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Saque e Voleio

5 motivos para acreditar que Bia Haddad pode derrotar Kerber na Austrália

Alexandre Cossenza

15/01/2019 12h37

Depois de furar o qualifying e vencer sua estreia na chave principal, a brasileira Bia Haddad Maia, #195 do mundo, vai enfrentar a alemã Angelique Kerber, campeã em Melbourne em 2016 e atual vice-líder do ranking. O jogo está marcado esta quarta-feira (não antes das 6h no horário de Brasília – ESPN mostra ao vivo) na Rod Laver Arena, a quadra principal do Australian Open.

Obviamente, a alemã entra como favorita. Além do ótimo histórico no torneio, a ex-número 1 do mundo vive grande momento neste início de temporada. Na Copa Hopman, venceu as quatro partidas que disputou. Depois, perdeu nas quartas em Sydney, mas a derrota veio para a campeã do torneio, Petra Kvitova. Por último, estreou muito bem no Australian Open, derrotando Polona Hercoq (#92) por 6/2 e 6/2.

Mesmo levando em conta tudo isso, há motivos para acreditar que Bia Haddad Maia pode incomodar e, por que não, derrotar Kerber. Alguns elementos muito importantes podem jogar a favor da brasileira.

1. Confiança

Desde sua estreia no quali, Bia já soma quatro vitórias seguidas, com apenas um set perdido. Superou Lauren Davis (#158), Kaja Juvan (#180), Jennifer Brady (#125) e Bernarda Pera (#68). No tênis, a cabeça do atleta muda quando triunfos vêm em seguida – e às vezes nem importa tanto assim o nível do adversário. A confiança aumenta, e isso cria uma onda que só vai crescendo a favor do tenista. Bia está surfando essa onda em Melbourne, e a confiança faz muita diferença em um confronto contra uma ex-número 1 do mundo. É a hora de tentar aquele aéreo estilo Gabriel Medina.

2. Consistência

A paulista de 22 anos mostrou uma consistência impressionante em suas quatro vitórias na Austrália. Será essencial manter essa regularidade contra Kerber, uma oponente que exige muito ofensivamente das adversárias e dá pouca margem para lapsos mentais ou técnicos. A alemã é uma das jogadores mais sólidas do circuito, e Bia terá que fazer uma apresentação igualmente consistente para sair com a vitória.

3. Nervos

Apesar de jovem, Bia já tem experiência contra adversárias fortes nos maiores palcos do tênis. Já enfrentou Venus Williams em Miami, Garbiñe Muguruza em Cincinnati e Jelena Ostapenko em Seul. Nos slams, encarou Simona Halep em Wimbledon/2017 e Karolina Pliskova no Australian Open/2018. A paulista já sabe o que esperar de quadras grandes e não deve sentir os nervos do momento. Pelo contrário. Pode usar a energia a seu favor.

4. Pressão

Aqui entram os famosos "jogar solto" e "nada a perder". A expectativa está toda em torno de Kerber, que é a segunda mais cotada nas casas de apostas – não por acaso – para conquistar o título do Australian Open. Se Bia conseguir cuidar bem de seu saque no jogo e conquistar uma quebrinha na frente, pode colocar uma pulga atrás da orelha de Kerber. Essa pulga, às vezes, vira um problemão na cabeça de alguém que vai vendo desaparecer uma grande chance de título e acaba sucumbindo à pressão. Bia pode provocar isso com um bom começo de jogo.

5. Saque

O saque é essencial. Bia tem um canhão no primeiro serviço. Kerber, não. A alemã, aliás, tem um segundo saque vulnerável, que fica na casa dos 120-130 km/h. Pressionar esse segundo serviço será essencial para a brasileira tomar a dianteira dos pontos e colocar Kerber na defensiva. Se isso acontecer, com a consistência que Bia vem mostrando em Melbourne até agora, a dinâmica de jogo pode ficar bastante favorável.

Será?

Coisas que eu acho que acho:

– É bom deixar claro: acredito mesmo que Bia vai ter suas chances, mas Kerber é bastante favorita. Num dia normal, a alemã é mais sólida e mais versátil. Defende-se bem, tem mais opções de jogo e é excelente nos contra-ataques – enquanto Bia não costuma ser tão eficiente assim na rede.

– Outro detalhe pode pesar bastante a favor de Kerber: a velocidade da quadra. Segundo relatos dos tenistas, as quadras principais (como a Rod Laver, onde será o duelo) são muito mais lentas do que as externas, onde Bia jogou até agora. Isso, em tese, prejudica o jogo ofensivo da brasileira.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.