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Saque e Voleio

Djokovic leva Medvedev à exaustão e passa às quartas no Australian Open

Alexandre Cossenza

21/01/2019 11h43

Daniil Medvedev, 22 anos, #19 do mundo, entrou em quadra nesta segunda-feira disposto a fazer Novak Djokovic jogar pontos longos e cansativos. O plano do jovem russo, porém, bateu de frente com a incrível consistência do número 1 do mundo – uma de suas principais qualidades. Não deu certo. Apesar de mostrar um belo tênis por dois sets e meio, Medvedev sentiu na pele a brutal exigência física dos seguidos ralis. Melhor fisicamente, o sérvio disparou na terceira parcial e triunfou por 6/4, 6/7(5), 6/2 e 6/3.

Hexacampeão do torneio e favorito para conquistar o sétimo título, Djokovic avança para as quartas de final do Australian Open e vai enfrentar o japonês Kei Nishikori, que bateu o espanhol Pablo Carreño Busta em um jogão de cinco sets: 6/7(8), 4/6, 7/6(4), 6/4 e 7/6(8). Os demais jogos da próxima fase são Milos Raonic x Lucas Pouille, Roberto Bautista Agut x Stefanos Tsitsipas e Frances Tiafoe x Rafael Nadal.

Como aconteceu

Medvedev já começou o jogo apostando em sua própria consistência. Tentou levar a melhor sobre Djokovic em pontos longos, desafiando justamente uma das grandes qualidades do número 1 do mundo. O russo até conseguiu um break point no quinto game, mas foi justamente em um rali que Nole se salvou, terminando o ponto com um voleio curto e preciso. No game seguinte, foi Medvedev quem não resistiu às trocas e, com 15/40 no placar, uma boa devolução do sérvio conquistou a primeira quebra do encontro.

O azarão insistiu. Seguiu alongando pontos e foi recompensado no nono game, evitando que Nole fechasse o set. Medvedev só não conseguiu igualar o placar. Chegou a sacar em 4/5 e 40/15, mas uma sequência impecável do #1 lhe rendeu quatro pontos seguidos, um break convertido e o set: 6/4.

Se a derrota na primeira parcial não fez Medvedev mudar seus planos, a dinâmica do jogo seguiu inalterada e até confortável para Djokovic. Um ponto longo atrás do outro, e o russo salvou cinco break points no segundo game. No quarto, não resistiu. E não foi só isso: o rali que deu a quebra ao sérvio pareceu deixar Medvedev fisicamente abalado.

Quando recuperou o fôlego, o azarão também recuperou a igualdade. Primeiro, salvando um break point no sexto game. Depois, fazendo Djokovic pagar pelas chances não convertidas. Ao vencer um ponto espetacular após alcançar uma curtinha, Medvedev devolveu a quebra no sétimo game. Djokovic seguia jogando o rival para os dois lados da quadra, mas às vezes lhe faltava precisão para matar os pontos. Foi o que aconteceu no tie-break. Nole comandou vários ralis, mas terminou errando antes do russo (foram 19 erros não forçados na parcial). Em um desses pontos longos, Medvedev contou com uma bola do sérvio na rede e fez 7/6(5).

Aos poucos, contudo, a diferença de condicionamento físico foi ficando mais clara. Medvedev ainda oferecia grande resistência, mas quando perdeu três break points (0/40) no quarto game do terceiro set, sentiu o momento. Não só perdeu o serviço no quinto e no sétimo games como viu Nole confirmar o saque com facilidade duas vezes para fazer 6/2.

Antes do quarto set, Medvedev saiu da quadra e foi até o vestiário. No retorno, parecia melhor, com mais energia, e confirmou o primeiro game da parcial sem drama. Durou pouco. No terceiro game, o russo voltou a sucumbir diante da consistência e do melhor preparo de Djokovic, que conquistou mais uma quebra. Medvedev lutou o quanto pôde, mas o máximo que conseguiu depois disso foi um break point no sexto game – salvo por Djokovic.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.