Daria Kasatkina foi campeã em Moscou, mas foi seu técnico que deu o show
A russa Daria Kasatkina, de 21 anos, conquistou o título do WTA de Moscou neste sábado ao derrotar, de virada, a tunisiana Ons Jabeur: 2/6, 7/6(3) e 6/4. O feito, que colocará Dasha no top 10 pela primeira vez na carreira, teve dois momentos curiosos, em que seu técnico, Philippe Dehaes, roubou a cena.
O primeiro aconteceu na segunda rodada, quando Kasatkina enfrentava a francesa Alizé Cornet. A russa perdeu o primeiro set e estava uma quebra de saque atrás na segunda parcial. Foi aí que Dehaes entrou em quadra para o tempo técnico e disse, entre outras coisas, que "vamos fazer isso [de um jeito] bem simples. Você conhece a Muralha da China? Você vai ser a Muralha da Rússia. É nova no mercado. Sabe o que é? É solidez, solidez extrema, não dar nenhum ponto de graça. O objetivo é não dar ponto de graça." Cornet chegou a sacar para a vitória, mas, no fim, Kasatkina saiu de quadra com um triunfo por 3/6, 7/5 e 6/4.
Dehaes brilhou novamente neste sábado, na final. Jabeur liderava por 6/2 e 4/1 quando o treinador entrou para conversar com Kasatkina e conseguiu motivar sua atleta a uma incrível reação.
"Dasha, essa partida não está terminada. Se você acha que acabou, mudamos o emprego, você e eu. Entende o que eu quero dizer? E eu não quero mudar de emprego. Quero ficar aqui e quero ganhar esse título com você. E vamos fazê-lo porque você vai jogar todos os pontos do mesmo jeito. Você conseguiu contra a Cornet. Você pode. Prove para você que pode lutar até o fim. Pare de pensar que você pode perder e blablabla. Isso é só blablabla."
O resto da história você já leu no primeiro parágrafo. Kasatkina conseguiu a virada sobre (uma esgotada) Jabeur e levantou o troféu. Depois do jogo, a russa disse: "Consegui voltar na partida por causa do meu técnico. Ele entrou na quadra e me colocou no chão novamente. Não sei como ele está fazendo isso, mas ele foi incrível hoje também."
Coisas que eu acho que acho:
– O valor de entretenimento dos tempos técnicos na WTA é incontestável. Mantenho, contudo, minha opinião: sou contra a entrada de treinadores em quadra. Já escrevi o motivo principal aqui muitas vezes, mas repito (só o principal) porque pode haver "leitores de primeira viagem" neste post. O técnico em quadra muda a essência do esporte. Uma das coisas que diferencia o tênis dos outros esportes é exigir que o atleta encontre soluções sozinho dentro de quadra. É o que separa jogadores mentalmente fortes dos demais. É o que mostra quem tem mais capacidade de leitura de jogo.
– Argumentar que o tênis deveria liberar treinadores em quadra "porque todos outros esportes já permitem" é não entender uma das características fundamentais da modalidade.
– Também para quem não tem tanta intimidade assim com o tênis: os tempos técnicos são permitidos apenas nos torneios da WTA. No circuito masculino e nos torneios do grand slam, instruções não são permitidas (vide Serena Williams na final do US Open).
Sobre o autor
Contato: ac@cossenza.org
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.