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Saque e Voleio

Djokovic vira jogo e sobrevive depois de mal estar no calor extremo de Nova York

Alexandre Cossenza

28/08/2018 17h52

O termômetro mostrava 35 graus, a umidade estava na casa dos 50%, e o US Open estava sob política de calor extremo quando Novak Djokovic entrou no Estádio Arthur Ashe para fazer sua estreia no torneio nova-iorquino. Nem a sombra da arena na área de jogo era grande alívio. Pois o sérvio teve dificuldades físicas, perdeu um set e até tomou um banho de gelo antes do fim do jogo, mas resistiu bravamente até fazer 6/3, 3/6, 6/4 e 6/0 sobre o húngaro Marton Fucsovics, #41 do ranking.

O sérvio controlou das ações durante os primeiros 50 minutos da partida, mas enquanto Fucsovics seguia sólido e aceitando ralis com muitas trocas de bola, o favorito começou a mostrar fragilidade na marca de uma hora de jogo sob tanto calor. Passou a errar mais, perdeu o serviço e, em um certo momento, pareceu prestes a vomitar depois de um rali. Djokovic pediu atendimento médico no meio da segunda parcial, mas não adiantou. O húngaro venceu o set por 6/3 e continuou melhor quando a terceira parcial começou.

Foi só na metade do terceiro set que o azarão, liderando por 4/2, deu seus primeiros sinais de fadiga. Cometeu seguidos erros para perder o saque e ceder a igualdade. Mais tarde, sacando em 4/5 e diante de um set point, Fucsovics viu Djokovic fazer seguidas defesas espetaculares e errou uma direita que deu a quebra e o set para o sérvio.

A pausa de 10 minutos antes do quarto set – um alívio dado pela política de calor extremo do torneio – não adiantou muito para Fucsovics, que jamais voltou a mostrar a consistência dos dois sets e meio iniciais. Djokovic conseguiu uma quebra de serviço logo no segundo game e disparou na frente até fechar.

Na entrevista após a partida, ainda dentro de quadra, Djokovic agradeceu à organização do US Open pelos dez minutos de intervalo antes do quarto set e revelou que, durante o período, entrou numa banheira cheia de gelo enquanto Fucsovics fazia o mesmo na banheira ao lado. O sérvio, claro, riu da situação. Afinal, não é todo dia que você fica nu ao lado do adversário antes do fim de uma partida…

O que analisar?

Quando o elemento físico se faz tão presente, fica difícil analisar a parte técnica de qualquer tenista. No entanto, o que Djokovic mostrou durante um set e meio, enquanto pareceu inteiro, foi animador. Sua movimentação, a solidez do fundo de quadra (nove erros não forçados em nove games) e o aproveitamento de saque (63% de aproveitamento e 89% de pontos vencidos com o fundamento no primeiro set) foram muito bons.

Havia, claro, margem para melhorar – o que deve deixar seus fãs animados – mas a questão física deixou um pequeno ponto de interrogação. Se Djokovic teve o mérito de resistir enquanto esteve passando mal, um adversário mais forte do que Fucsovics talvez não tivesse perdido o terceiro set, o que deixaria tudo mais complicado.

Menos mau que a previsão para Nova York é de temperaturas mais baixas e céu nublado a partir de quinta-feira. Melhor ainda para Nole que sua chave não é das piores. Na segunda rodada, vai encarar Tennys Sandgren. Na terceira, Richard Gasquet ou Laslo Djere. Nas oitavas, quem avançar do grupo encabeçado por Lucas Pouille e Pablo Carreño Busta. A julgar pelo que mostrou na estreia, tanto técnica quanto fisicamente, será uma zebra enorme o sérvio cair antes do esperado duelo com Roger Federer nas quartas.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.