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Margaret Court: 'Sempre precisei jogar meu melhor contra Maria Bueno'

Alexandre Cossenza

11/06/2018 09h29

Maior campeã da história do tênis, a australiana Margaret Court tem no currículo 64 títulos em torneios do Grand Slam. Foram 24 em simples, 19 em duplas e 21 em duplas mistas. Hoje, com 75 anos, é pastora de uma igreja em Perth, na costa oeste de seu país. Nos seus tempos de circuito, foi uma grande rival da brasileira Maria Esther Bueno, que morreu na última sexta-feira.

Na semana passada, enquanto preparava um especial com dados e histórias sobre a maior atleta que o Brasil teve, comecei a trocar emails com Margaret. Ela ficou triste ao saber do estado de saúde de Maria Esther e só teve coisas boas a dizer da antiga rival. Leiam:

Maria Bueno era a queridinha do tênis feminino no fim dos anos 1950 e no começo dos anos 1960. Ela era tão graciosa em quadra e uma grande campeã! Foi uma embaixadora do tênis e sempre atraiu os holofotes. Era sempre a favorita do público, especialmente na Europa.

Mas como era enfrentá-la?

Maria era sempre uma grande força dentro de quadra. Foi a primeira número 1 do mundo que enfrentei. Eu sempre precisei jogar meu melhor contra a Maria e tivemos muitas finais Bueno-Court!

A senhora tem uma favorita entre essas tantas finais?

Minha partida preferida foi a de quartas de final do meu primeiro Australian Open, em 1960. Eu tinha perdido para a Maria antes, em Adelaide, na primeira vez que nos enfrentamos. Eu era uma menina de interior com 17 anos e enfrentando a número 1. Para mim, passar para a semifinal foi um feito porque significava ganhar de uma número 1 e eu percebi que meu sonho de ser a primeira australiana a ser campeã de Wimbledon poderia se realizar. Aquilo me deu uma enorme dose de confiança [Margaret Court conquistou seu primeiro título de simples em Wimbledon três anos depois, em 1963. Na modalidade, ela foi tricampeã do torneio britânico].

Maria Esther fala com muito orgulho da final de Wimbledon de 1964 [veja trechos no vídeo acima], especialmente porque ela derrotou a número 1 do mundo na época, a melhor tenista daqueles tempos, que foi a senhora. Tem alguma lembrança particular sobre aquela partida?

Quando enfrentei a Maria na final de 1964, foi uma batalha. Três sets [Maria Esther venceu por 6/4, 7/9 e 6/3]. Maria estava em sua melhor fase e jogou seu melhor tênis. Ela era uma adversária formidável!

Vocês conquistaram um slam juntos nas duplas, em 1968, no US Open. Como foi a sensação de ter uma rival finalmente ao seu lado?

Em 1968, conquistamos o primeiro título de duplas femininas no primeiro torneio aberto para amadoras e profissionais em Forest Hills [então sede do US Open]. Naqueles tempos, a maioria dos jogadores participava de simples, duplas e duplas mistas. Maria fazia sucesso em simples e duplas, então nos juntar e conquistar o título foi ótimo para nós duas. tínhamos muito respeito uma pela outra dentro e fora de quadra.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.