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15 Anos do Boicote - Saretta aponta crise do juvenil e decadência do tênis brasileiro: 'A gente regrediu'

Alexandre Cossenza

18/04/2019 07h00

Em 2004, Gustavo Kuerten e os melhores tenistas do país executaram um boicote e não disputaram a Copa Davis. Era uma medida contra a gestão de Nelson Nastás, então presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT). O Brasil acabou rebaixado para a terceira divisão da competição e entrou num turbilhão político que só acabou no ano seguinte, quando o catarinense Jorge Lacerda assumiu a presidência da entidade.

Nesta semana, o blog publica uma série de entrevistas com pessoas ligadas ao boicote e suas consequências. A intenção é lembrar dos fatos de 2004 e analisar o tênis brasileiro nos últimos 15 anos. O quanto o esporte evoluiu no país? Que passos à frente a CBT deu no período? Houve retrocesso em algum setor? Por que Jorge Lacerda, condenado a quatro anos de prisão por peculato, não foi cobrado da mesma maneira pelos melhores tenistas do país?

Depois das entrevistas com Ricardo Acioly, que criticou a falta de gestão e o prejuízo causado ao cenário do tênis juvenil, Fernando Meligeni, que apontou "policiamento tenístico" e o silêncio dos jogadores, e André Sá, que defendeu a gestão Lacerda e o "jogo político" do ex-presidente condenado, o blog publica hoje um papo com Flávio Saretta.

Conversamos por telefone esta semana, e o paulista ex-número 44 do mundo, lembrou da sensação de ver o Brasil perder com tenistas que furaram o boicote. Mais do que isso: Saretta fez duras críticas à Confederação, apontou o esvaziamento do cenário infantojuvenil, ressaltou o silêncio de atletas que recebiam ajuda financeira da CBT e disse que o tênis brasileiro regrediu desde a Era Guga. Leiam!

Para começar, qual a primeira lembrança que você tem do boicote?

O melhor ano da minha carreira foi 2003, então eu estava jogando muito bem e estava metido em todos os assuntos porque era um dos principais jogadores da época. Só atrás do Guga. Como eu estava entrando firme ali como profissional, eu já tinha uma voz bem forte lá dentro e já vinha com o passado da Copa Davis de insatisfação de vários jogadores, de sempre todo mundo reclamando. Precisaria mudar alguma coisa. Em 2004, no Sauípe [em fevereiro, durante o Brasil Open], a gente se reuniu. Lembro que o Guga não queria se reunir porque estava concentrado, mas a gente conseguiu liderar essa história, conseguiu puxar o Guga para conversar, e foi quando a gente decidiu não jogar. A gente começou o boicote no Sauípe em 2004, quando deu toda aquela repercussão?

O Jaime Oncins, que foi colocado como capitão da Copa Davis pelo Nelson Nastás naqueles dias, era um cara com boa relação com todo mundo. Ainda é, aliás. Como foi a relação de vocês, jogadores, com ele naqueles dias?

A história do Jaime, que eu me lembre, terem colocado ele foi meio que para agradar aos jogadores porque ele sempre foi muito amigo de todo mundo. Nossa relação era a melhor possível. Ele treinava o André Sá na época, então a gente viajava junto. Todo mundo ama o Jaime! A nossa briga com ele – briga no bom sentido da palavra – era de falar "Jaime, não aceita agora ser capitão da Copa Davis porque a gente vai boicotar para tirar o presidente." A gente queria mudar o tênis no Brasil. Se ele aceitasse naquele momento, ele iria contra o que a gente estava falando e ninguém jogaria! "Jaime, não aceita agora porque ninguém vai jogar. Daqui a pouco, quando mudar o presidente, a gente volta a jogar e pede para que você seja o capitão." Foi essa a conversa. O Jaime, na época, aceitou o cargo porque queria, era o sonho da vida dele, ele acabou aceitando.

Quando houve aquele primeiro confronto entre Brasil e Paraguai [em abril de 2004, na Costa do Sauípe, o Brasil, desfalcado, perdeu por 3 a 2], qual era sua sensação vendo aquele time sem vocês, perdendo?

