Topo

Saque e Voleio

5 roteiros interessantes para você acompanhar no pré-US Open

Alexandre Cossenza

27/07/2018 09h20

O pré-US Open começou oficialmente nesta semana, com os primeiros torneios de quadra dura depois de Wimbledon. O circuito masculino tem o ATP 250 de Atlanta enquanto a WTA tem o International de Nanchang. São dois eventos modestos e que não contam com muitos nomes de peso, mas é agora que todo mundo começa a olhar para o próximo slam.

Semana que vem, com o Premier de San Jose e o ATP 500 de Washington, a coisa já começa a esquentar de verdade. Falta pouco mais de um mês para o US Open, que começa no dia 27 de agosto, e já dá para pensar em algumas histórias que serão interessantes para acompanharmos até lá. Eu sugiro ficar de olho nos roteiros abaixo:

1. Federer só em Cincinnati

Roger Federer é minha história preferida para acompanhar porque o suíço vive momento incomum, com um punhado de resultados e atuações abaixo do esperado este ano – desde o revés para Kokkinakis em Miami, incluindo a derrota para Coric em Halle, até a incrível virada de Kevin Anderson em Wimbledon.

Para o pré-US Open, o suíço escolheu não jogar em Toronto. Se, por um lado, é uma maneira de jogar um torneio, somar pontos e chegar descansado a Nova York (lembremos que ano passado uma lesão nas costas sofrida em Montreal comprometeu seu US Open), também significa encontrar o resto do circuito em Cincinnati, quando todos já estarão em ritmo de competição e com um ou dois torneios de quadra dura nas costas. Federer, que chegará depois de um mês sem jogar, não terá muito tempo para ganhar ritmo de jogo. Ou começo o torneio em alto nível ou corre o risco de perder cedo e passar duas semanas só treinando para o US Open, o que estaria longe de ser o cenário ideal no momento.

2. A volta de Murray

Andy Murray voltou ao circuito em Queen's, mas, na verdade, não voltou. Perdeu um jogo para um combalido Kyrgios, depois tombou diante de Edmund em Eastbourne e percebeu que não estava pronto para jogar cinco sets. Por isso, não foi a Wimbledon e foi treinar em quadra dura. Está, atualmente em Washington, onde acontece um ATP 500 na semana que vem.

É bem possível que no piso sintético, com pontos mais longos e exigentes, fique mais clara a real condição física do britânico. Ele mesmo tem dúvidas se voltará a competir no nível de antes, e sua ausência é sentida no circuito. As próximas semanas serão importantíssimas para o ex-número 1, por isso é bom ficar de olho no nível de tênis que ele vai (ou não) mostrar.

🗣 ANDY'S HERE! . . . #CO50 @andymurray #ATP

Uma publicação compartilhada por Citi Open (@citiopen) em

3. O momento de Eugenie Bouchard

A canadense ex-top 5 saiu do top 100 no começo do ano e fez pouco depois (ou antes) disso. Sofreu derrotas decepcionantes e e anotou poucas vitórias relevantes. Conseguiu, no entanto, furar o quali de Wimbledon, onde perdeu para Ashleigh Barty na segunda rodada. Mais do que isso: em seu último torneio, no saibro, avançou até as semifinais, quando se lesionou e abandonou o jogo contra Alizé Cornet.

Não deixam de ser resultados animadores, mas o histórico recente nos faz ver tudo relacionado ao tênis de Eugenie Bouchard com certa cautela. Por isso, é bom ver o que ela vai mostrar no pré-US Open. Atual #123 do mundo, talvez ela volte a mostrar um tênis digno de seu currículo com mais frequência. Ou, quem sabe, seus momentos mais interessantes continuarão aparecendo em sua conta no Instagram, cheia de imagens de viagens, comida, etc.

Eating sushi in the Swiss alps how's your day

Uma publicação compartilhada por Genie Bouchard (@geniebouchard) em

4. O calendário de Dominic Thiem

Okay, o calendário de Dominic Thiem é tema de debate no circuito há alguns anos, mas nem por isso deixa de ser interessante. É um dos roteiros que eu, particularmente, gosto de seguir. Especialmente porque seu excesso de jogos no primeiro semestre já foi responsável (ou, pelo menos, responsabilizado) por resultados ruins na segunda metade do ano, só que os problemas do austríaco na quadra dura não se resumem a cansaço.

O próprio Thiem é o primeiro a dizer que precisa jogar para ganhar ritmo e confiança. Só isso justifica ele estar no saibro de Hamburgo nesta semana e continuar na terra batida, em Kitzbuhel, na semana que vem, depois de abandonar Wimbledon com uma lesão nas costas. O austríaco ainda emenda os dois eventos com Toronto e Cincinnati, chegando a quatro semanas seguidas sem descanso. Será que o ritmo e a (possível) confiança adquiridos no saibro ajudarão em sua campanha na América do Norte?

5. A arrancada de Djokovic

É muito cedo para falar em mudança de mãos na liderança do ranking, já que Nadal tem 2.230 pontos a mais do que Federer e 5.955 sobre Novak Djokovic, o atual décimo na lista da ATP. Mas a gente sabe que Nole não tem ponto nenhum a defender no segundo semestre e, em grande forma, pode fazer estrago daqui até o fim do ano, e ainda há 8.500 pontos na mesa.

Como este post é sobre o que acompanhar no pré-US Open, é importante considerar que o que vai acontecer em Toronto e Cincinnati pode ajudar muito Djokovic a transformar a disputa de Nadal e Federer numa corrida de três pessoas. Se Djokovic atropelar e somar bastante nesses dois torneios ((sim, vale lembrar que Cincy é o único evento, entre slams e Masters, que ele ainda não conquistou), coloca uma pressãozinha sobre Rafael Nadal. Ainda mais porque, mais tarde, o espanhol vai ter dois mil pontos para defender em NY.

Além disso, é claro, existe a questão do ranking do sérvio e de onde ele vai se encaixar na chave em Flushing Meadows. Caso continue fora do grupo dos quatro primeiros, ele pode encontrar Federer ou Nadal nas quartas de final. Seu ranking em Nova York pode afetar muito a briga pelo número 1.

Coisas que eu acho que acho

– Não é exatamente um "roteiro", por isso não incluí num dos parágrafos acima, mas vale a menção de que o primeiro grande torneio a seguir é o WTA de San Jose, que começa na segunda-feira. A chave tem Serena Williams, Garbiñe Muguruza, Madison Keys, Venus Williams, Victoria Azarenka, Johanna Konta e Kristina Mladenovic, além de entre outros nomes menos badalados, mas interessantes.

– Ainda que fora do tópico deste post, vale registrar a boa campanha de Thiago Monteiro, que parou nas quartas final de Hamburgo. Perdeu no qualifying, mas entrou como Lucky loser e bateu Gilles Simon e Fernando Verdasco. Foi eliminado nesta sexta por Jozef Kovalik (#113) por 3/6, 6/3 e 6/2. Foi o mesmo Kovalik que havia superado o cearense no qualifying. Atual #146 do mundo, Monteiro vai subir para perto do 120º posto.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.