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Saque e Voleio

Nadal mostra novo saque e bom ritmo em estreia vitoriosa na Austrália

Alexandre Cossenza

14/01/2019 01h59

Rafael Nadal fez apenas uma partida de exibição antes de estrear no Australian Open, mas se lhe faltava ritmo, ninguém percebeu. O espanhol, que também mostrou um novo movimento de saque, derrotou confortavelmente o tenista da casa James Duckworth (#237 do mundo) por 6/4, 6/3 e 7/5 em 2h15min e avançou à segunda rodada do primeiro slam de 2019.

Atual número 2 do planeta, Nadal desistiu do ATP de Brisbane, há duas semanas, por causa de uma pequena lesão na perna. Sua única partida de "aquecimento" para o Australian Open foi no dia 28 de dezembro, em um torneio-exibição em Abu Dhabi. Na ocasião, foi superado por Kevin Anderson. O espanhol também fez um amistoso em Melbourne e perdeu para Nick Kyrgios, mas a partida foi disputada com sets curtos, de até quatro games.

O jogo

Nesta segunda-feira (madrugada de domingo para segunda no Brasil), Nadal ganhou uma quebra de presente já no primeiro game, graças a quatro erros não forçados de Duckworth, que tentava agredir muito rápido, forçando pontos curtos, mas não estava afiado o bastante para isso. A vantagem era tudo que o #2 precisava. Sem ceder break points, manteve a ponta até fazer 6/4.

O plano de Duckworth de evitar longas trocas finalmente deu certo no começo do segundo set, quando uma subida à rede lhe valeu uma quebra de saque. O australiano ainda teve o saque e 40/0 para abrir 3/0, mas Nadal voltou no game e devolveu a quebra imediatamente. Duckworth ainda salvou dois break points no quinto game, mas foi quebrado com uma dupla falta no sétimo. O espanhol, então, tomou conta da parcial e fez 6/3.

É preciso dizer que os pontos curtos exigiam golpes calibrados de Nadal, que deu a resposta necessária. Fez winners de devolução de saque, encaixou belas passadas com o rival junto à rede e quase sempre levou vantagem quando prendeu Duckworth no fundo de quadra. E foram dois desses golpes que decidiram o jogo, no 12º game do terceiro set. Nadal abriu o game com uma ótima devolução de backhand e, alguns pontos depois, definiu a partida com uma passada cruzada também de backhand. E, mais do que o placar, o tênis afiado de Nadal mandou um recado: ele está forte em Melbourne.

Na próxima rodada, o #2 do mundo vai enfrentar o vencedor do jogo entre o australiano Matthew Ebden (#48) e o alemão Jan-Lennard Struff (#51).

Entenda o novo saque

O novo movimento de saque, explicado no gráfico abaixo do El País, não tinha como objetivo aumentar necessariamente a potência do primeiro serviço de Rafael Nadal. A intenção, na verdade, era diminuir a perda de velocidade da bola após o quique na quadra do adversário. A reportagem do jornal espanhol explica que os técnicos de Nadal, Carlos Moyá e Francis Roig, pediram estatísticas à ATP e constataram um número curioso: enquanto o saque de Federer perde 12% de velocidade após o quique e o serviço de Djokovic perde 15%, o de Nadal sofria uma queda de velocidade de 27%. Por isso, a mudança.

A nova mecânica consiste em dobrar menos os joelhos, mantendo uma postura mais reta, e entrar bem com a perna direita na quadra depois de cair. O movimento também é feito com a mão mais relaxada e menos tensão. Segundo Roig, isso permite que o movimento seja mais natural. O resultado é uma bola mais reta, com menos efeito, que perde menos velocidade após o quique.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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