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As 3 chaves da vitória de Roger Federer sobre Rafael Nadal em Wimbledon

Alexandre Cossenza

12/07/2019 18h00

Em uma partida grande, importante e com dois tenistas jogando em alto nível, é quase injusto citar apenas três elementos como os mais importantes para determinar um resultado. Ainda assim, há sempre aquelas coisas que, quando mais bem executadas, desencadeiam uma série de consequências que fazem um jogo pender para um lado. Não foi diferente nesta sexta-feira, quando Roger Federer fez muitas coisas bem e derrotou Rafael Nadal, avançando à final de Wimbledon para encarar Novak Djokovic no domingo. Vejamos o que foi mais importante.

1. Saque

Era óbvio que Federer precisaria de um excelente aproveitamento de primeiro serviço para manter Nadal pressionado. Foi assim no primeiro set (74%), no terceiro (de novo 74%) e um pouco menos no quarto (64%). No segundo, com 59% de aproveitamento, Nadal deu mais trabalhou e "roubou" o set. Além das porcentagens, houve variação. Saque aberto, fechado, no corpo… Federer serviu o cardápio completo.

O que mais impressionou nos números do suíço, porém, foram os 62% de pontos vencidos com o segundo serviço – algo excepcional contra Rafa, que costuma colocar muitas bolas em jogo e ganhar mais ralis. Isso tem um pouco a ver com o dia ruim do espanhol nas devoluções, mas também pesaram a variação no posicionamento de bola e a capacidade do suíço de vencer trocas longas, o que nos leva ao item seguinte deste post.

2. Backhand

Federer pode não ter disparado tantos winners com seu backhand, mas ele esteve sólido o bastante para não deixar Nadal tirar vantagem atacando aquele lado. Essa consistência permite ao suíço plantar na linha de base e tirar tempo do espanhol. Sem esse tempo, Rafa nem sempre consegue se posicionar da melhor maneira para abrir a quadra com seu forehand, atacando a direita do suíço e fazendo Roger se movimentar mais. Na coletiva pós-jogo, Nadal disse quase o mesmo. Afirmou que não estava sentindo bem seu backhand e não conseguiu consistentemente atacar a direita do suíço com seu forehand.

A soma disso tudo resulta em um suíço mais confiante do fundo da quadra, e não foi por acaso que ele ganhou os ralis mais importantes da partida. Um deles, com 23 bolas, para salvar um break point e manter a vantagem no terceiro set. Ele também ganhou um rali de 25 pontos depois, no mesmo game – que acabou se mostrando o mais importante da parcial.

3. Devolução

Foi outro aspecto ressaltado por Nadal ao fim do jogo. Ao mesmo tempo em que criticou sua própria devolução, o espanhol reconheceu que o suíço foi melhor nos retornos e colocou mais pressão em seu serviço. O espanhol precisou encarar dez break points ao longo da partida – salvou oito – enquanto Federer cedeu oito chances de quebra e salvou seis.

Isso acontece também por causa do ótimo aproveitamento nos games de serviço – está tudo conectado. Quando confirma com mais facilidade, um tenista pode jogar mais solto e arriscar mais nas devoluções. Se errar, tudo bem. Volta a sacar sabendo não estar correndo tanto risco assim.

E as consequências das ótimas devoluções de Federer não apareceram só nos números (embora aparecerá uma relação numérica, como ficará claro em breve). Foram dois retornos excelentes que prepararam os winners que viraram o tie-break do primeiro set. Além disso, já no quarto set, Nadal decidiu abrir a parcial buscando aces – os pontos de graça que ele não vinha obtendo. Acabou errando mais e foi assim, precisando usar o segundo saque mais do que gostaria, que sofreu a quebra que decidiu a partida. Até ali, o espanhol tinha 25% de aproveitamento de primeiro saque na parcial (olha a consequência aqui!). E ninguém vai sobreviver a Roger Federer assim.

A final

Entre Novak Djokovic e Roger Federer, a dinâmica de jogo é um tanto diferente. Publico um texto sobre o que esperar amanhã de tardinha, depois da final feminina. Serena Williams e Simona Halep decidem a chave das mulheres neste sábado, às 10h (de Brasília). A final masculina será no domingo, também às 10h. O SporTV3 transmite os dois jogos ao vivo.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.