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Saque e Voleio

Serena passa em teste mais duro desde Roland Garros, Federer bate recorde da grama

Alexandre Cossenza

06/07/2018 16h50

Favorita absoluta a mais um título em Wimbledon, Serena Williams viu, nos últimos dias, duas grandes candidatas tombarem de forma precoce. Primeiro, Petra Kvitova caiu na estreia. Depois, foi Garbiñe Muguruza que se despediu na segunda rodada. Nesta sexta-feira, a ex-número 1 do mundo passou por um duríssimo teste com louvor. Bateu Kristina Mladenovic por 7/5 e 7/6(2) para assegurar seu lugar nas oitavas de final.

Contra "Kiki", Serena encontrou uma rival com saque igualmente veloz (o primeiro serviço da francesa, em média, registrou 174 km/h, contra 172 km/h da americana, enquanto o segundo serviço Serena registrou 146 km/h de média, contra 145 km/h da oponente), golpes de fundo potentes, voleios competentes e ótimas devoluções – não por acaso, Mladenovic já ganhou dois slams em duplas e outros dois em duplas mistas.

Além de precisar se movimentar bem, Serena precisou brigar para ser a agressora em cada ponto. E, não bastasse tudo isso, ainda viveu aqueles pontos "grandes". Mladenovic sacou em 30/30 para fechar o primeiro set e teve um break point para fazer 5/4 no segundo. A americana foi brilhante quando precisou. Tanto na virada do fim da primeira parcial quanto no tie-break, quando abriu 4/0 e fechou as portas para a adversária.

Foi o teste mais duro de Serena desde o pós-Miami, e a ex-número 1 passou com sobras. Jogou com margens mínimas e foi tão enorme quanto… sempre. E se não soubesse da gravidez, eu não seria capaz de dizer, vendo a partida de hoje, que esta Serena Williams deu à luz em setembro e, em março, mostrava-se tão pouco competitiva (em comparação com seu nível normal, claro).

A americana segue favoritíssima ao título e vai enfrentar na próxima rodada a russa Evgeniya Rodina, que venceu uma montanha russa de partida contra Madison Keys por 7/5, 5/7 e 6/4. Rodina ganhou nove games seguidos para virar a primeira parcial e abrir 4/0 na segunda. Levou uma incrível virada, mas voltou ao jogo e saiu vitoriosa.

O outro favoritaço do dia venceu sem drama. Roger Federer até encontrou resistência de Jan-Lennard Struff no segundo set, mas saiu de quadra com um triunfo por 6/3, 7/5 e 6/2. O suíço continua eficiente no serviço, ganhando 93% dos pontos com o primeiro saque e 68% com o segundo nesta sexta. Não cedeu um break point sequer e passou para encontrar Adrian Mannarino nas oitavas.

O registro mais importante do dia em relação ao suíço é que a vitória de hoje foi sua 175ª na grama. Ele ultrapassou Jimmy Connors e passou a ser o homem com mais vitórias na superfície em toda história do tênis.

E o que mais?

Venus Williams não teve a mesma sorte da irmã e perdeu para Kiki Bertens: 6/2, 6/7(5) e 8/6. Um resultado que soma a uma temporada que não vem sendo nada boa para a veterana de 38 anos, que ainda é a número 9 do mundo, mas que deixará o top 10 por causa da campanha em Wimbledon – Venus foi vice-campeã no ano passado. Em 2018, seu melhor resultado foi a semifinal em Indian Wells. Depois de Miami, venceu três jogos e perdeu outros três.

Próxima rival de Bertens, Karolina Pliskova também esteve perto de comprar a passagem de volta para a casa. Mihaela Buzarnescu teve 6/3 e 4/1 de vantagem, mas a tcheca encontrou uma maneira de entrar no jogo. Quando a romena perdeu um 0/30 no saque de Pliskova em 5/5, também perdeu a cabeça. Pliskova foi melhor no tie-break do segundo set e logo disparou na frente na parcial decisiva. Por fim, avançou por 3/6, 7/6(3) e 6/1.

Na chave masculina, Alexander Zverev, ainda pela segunda rodada, voltou a vencer em cinco sets – fez isso três vezes em Roland Garros – aproveitando-se de uma jornada muito abaixo do esperado de Taylor Fritz. O americano, que vencia por 2 a 1 quando a partida foi interrompida ontem, voltou muito mal e ofereceu pouca resistência hoje. Sascha avançou por 6/4, 5/7, 6/7(0), 6/1 e 6/2.

Dia ruim nas duplas

Atuais campeões de Wimbledon, Marcelo Melo e Lukasz Kubot foram eliminados na segunda rodada por Jonathan Erlich e Marcin Matkowski: 6/7(5), 6/4, 7/6(4) e 7/6(8). A parceria que saiu de tantas situações enroscadas no ano passado não conseguiu repetir a campanha. Nada de anormal quanto a isso. Atual #4 do mundo, o mineiro cairá, na melhor das hipóteses, para o décimo posto – ainda pode ser ultrapassado por alguns nomes.

Marcelo Demoliner e Santiago González, também na segunda rodada, também deram adeus. Tombaram diante de Inglot e Skugor, que fizeram 6/3, 4/6, 7/6(5), 2/6 e 6/2. O único brasileiro a vencer foi Bruno Soares, que estreou com vitória ao lado de Jamie Murray. A parceria derrotou Lorenzi e Ramos com facilidade: 7/5, 6/2 e 6/1. Eles vão encarar Ebden e Fritz na sequência.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.