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Saque e Voleio

10 voleios que mostram por que Nadal é um dos melhores do mundo junto à rede

Alexandre Cossenza

14/06/2019 05h00

Já não acontece mais com tanta frequência, mas de vez em quando Rafael Nada erra um voleio e um comentarista despreparado resgata de 2005 aquela frase típica: "É… Nadal não é um grande voleador." Ou isso ou algo parecido. Variações sobre um mesmo tema, como diria Humberto Gessinger. O ponto aqui é que tem gente que, por implicância ou desconhecimento, gosta de se apegar a algo em que acreditava uma década atrás.

Fato – fato mesmo – é que Rafael Nadal é hoje um dos melhores voleadores do circuito. E isso significa possuir um punhado de qualidades: saber a hora de subir à rede, saber se posicionar, saber o que fazer com a bola, ter a "mão" para o voleio de precisão… Nadal ainda vai um pouco mais longe. Sabe volear do chamado mata-burro, é ótimo no "quadradinho", tem smashes mortais de forehand e backhand, de frente e até de costas para a quadra.

E enquanto um punhado de gente ainda se recusa a aceitar isso, Rafa deu várias amostras dessa habilidade durante a recente final de Roland Garros, onde conquistou seu 12º título ao bater Dominic Thiem. São voleios variados, que mostram habilidades diferentes, e fiz questão de editar uma compilação com 10 deles. Confiram no vídeo abaixo:

Vale fazer algumas observações:

– O primeiro voleio é excepcional. Combina reação rápida (Nadal foi chamado à rede por Thiem, que tinha a bola a seu gosto) com um toque preciso.

– O terceiro (na marca de 37') é oportunismo puro. Nadal sente que Thiem vai chegar desequilibrado na paralela e, por isso, vai à rede.

– O segundo e o quarto (56') voleios do clipe são, na verdade, saque-e-voleio. Com Thiem devolvendo muito atrás, Nadal tinha tempo de sobra para fazer o saque angulado e chegar bem para volear com a quadra aberta. Ele faz o mesmo no delicado terceiro game do quarto set (2'22"), mas do lado de iguais. Mais uma vez, encontra a quadra aberta após uma devolução de slice.

– O quinto ponto (1'07") do clipe vem de uma subida que não foi tão boa assim. Thiem chegou bem na bola e forçou Nadal a rebater uma bola baixa. Ganhar o ponto foi mérito da "mão" de Rafa. O mesmo vale para o voleio do segundo game do terceiro set (1'44"). Nadal tira a bola do chão e coloca onde Thiem não vai alcançar. Precisão pura.

– O voleio mais impressionante da partida é o do quarto game do terceiro set (1'56"). Thiem colocou Nadal em uma péssima posição, mas Rafa mostrou rapidez, elasticidade e, mais uma vez, toque (e deu um pouquinho de sorte também), colocando backspin para fazer a bola quicar e voltar para a rede. Ao austríaco, só restou cumprimentá-lo.

Coisas que eu acho que acho:

– Deixo aqui meu muito obrigado ao técnico Sylvio Bastos pela consultoria na confecção deste post.

– Seres humanos evoluem. Nadal, em especial, é um tenista muito superior ao de 2005, quando conquistou seu primeiro slam. Não dói reconhecer.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.