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Saque e Voleio

Estreia de Andy Murray em Washington não poderia ter sido mais ... típica

Alexandre Cossenza

31/07/2018 12h11

A participação de Andy Murray no ATP 500 de Washington é, de certo modo, a volta da volta do britânico ao circuito. O ex-número 1 do mundo ficou quase um ano afastado e jogou em Queen's no mês passado. Fez uma partida lá e outras duas em Eastbourne, conseguindo apenas uma vitória. Não ficou feliz, retirou seu nome da chave de Wimbledon e passou a treinar em quadras duras. Por isso, a atuação na capital americana mereceu tanta atenção.

O retorno do retorno aconteceu com vitória: 3/6, 6/4 e 7/5 sobre Mackenzie McDonald (#80) numa partida que teve muitos dos elementos que nos acostumamos a ver em jogos com Murray em quadra – e isso não é exatamente um elogio. Como era de se esperar de alguém que não disputava um torneio em quadras duras desde março de 2017, o escocês sacou mal, jogou com muitas bolas curtas, precisou passar mais tempo do que o ideal se defendendo lá no fundão e, no fim, encontrou uma maneira de vencer.

Não foi a mais empolgante das apresentações para os fãs do britânico. O toss esteve errático, e a direita esteve curta e sem peso. O backhand, como sempre, foi seu golpe mais sólido. A defesa funcionou relativamente bem. E, sejamos justos, McDonald deu uma forcinha no final. Apesar de salvar cinco match points no décimo game, o americano voleou uma bola do lado oposto da rede no 30/30 do 5/5. Cometeu um erro não forçado em seguida e deu, de graça, a quebra que decidiu o jogo.

Quem clicou no vídeo do tweet acima, percebeu que não foi uma vitória qualquer para Murray, e isso nem tem muito a ver com os cinco match points perdidos. É como se o britânico encarasse este momento como uma segunda carreira (ou terceira, se considerarmos a lesão no quadril de anos atrás). Vai demorar até que ele volte – se voltar – a jogar o nível de tênis absurdo que exibiu em 2016. Portanto, cada vitória vale muito. E é ótimo vê-lo feliz assim.

Coisas que eu acho que acho

– Um fator altamente positivo: mentalmente, Murray esteve bem. Gritou, resmungou, reclamou de si mesmo, mas manteve-se na partida, mesmo jogando mal, até encontrar uma maneira de vencer.

– Outro fator muito positivo: o escocês não se queixou de questões físicas e se movimentou bem durante o jogo. Apenas disse que foi um jogo duro, reconheceu que sacou mal, que não estava batendo limpo na bola e que estranhou por não jogar à noite há muito tempo. "As coisas melhoraram com o decorrer do jogo, então isso ajudou… Cometi menos erros, mas gostaria de jogar um tênis melhor na próxima partida."

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.