Na verdade, a sensação ali era de falar "Não acredito que tem alguns caras que vão jogar o confronto." Porque a gente estava lutando, de certa forma, por eles também. Só que, ao mesmo tempo, você me perguntando isso hoje, eu vejo uma situação de que os caras ganhariam um dinheiro – estava todo mundo jogando, na luta e etc., então eles apareceriam de uma certa forma legal porque estaria passando na televisão, e seria um confronto relativamente tranquilo para o Brasil. Tinha o Ramon Delgado [experiente tenista paraguaio] que acabou fazendo estrago com o Brasil. Eu vejo dessa forma hoje, mas na hora fiquei triste porque falei "Pô, a gente está brigando e lutando por esses caras também, por todo mundo." Tanto que o quarto jogador foi o [Josh] Goffi [nascido no Brasil e radicado nos EUA] lá, né? O cara jogou Copa Davis pelo Brasil e não sabia falar português (risos)! Totalmente estranho. Ele acabou jogando a dupla com o [Alexandre] Simoni.

E ganharam aquela dupla…

E o Marcos [Daniel] perdeu do paraguaio tendo cãibra, caiu… Então essa foi a sensação que eu tive na época. Eu queria ver todo mundo 100% unido e ninguém jogar para realmente ter o impacto que a gente gostaria, mas alguns caras resolveram jogar, também não vou apontar nada. Cada um faz o que quer [o Brasil jogou aquele confronto com Marcos Daniel, Júlio Silva, Alexandre Simoni e Josh Goffi, que é filho do técnico brasileiro Carlos Goffi e, de fato, não fala português].

Você conhecia o Jorge Lacerda na época?

Não, cara. Nunca me envolvi em política e continuo não querendo me envolver, para ser bem sincero. Não concordo com quase 99% do que eles fazem. Acho que essa história de esporte só dá certo quando quem está comandando chama pessoas do bem, jogadores e ex-jogadores, caras que viveram para estarem envolvidos nessa história, né? O maior exemplo, para mim, é a Argentina. Quem está envolvido são só ex-jogadores. Eu conheço muito bem. Vira e mexe eu converso com o Zabaleta sobre isso ainda. Ele me conta o que eles estão fazendo, então para mim o único jeito de dar certo é daquele jeito lá. Por isso que não costumo me envolver muito. E sobre o Jorge, eu não sabia nem que ele existia, para ser bem sincero! Ele foi mais um cara que o Guga conhecia, e aí o Guga acabou indicando ele, né?

[A Associação Argentina de Tênis é atualmente presidida pelo ex-top 20 Agustín Calleri. O vice-presidente é Mariano Zabaleta, que foi #21 do mundo. O segundo vice é o também ex-tenista Tomás Lynch, e Guillermo Coria, ex-top 10, é secretário do interior. Ainda participam da gestão o ex-top 20 José Acasuso e um punhado de outros ex-tenistas profissionais]

Não é questionar a validade do boicote, mas agora, 15 anos depois, a gente tem a seguinte situação: saiu um presidente acusado não aproveitar a Era Guga e entrou um que não aproveitou o período pré-Rio 2016; saiu um que era acusado de irregularidades, mas nada foi comprovado, e entrou um que acabou condenado a quatro anos de prisão; o Nelson saiu deixando uma Confederação endividada, e agora, depois que o Jorge saiu, a CBT mudou de sede porque não conseguia pagar o aluguel em São Paulo. Em que áreas o tênis brasileiro andou para a frente?

Eu vou ser bem sincero. Eu tento me envolver cada vez menos nessa história de Confederação. Não é porque eu não quero. Primeiro é porque eu não sou convidado, então você não vai num lugar onde você não está convidado, certo?

Certo.

A segunda coisa é que eu não concordo com a maioria das coisas que eles fazem. Ao mesmo tempo, ninguém pede a minha opinião para nada. Então eu faço o que eu tenho feito. Vou lá, falo de tênis, estou ali comentando e tento ser o melhor possível na minha condição como cara que jogou tênis e está envolvido ainda. Ao mesmo tempo, nos bastidores do tênis de verdade, eu não estou envolvido. Nunca estive naquela época e hoje em dia estou menos ainda. Agora… O que você me fala de não ter aproveitado a Era Guga, que é uma coisa que a gente sempre falou… A quantidade de dinheiro que entrou no Brasil naquela época com o tênis… A quantidade de criança que queria aprender a jogar tênis por causa do Guga… E a gente pega a situação do tênis hoje… A gente não evoluiu em absolutamente nada. Para mim, a gente regrediu, na verdade. Porque na época que eu era mais moleque… O Guga ganhou Roland Garros em 1997, eu tinha 16-17 anos anos. Naquela época eu treinava numa academia em Campinas que devia ter uns 40-50 moleques treinando para ser jogador profissional.

