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Saque e Voleio

Federer e Serena: entre gigantes, respeito gigante

Alexandre Cossenza

01/01/2019 15h58

Não era para ser – e não foi – um duelo altamente relevante. Era um jogo de duplas mistas, cada um com seu parceiro, e valia por uma competição que, embora oficial, não dá pontos no ranking. Não era vida ou morte. Mas nada é irrelevante com Roger Federer ou Serena Williams em quadra. Com os dois juntos, menos ainda. Valia – e muito – pelo ineditismo da coisa. Valia pelo simbolismo de ter os maiores campeões de slam em atividade na mesma quadra, um contra o outro.

Tenisticamente, a partida mais nobre da rodada da Copa Hopman não foi espetacular. Não daria mesmo para ser tão boa por causa do formato Fast Four, criado para o jogo acabar rapidinho, em menos de uma hora. Teve, sim, momentos interessantes e curiosos, pontos bacanas e bem jogados. Teve até uma bolada na cabeça de Roger Federer – cortesia de Frances Tiafoe, que havia levado uma bolada no peito minutos antes, graças a uma amarelinha que saiu da raquete do suíço.

No fim, a parceria suíça venceu por 4/2 e 4/3(3). E foi aí que veio o momento mais bacana da noite em Perth, na Austrália. Foi quando Federer falou sobre encarar o saque de Serena Williams, e a americana falou sobre o serviço do suíço. Respeito e admiração gigantes. Entre gigantes. Assista abaixo:

Federer falou sobre o match point, sacando para Serena. "Talvez seja isso o que eu sempre quis. Um momento grande [contra Serena Williams] assim. Eu acertei o saque, mas errei o alvo. E obrigado por errar a bola [risos]. Mas foi muito divertido. Um grande campeã. Dá para ver o quão ela é focada e determinada, e amo isso nela."

Serena devolveu os elogios, dizendo que "o cara é enorme. Ele é o maior da história, para dizer a verdade. Tanto dentro como fora da quadra ele tem tanto carisma, é um tenista maravilhoso. Não sei se é a coisa certa a dizer, mas acho que o saque dele é muito subestimado. Ele tem um saque assassino. Tipo, literalmente, não dá para ler, como eu disse. Não dá para ler [o saque]. Há um motivo pelo qual ele é o maior. Não dá para ser tão grande e não ter uma arma tão incrível como o saque. Eu vejo ele o tempo todo, mas não sabia o quão incrível ele é."

O suíço também falou sobre o saque da americana e o quão difícil é de "ler" e ver onde Serena vai mandar a bola antes de acertar a bola. "Eu estava nervoso devolvendo porque você não sabe… As pessoas falam tanto sobre o saque dela, e eu vejo por que é tão maravilhoso. Você não consegue ler. Não dá para saber até o fim do movimento."

Coisas que eu acho que acho:

– Vale o registro: a vitória nas mistas decidiu o confronto a favor da Suíça. Nas simples, Federer bateu Tiafoe, e Serena derrotou Bencic. Os suíços somam duas vitórias, já que haviam batido a Grã-Bretanha de Cameron Norrie e Katie Boulter no dia anterior. Neste Grupo B, Grécia (Tsitsipas e Sakkari) e Grã-Bretanha têm uma vitória cada. Os EUA perderam seus dois confrontos.

– No Grupo A, que só teve uma rodada, Alemanha (Kerber e Zverev) e Austrália (Barty e Edben) superaram, respectivamente, Espanha (Muguruza e Ferrer) e França (Cornet e Pouille).

– Para matar a curiosidade, deixo abaixo o vídeo da bolada na cabeça de Federer. Deve ter doído.

– Uma breve observação sobre a partida de mistas: em vários momentos, Serena levou a mão ao ombro direito. Parecia sentir algum desconforto na região. Depois do jogo, afirmou que não era motivo para preocupação. A ver nos próximos dias se ela voltará a falar sobre o assunto.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.