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Saque e Voleio

Dura lição do ano passado fez Roger Federer evitar o Masters de Toronto

Alexandre Cossenza

24/07/2018 07h00

Roger Federer anunciou que não disputará o Masters 1.000 de Toronto este ano. O suíço voltará aos torneios apenas na semana seguinte, no Masters 1.000 de Cincinnati, que começa no dia 12 de agosto, duas semanas antes do US Open. É uma mudança considerável em relação ao calendário de torneios de Federer do ano passado, mas é compreensível a decisão do ex-número 1.

Primeiro, a justificativa oficial: no comunicado distribuído pelo torneio, Federer diz que "…infelizmente, com o calendário sendo a chave para minha longevidade, decidi me retirar de Toronto este ano." É uma frase simples, mas que não deixa dúvidas. A grande meta do tenista no momento é o US Open, e jogar em Toronto pode colocar esse torneio (e um pouco mais) em risco.

Foi isso, afinal, que aconteceu no ano passado. Após mais de um mês sem jogar depois de Wimbledon, Federer foi a Montreal e sofreu uma lesão nas costas. Além de perder a final do torneio para Alexander Zverev, ficou fora de Cincinnati e não chegou a Nova York em condições ideais. Precisou jogar cinco sets para derrotar Frances Tiafoe e Mikhail Youzhny e acabou derrotado nas quartas de final diante de Juan Martín Del Potro. É justo que o suíço tenha ficado imaginando o que teria acontecido em Flushing Meadows se ele estivesse 100% fisicamente.

A sequência Canadá-Cincinnati é uma das mais duras do ano para o suíço. São dois Masters – em tese, sempre com adversários perigosos – em semanas consecutivas e jogos em dias seguidos. Em 2017, Montreal foi apenas o segundo torneio do calendário em que Federer precisou jogar mais de duas vezes em dias seguidos (Halle, na grama, foi o outro).

Este ano, Federer já fez jogos consecutivos no ATP 500 de Roterdã (quando brigava para ser número 1 do mundo), no 250 de Stuttgart e no 500 de Halle. Não convém abusar em dois Masters de quadra dura às vésperas de um slam. O #2 do mundo, aliás, faz aniversário no período do torneio de Toronto. Ir aos dois torneios talvez fosse pedir demais de um corpo de 37 anos.

Coisas que eu acho que acho

– Vai ser interessante acompanhar a montagem do calendário de Federer até o resto do ano, vendo o quanto suas chances de voltar ao topo do ranking e suas parcerias comerciais vão influenciar no número de torneios disputados. Vale lembrar que ele estará na Laver Cup, que ele mesmo promove e que termina uma semana antes da sequência Tóquio/Pequim-Xangai, onde há 1.500 pontos em jogo.

– Além dos pontos, é claro, vale lembrar que Federer: tem o patrocínio de uma marca japonesa, o que pode fazê-lo jogar em Tóquio, na semana de 1º de outubro; é patrocinado pela Rolex, que dá o nome ao Masters de Xangai, jogado na semana seguinte à de Tóquio; e nasceu na Suíça (dã!), onde há o ATP 500 da Basileia na semana de 22 de outubro. Seriam três torneios em quatro semanas, sem contar o Masters de Paris, com início dia 29, que também leva o nome da Rolex. É muito compromisso comercial pra um tenista só. É bastante provável que o evento francês seja descartado como em 2017.

– A ATP anunciou ontem mudanças significativas no circuito Challenger. A partir de 2019, todos torneios da série terão chave de 48 tenistas e qualifying de apenas quatro atletas (dois entram na chave). Os eventos começarão sempre às segundas (qual inclusive), e os tenistas sempre terão direito a hospedagem. Haverá cinco níveis diferentes de Challenger. Comentarei o time mais adiante, trazendo opiniões de pessoas envolvidas no circuito.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.