Isso antes do Guga vencer. Então não era efeito Guga!

Exatamente! Isso em 1996, 1997, na academia do João Soares, que treinava eu, Ricardo Mello, Thiago Alves… Da academia do João, três caras saíram para ser 100 do mundo. A gente está falando de uma academia em Campinas! É interior, não estava nem em São Paulo! Agora olha como está o tênis. Você vai me falar que está uma situação boa porque o Marcelo Melo e o Bruno Soares estão indo bem? Desculpa! Cadê os jogadores? Não tem jogadores! Não existe! Não existe! Aí vai aparecendo um ou outro, aí bota todas as fichas num cara. Não sabe se vai acontecer, se vai jogar. Ao mesmo tempo, a Confederação investe em alguns atletas que eu não vejo qual o melhor critério. Para mim, deve ter algum interesse em ajudar um ou outro. Mas e o moleque que está escondido lá, que não tem grana, que não tem a menor condição de viajar? Cadê esses moleques, cara? Entende? Então a minha revolta é essa. Por isso que você fala 'Confederação Brasileira de Tênis', me dá até tremedeira, cara! Não consigo concordar com nada que eles falam.

Uma questão que eu sempre levanto é a do cenário juvenil, que tinha os circuitos Unimed, Banco do Brasil, Credicard… Era movimentado.

Cara, eu jogava Campeonato Paulista com 12 anos de idade em alguns torneios com 128 jogadores. Era outra história, cara! Era outra história. A primeira raquete que eu ganhei de patrocínio da Wilson foi ganhando um torneio no Estado de São Paulo, entende? Aí eu vejo a situação que está hoje… Não adianta o cara olhar no meu olho e falar que está fazendo um bom trabalho se num torneio paulista dá quatro moleques jogando. Se uma academia quer fazer um torneio, não consegue porque tem um zilhão de burocracias para fazer um torneio. E aí você me fala que o tênis está evoluindo? Não está, cara! Não está! Cadê os torneios brasileiros? Cadê o torneio de Belo Horizonte? O PIC, que era famoso? O de Londrina, que era famoso? Na Bahia tinha a Copa Econômico, que vinha gente do mundo inteiro. Tinha em Uberaba, em São Paulo, no Pinheiros, no Paineiras… Tinha torneio pra caramba! E a molecada, todo mundo jogava, todo mundo viajava pra jogar, todo torneio era forte, sabe? Era legal pra caramba! Eu jogava sei lá quantas semanas por ano de torneio brasileiro! Faltava na escola, depois fazia prova. Ninguém faz mais isso. Não existe mais torneio. Aí entrou o Correios, inventaram a tal da Copa Correios, se não me engano eram nove torneios só no ano inteiro. Como é que você vai fazer jogador assim, cara? Que moleque vai pagar três contos por mês numa academia só pra treinar? Porque não tem incentivo nenhum, torneio nenhum! Aí você vem me falar que está ajudando o tênis, que a Confederação está fazendo isso, fazendo aquilo? Desculpa! Se continuar dessa maneira, o tênis vai acabar porque a gente vai depender de um cara só. Se o Thiago Wild não jogar tênis, e aí, o que vai acontecer?

Quando a CBT enfraqueceu esses circuitos, os patrocinadores saíram e acabaram os torneios nacionais. Não dá para movimentar o país inteiro só com um circuito…

Taí outra: acho que na época que eu jogava juvenil, não tinha essas empresas que você está me falando.

Não, isso aí já foi no pós-Guga.

