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Serena Williams, #183 do mundo, será cabeça de chave em Wimbledon: entenda por quê

Alexandre Cossenza

27/06/2018 09h27

Wimbledon anunciou nesta quarta-feira os cabeças de chave para o torneio que começa semana que vem. A "novidade" interessante é que, mantendo uma tradição de alterar as posições sempre que julga necessário, a organização colocou Serena Williams, atual número 183 do mundo, como cabeça de chave. A americana será a 25ª pre-classificada e, portanto, não enfrentará outra cabeça nas duas primeiras rodadas (lista completa aqui).

Embora alterações assim já não sejam tão comuns quanto no passado, Wimbledon e os outros slams têm o direito de distribuir cabeças de chave como acharem necessário. O slam britânico, inclusive, tem um "seeding committee", uma espécie de comitê de chaveamento que avalia e faz alterações em determinadas situações. Não é sempre que isso acontece. Ano passado, por exemplo, não houve mudanças.

No caso deste ano, é fácil entender a inclusão de Serena. A americana é heptacampeã de Wimbledon. Levantou o troféu lá em 2002, 2003, 2009, 2010, 2012, 2015 e 2016. Não fosse cabeça de chave, a mais jovem das irmãs Williams poderia encarar qualquer outra candidata ao título na estreia, e ninguém queria vê-la contra uma Simona Halep, atual #1, ou uma Petra Kvitova, bicampeã na grama do All England Club, logo na primeira rodada. Wimbledon alega que esses ajustes são uma forma de "equilibrar a chave".

A matemática do masculino

Na chave masculina, as alterações são mais frequentes do que na feminina, mas porque o All England Club tem um acordo com a ATP. Desde 2002, a ordem de chaveamento segue uma fórmula que tem como objetivo privilegiar os tenistas com bom desempenho na grama.

O cálculo nem é tão complicado. Basta pegar os pontos de um tenista no ranking do dia 25 de junho, somar 100% dos pontos conquistados na grama nos 12 meses anteriores e, em seguida, somar 75% dos pontos conquistados na grama nos 12 meses anteriores. Ou seja, até resultados de 2016 entram nessa matemática. Simples assim.

É por isso que Roger Federer, atual campeão de Wimbledon e semifinalista em 2016, será o cabeça de chave número 1 este ano. Rafael Nadal, atual líder do ranking mundial, será o cabeça 2. E como o torneio segue uma fórmula com a qual a ATP concordou, não há decisões subjetivas nem polêmicas.

Coisas que eu acho que acho:

– Sempre que alguém ganha um posto de cabeça de chave, alguém também perde. Desta vez, a vítima foi Dominika Cibulkova, 32ª do ranking, que não será cabeça. A eslovaca reclamou bastante, argumentando que tinha o direito de ser cabeça de chave por sua posição no ranking.

– No caso específico de Serena, a discussão é mais complexa porque a americana despencou no ranking por motivo de gravidez. Não foi lesão, desinteresse ou fase ruim. A questão passou a ser "uma mulher merece ser prejudicada por ser mãe?".

– Já citei opiniões diferentes de partes interessadas em posts anteriores, então não vou entrar a fundo o tema novamente. Porém, para quem está por fora, lembro que o regulamento atual foi aprovado pelo conselho de jogadoras, mas o assunto voltou à tona na WTA justamente por causa de Serena e será discutido novamente. Pode ser que as mamães ganhem esse benefício de serem cabeças de chave por um período após a gravidez (se seu ranking pré-gravidez justificar, é claro).

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.