Topo

Saque e Voleio

Djokovic mostra força, enquanto Kvitova decepciona e dá adeus no 2º dia de Wimbledon

Alexandre Cossenza

03/07/2018 15h49

O segundo dia de Wimbledon trouxe já uma enorme surpresa: Petra Kvitova, bicampeã do torneio e mais cotada ao título na maioria das casas de apostas, deu adeus. A tcheca foi eliminada pela bielorrussa Aliaksandra Sasnovich, 24 anos e #50 do mundo, por 6/4, 4/6 e 6/0. A jornada também teve as estreias dos também candidatos ao título Garbiñe Muguruza, Rafael Nadal e Novak Djokovic. Analisemos, então, um pouco de cada um desses confrontos.

Sobre a derrota de Petra Kvitova, a partida pareceu um pesadelo para a tcheca, que teve lá seus belos momentos, mas também foi imprecisa, insegura e impaciente. Mesmo quando venceu o segundo set, a número 7 do mundo não parecia confiante, o que seria normal num dia comum. Quando foi quebrada no começo do terceiro set, perdeu o rumo mentalmente e não conseguiu voltar.

Difícil dizer se os dias sem treinar foram os responsáveis pela imprecisão de hoje (Kvitova abandonou Eastbourne, na última semana, por causa de dores no músculo posterior da coxa) ou o quanto o vento atrapalhou. Kvitova disse que "querer demais" atrapalhou. Que a mente não estava clara, a mão parecia pesada, e os pés estavam lentos. Sasnovich, devolvendo tudo e mostrando precisão nas passadas sempre que a favorita foi à rede, fez sua parte com muita competência. Mereceu bastante a vitória.

A maior consequência do resultado é que facilita o caminho para Halep, Sharapova e Ostapenko. Quer dizer, teria facilitado se Maria Sharapova também não tivesse tombado de forma surpreendente. A russa sacou em 5/3 no segundo set para despachar a compatriota russa Vitalia Diatchenko (#132 do mundo), mas perdeu o serviço, perdeu o tie-break da parcial e acabou perdendo a partida: 6/7(3), 7/6(3) e 6/4. Agora, é Ostapenko que tem o caminho livre. Ela encararia Sharapova na terceira rodada e Kvitova nas oitavas. Agora, pode chegar às quartas sem enfrentar nenhuma top 20 (parágrafo atualizado às 17h15min de Brasília, após a eliminação de Sharapova).

Rafael Nadal não teve problemas em seu primeiro jogo oficial na grama em quase um ano. O bicampeão de Wimbledon aplicou 6/3, 6/3 e 6/2 sobre Dudi Sela, um oponente que não tinha armas para incomodar o favorito. Não que tenha sido um jogo brilhante de Nadal. O que o #1 do mundo fez com muita competência foi capitalizar em seu melhor momento em quadra – o período no fim do primeiro set e no começo do segundo, quando venceu cinco games seguidos e meio que acabou ali mesmo com as esperanças do israelense.

Daí a dizer que Nadal briga pelo título ainda existe uma grande distância. O espanhol sabe que o piso minimiza seus pontos mais fortes e que, por isso, precisa estar "voando" para ir longe. Não há margem para bolas curtas, seu segundo saque não pode fraquejar, e o backhand angulado tem que mostrar precisão o tempo inteiro. Nadal nem chegou perto desse nível hoje. O jogo de segunda rodada contra Kukushkin, um rival que bate forte e reto na bola, exigirá muito mais do espanhol.

Por enquanto, me empolga muito mais o tênis mostrado por Novak Djokovic na grama. Tanto em Queen's, onde foi vice-campeão, quanto na curta amostra desta terça-feira, na vitória por 6/3, 6/1 e 6/2 sobre Tennys Sandgren, #57 do mundo. Nole segue mostrando ótima velocidade de deslocamento no fundo de quadra. Juntando isso com sua regularidade – cada vez mais perto "daquele" nível – e suas devoluções, o sérvio é, sim, um forte candidato ao título. É óbvio que ainda há muita coisa pela frente, mas sua chave também ajuda, com dois cabeças eliminados: Thiem e Verdasco. Neste momento, Kyle Edmund parece ser seu principal obstáculo no caminho até as quartas.

Completando o quarteto de favoritos, Garbiñe Muguruza venceu a britânica Naomi Broady por 6/2 e 7/5. A espanhola também não foi exigida demais. Ganhou um primeiro set de forma confortável porque a tenista da casa lutou bravamente, salvando seguidos break points. No 12º game, contudo, Broady abriu com duas duplas faltas e não conseguiu se recuperar.

Nada de especial a destacar sobre a atual campeã de Wimbledon, que segue para encarar Alison Van Uytvanck na segunda rodada. No caminho da espanhola, seguem Angelique Kerber, que bateu Vera Zvonareva (sim, aquela!), e Simona Halep, que passou por Kurumi Nara.

E o que mais?

Na chave masculina, Alexander Zverev e Juan Martín del Potro confirmaram seu favoritismo, mas o cabeça 7, Dominic Thiem, foi eliminado por Marcos Baghdatis. O cipriota vencia por 6/4, 7/5 e 2/0 quando o austríaco abandonou a partida. Entre as mulheres, a maior cabeça eliminada foi Caroline Garcia, superada pela suíça Belinda Bencic.

Nick Kyrgios, que continua com uma devolução de saque num nível muito abaixo do resto de seu tênis, precisou de quatro sets – e três tie-breaks – para derrotar Denis Istomin: 7/6(3), 7/6(4), 6/7(5) e 6/3. Para sair com a vitória, contou com a ajudinha de 42 aces. É seu recorde na carreira.

Falando em recordes, Feliciano López acaba se de tornar o tenista que mais disputou slams de forma consecutiva. Wimbledon é seu 66º torneio. A marca anterior era de Roger Federer, com 65.

Coisas que eu acho que acho:

– O Metro traz uma ótima entrevista com Andre Agassi. É a primeira vez que ele fala abertamente sobre a parceria com Novak Djokovic e os motivos pelos quais o trabalho não deu certo. Recomendo bastante a leitura.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.