É! Se não tinha essas empresas, o próprio clube fazia o torneio. Pegava o Pampulha Iate Clube, um puta clube legal, um torneio legal pra caramba, todo mundo jogava. Era o Brasil inteiro. E era o clube que fazia. Por isso que estou falando: se parar com essa burocracia toda dos clubes com a Confederação para conseguir fazer um torneio… porque o Westrupp [Rafael, presidente da CBT] foi lá no nosso programa, no Ace, e depois do programa um monte de cara me ligou falando "Meu, ele está inventando! É impossível fazer um torneio. A gente não consegue fazer torneio. A gente não consegue data. A gente precisa pagar não sei quanto de porcentagem para os caras. Não tem como fazer um torneio!", eles falavam para mim. Por isso que eu prefiro ficar longe porque a vontade que eu tenho é de falar um monte de coisa, mas se eu falar também não vai adiantar nada, e eu que vou ser o revoltado da história mais uma vez, então eu fico quieto.

Aproveitando que você tocou no assunto, o Nelson teve de lidar com tenistas que eram atuantes. Você, o Fino e o Guga, que é alguém que não fala muito de CBT, mas entrou no boicote, e o Jorge não teve pressão de jogador. Não se via ninguém criticando. É uma questão de geração ou é uma coisa que tem a ver com a relação com os Correios?

Então… Eu não sei a fundo essa situação, mas o que eu sei é que o Jorge dava dinheiro para os principais jogadores. Dava não sei quantas passagens para os caras por ano… Sei lá o que ele fazia, mas tinha essa história. Então, cara, a gente volta no assunto de sempre. Se eu tô te pagando 20 passagens por ano, você vai meter o pau em mim ou vai ficar quieto? Tem cara que se tiver patrocínio, de repente – naquela época eu tinha patrocínio bom, o Guga nem se fala, o Fino… De repente, naquela época o cara ia falar isso pra mim, e eu ia dizer "Não quero nada de você, velho. Não preciso de nada da Confederação." Como nunca tive nada da Confederação. É por isso que não tenho rabo preso. A Confederação nunca me deu nada, cara! Na geração depois da minha – depois mais ou menos porque o André Sá é de antes, mas ele jogou nessa época que eu tinha parado… O André ganhava dinheiro, a dupla ganhava dinheiro, eu sei que algumas meninas também ganhavam dinheiro… Então, cara, você meio que junta essa história aí… Os caras dão dinheiro para eles, eles aceitam e ficam quietos. Pra mim, foi isso que aconteceu. Agora… Eu sinto falta de ter uns caras sacudos mesmo, pra bater na mesa e dizer "Está tudo errado, vamos mudar isso aqui, vamos fazer isso aqui." Mas eu sei que tem jogador envolvido com outro para ser empresário de moleque… Então tem um monte de interesse aí. Na minha época, não tinha interesse nenhum. A gente só pensava em jogar tênis, por isso eu vejo essa grande diferença.

E o quanto isso contribuiu para o tênis estar como está hoje? A impressão que eu tenho é que a coisa foi acontecendo, ninguém falou nada, as federações apoiavam o Jorge, e deu no que deu.

Eu acho, sinceramente, que ninguém está a fim de brigar hoje, entendeu? Os jogadores, cada um pensa no seu. Eu sinto isso vendo a Copa Davis de longe. Para mim, cada um faz o seu ali. Eles falam que sofreram, tal tal tal, mas no dia seguinte estão viajando para os países para jogar e já era. Quando a gente jogava a Copa Davis e perdia, queria ficar duas semanas em casa, escondido. Triste porque tinha perdido. Essa geração é diferente também. É muito mais dinheiro envolvido. Na época que eu jogava, dupla não ganhava nada. Hoje em dia, os caras estão ganhando dinheiro. A roupa dos caras parece de Fórmula 1 de tanto patrocínio que eles têm (risos). É uma realidade totalmente diferente. Não critico eles ganharem dinheiro. Tá certo, bom pra eles. Eles não conseguiram jogar simples, foram jogar dupla, se deram muito bem e ganharam dinheiro. Se tem alguém pagando, você merece ganhar o dinheiro. Agora… Isso faz com que os caras pensem só no próprio umbigo, entendeu? Eu vejo dessa forma. Falta união verdadeira, de falar "Vamos olhar um pouquinho para trás e ver o que está acontecendo?" Cadê os caras? "A gente tem quatro juvenis muito bons que estão na equipe do Guga" e não sei o quê… Mas e se esses caras não jogarem tênis, o que vem atrás? Cadê a segunda chance? Porque essa é a primeira. Começa no Thiago Wild, que todo mundo fala que esse moleque vai ser maravilhoso e etc., mas ninguém sabe. Como o Tiaguinho Fernandes também ia ser, mas parou de jogar [Fernandes foi campeão do Australian Open juvenil e #1 do mundo, mas deixou a careira profissional de forma precoce após uma séria lesão].

