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Saque e Voleio

Contra Muguruza, Sharapova provou do próprio veneno e não teve plano B

Alexandre Cossenza

06/06/2018 10h22

Maria Sharapova é uma tenista alta, que pega forte na bola dos dois lados, tem um belo saque, uma devolução perigosíssima e se movimenta muito bem para alguém com 1,88m de altura. O que pode ser mais perigoso do que uma adversária assim em Roland Garros?

A resposta é alguém quase tão alto, que também pega forte na bola dos dois lados, que saca melhor, que pressiona em todas devoluções e que também se movimenta melhor e se defende melhor. Garbiñe Muguruza, 1,82m, foi tudo isso nesta quarta, e a combinação foi mortal para Sharapova, terminando num placar de 6/2 e 6/1 que colocou a espanhola nas semifinais de Roland Garros.

Desde o começo, o plano de Muguruza ficou evidente. Atacar todas devoluções possíveis. Com o golpe calibrado, a espanhola fez estrago. Sharapova, que não sabe jogar na defesa, também não conseguia atacar. Nem quando conseguia entrar num rali obtinha sucesso consistente. Muguruza se movia melhor, aprofundava mais as bolas, mantinha a russa lá atrás. Sharapova mal conseguia folga para experimentar suas curtinhas.

O resultado aparece nas estatísticas que a WTA destacou no tweet acima. Sharapova forçou o jogo no segundo set e terminou com nove erros não forçados só de direita. Além disso, não executou nenhum winner desde a linha de base. Com o saque, então, venceu apenas cinco pontos em 26 segundos serviços. Nenhum no segundo set.

As estatísticas do segundo set, aliás, mostram bem o quanto Sharapova se perde quando seu plano A não funciona. A russa continua sem variação de jogo. Hoje, quando tudo deu errado, o que ela fez foi forçar mais em golpes que já não vinham dando resultado. Apenas cavou a cova mais rápido.

No fim das contas, Muguruza foi pouco exigida. Manteve seu plano inicial de jogo até o fim. Foi taticamente obediente e, claro, competentíssima na execução. Ela avança às semifinais de Roland Garros e mantém na briga para voltar ao posto de número 1 do mundo. A semifinal contra Simona Halep – que derrotou Angelique Kerber por 6/7(2), 6/3 e 6/2 – será um confronto direto pela posição.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.