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Saque e Voleio

Federer vence dois tie-breaks, bate Wawrinka e vai rever Nadal na semi de Roland Garros

Alexandre Cossenza

04/06/2019 12h11

Foi um belo duelo de backhands, equilibrado do começo ao fim e com margens mínimas. Qualquer falha tinha peso considerável. Com essa enorme pressão do começo ao fim, Roger Federer mostrou mais uma vez sua força e derrotou o compatriota Stan Wawrinka por 3 sets a 1, com parciais de 7/6(4), 4/6, 7/6(5) e 6/4, garantindo sua volta às semifinais de Roland Garros.

Será a primeira vez do atual número 3 do mundo entre os quatro melhores do slam parisiense desde 2012, quando foi derrotado por Novak Djokovic. Desde então, o suíço amargou derrotar nas quartas em 2013 (para Jo-Wilfried Tsonga), nas oitavas em 2014 (Ernests Gulbis) e nas quartas novamente em 2015 (Stan Wawrinka). Nos últimos três anos, não foi a Roland Garros.

Depois de anotar sua 23ª vitória em 26 confrontos diretos contra Wawrinka, Federer vai revisitar outra grande rivalidade – a mais famosa delas no tênis atual. Seu oponente nas semifinais será Rafael Nadal. Quando Roger fechou o jogo na Quadra Suzanne Lenglen, Rafa já havia derrotado o japonês Kei Nishikori por 6/1, 6/1 e 6/3. Federer e Nadal já duelaram 38 vezes, e o espanhol venceu a maioria: 23. Desta vez, o suíço chega com uma vantagem moral significativa, já que venceu os seis últimos jogos – todos em quadra dura. Em Roland Garros, contudo, Nadal venceu todas as cinco partidas.

O relato

O primeiro set foi de Federer, com placar apertado, mas sem que tivesse saído de seu controle. O #3 do mundo dominou seus games de serviço, perdendo apenas quatro pontos neles e, ao mesmo tempo, sempre ameaço quando Stan esteve com o saque. Roger teve break points no quinto e no sétimo games, com boas chances para quebrar, mas desperdiçou duas oportunidades com Wawrinka junto à rede. O tie-break foi um reflexo do que aconteceu antes: domínio de Federer com seu saque. Dois erros não forçados de Wawrinka significaram os mini-breaks que fizeram a diferença.

Até o começo do segundo set, Federer conseguia com sucesso minimizar o potente jogo de fundo do compatriota. Para isso, usava de variações de peso, spin e ângulo. O plano de manter o mais pesado e menos móvel Wawrinka em movimento funcionava e não deixava o campeão de 2015 confortável para atacar da maneira que gosta mais. Além disso, os pontos mais curtos não davam ritmo a Stan.

O segundo set começou parecido, com o atual #28 do mundo salvando um break point logo em seu primeiro game de serviço. Foi aí, então, que o cenário mudou. No terceiro game, depois de abrir 40/15, Federer cometeu seguidos erros. Falhou em um backhand, subiu mal à rede e errou uma direita. No primeiro break point a seu favor, Wawrinka converteu com uma direita cruzada que o adversário não alcançou. Federer ainda teve duas chances de quebra no game seguinte, mas novamente não converteu e viu Stan abrir 3/1. A vantagem foi mantida até o fim do set e, com uma direita vencedora, Wawrinka fez 6/4 e igualou o placar.

A terceira parcial foi mais nervosa e com boas chance para ambos. Stan saiu na frente, quebrando Federer, que errou um voleio fácil em um break point no sétimo game. A vantagem, contudo, durou pouco. Seguidas falhas de Wawrinka deram ao #3 do mundo sua primeira quebra da partida e deixaram o placar em 4/4. O drama só aumentou depois disso. Primeiro, Stan salvou dois set points sacando em 4/5, graças a um par de erros do compatriota. Depois, foi a vez de Federer salvar dois break points e fazer 6/5. O tie-break também teve seu drama. Roger abriu 5/1, com dois mini-breaks de vantagem, mas Wawrinka descontou um com uma bela devolução e encostou no placar, fazendo 5/6. Federer, porém, fechou a parcial com um saque aberto que o oponente, posicionado muito atrás da linha de base, devolveu na rede.

O quarto set foi parecido com o primeiro. Enquanto Federer confirmava seus games de serviço sem drama, Wawrinka sofria nos seus. O campeão de 2015 salvou quatro break points no terceiro game e mais um no quinto para se manter vivo no jogo. E como se não bastasse o drama dentro de quadra, uma tempestade se aproximou de Roland Garros, e a organização interrompeu a partida com o placar mostrando 3/3.

A paralisação durou cerca de 1h10min, e quando o jogo recomeçou, Federer seguiu ameaçando mais, e Wawrinka finalmente sucumbiu. No nono game, Roger aproveitou o segundo break point do game, atacou com a direita e forçou um erro do compatriota para abrir 5/4. Na sequência, mais drama. Federer precisou salvar um break point e o fez com uma saque-e-voleio perfeito antes de, finalmente, fechar o jogo.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.