Não existe certeza, né?

A gente sabe muito bem, né, cara? Essa história de o Brasil ter bons juvenis e bons jogadores, a gente sempre teve. Agora… Chegar lá e jogar tênis é outra história.

E a impressão que eu tenho é que dez anos atrás a gente tinha X juvenis bons, mas esse número X está cada vez menor… Agora a esperança é o Wild.

É exatamente isso. O plano A é o Thiago Wild. O plano B são alguns moleques da equipe do Guga lá. E se esses aí não jogarem tênis, como é que fica? Antigamente, tinha uma chave de 128. Dos 10 aos 18 anos, eu e Ricardo Mello que jogamos tênis só. Pra você ver como é difícil. De tantos que tinham no ranking, só dois conseguiram jogar bem no profissional. A gente fica nessa história de "O tênis está muito bem, nós estamos dando dinheiro para o Felipe Meligeni, para o Orlando e não sei o quê…" Cara, não está acontecendo nada. Teve um Challenger no Paineiras, os caras não tinham pra quem dar wild card no feminino porque não tinha opção. Não tinha pra quem dar. Como é que está funcionando isso? Acho que não está indo da maneira que eles falam. Pra mim, está tudo uma bagunça que eu fico com medo de acabar o tênis, de falar "Meu, acabou. Vai ser só tênis amador, só social." Academia não existe mais. Ninguém tem essa grana pra pagar nos treinamentos se não tem torneio pra jogar. Aí o moleque aprende a jogar tênis hoje pra ir pra faculdade nos Estados Unidos. É isso que ele faz. Antigamente, era o plano C pra gente. O primeiro era ser profissional, o segundo era ser profissional, e o terceiro era ir para uma faculdade. Hoje em dia, o cara joga pra ir para uma faculdade já.

Já não existe a ambição de ralar para ser profissional…

Exatamente, não tem mais! Na primeira dificuldade, ele já desencana. Vou lá, fico fazendo um monte de festa, falo que sou tenista, volto falando inglês fluente (risos)…

Para terminar: a nomeação do Jaime Oncins para capitão de Copa Davis agora foi boa?

Eu acho que sim, cara. Eu já falei diretamente para o Jaime isso que eu vou te falar. Você fala em Copa Davis no Brasil, a primeira figura que vem para mim é o Jaime. É o cara que mais eu vi representar o Brasil dentro de uma Copa Davis. Foi uma lição para mim conviver com ele porque ele fez valorizar jogar pelo Brasil, por equipe. Ele fez isso com o Guga também e com os mais novos, depois dele. Ele foi um grande espelho. Ele ser nomeado, para mim, é muito legal. Ao mesmo tempo, não tem muito que fazer, né? Como a gente está falando, são quatro ou cinco jogadores e que qualquer cara que não conheça vai olhar e falar "Esses quatro aqui vão jogar." Escutei num programa da Band que o Westrupp foi antes do meu, que o Jaime ajudaria com os juvenis e a olhar o tênis como está, mas o Jaime morando fora do Brasil, não dá para fazer isso, né? Mas não sei, gostei muito do nome dele. Só acho que Copa Davis é o que menos me preocupa. Porque os caras vão jogar dois confrontos por ano, vão ganhar, vão perder como perderam da Bélgica, e a Copa Davis não vai mudar o tênis. O que me preocupa é a quantidade de criança que está se interessando em aprender a jogar. É só isso que me preocupa. Só isso e tudo isso.

* Jaime Oncins foi procurado em fevereiro para falar sobre o boicote, mas não quis dar entrevista sobre o assunto.
* Jorge Lacerda foi contactado em fevereiro e não quis dar entrevista sobre o boicote e sua gestão.
* Também em fevereiro, Nelson Aerts não quis falar sobre o boicote e a gestão de Jorge Lacerda.
* A série "15 Anos do Boicote" volta na segunda-feira, 22 de abril.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.