas quantas vezes isso aconteceu em uma final de slam? Normalmente, Djokovic guarda seu melhor para o fim.

– Outro dificultador que não é segredo nenhum: Djokovic já disse que vai atrás do recorde de 20 slams de Federer. Logo, o sérvio (dono de 15 títulos) sabe a importância dessa decisão. Por isso, o mais provável é que ele entre em quadra concentradíssimo.

– O "novo" Federer, o Federer-pós-lesão, o Federer-do-melhor-backhand só enfrentou Djokovic duas vezes, e deu bastante trabalho no último duelo, no Masters de Paris do ano passado. O jogo só foi decidido no tie-break do terceiro set. Quem sabe na grama, "em casa", o resultado não é outro?

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.