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Saque e Voleio

Coletiva mostra como Djokovic sentiu o golpe

Alexandre Cossenza

06/06/2018 11h39

Alguns meses atrás, o mundo questionava se Novak Djokovic ainda tinha motivação para voltar a jogar em alto nível e brigar por títulos grandes. Suas declarações em Miami e Indian Wells, após derrotas precoces, eram preocupantes. Além de dizer coisas do tipo "é o que é" e "a vida continua", Nole deu declarações em tom neutro, como se não estivesse tão incomodado com os reveses e o momento que vivia no circuito.

Flash forward para 5 de junho. Nesta terça-feira, Djokovic perdeu uma dura partida para o italiano Marco Cecchinato. Desperdiçou chances no quarto set, não conseguiu converter nenhum dos três set points que conquistou e acabou ficando fora das semifinais de Roland Garros. E se havia alguma dúvida sobre o quão magoado o sérvio ficou com a derrota, as imagens da coletiva de imprensa pós-jogo deixam o cenário bem claro. Vejam no vídeo abaixo.

Para quem não fala inglês ou francês, alguns exemplos traduzidos:

Teve problemas físicos?
"Algumas coisas, nada grande. Não quero falar sobre isso."

O quão difícil é voltar ao nível que você quer?
"É difícil. Muitas coisas na vida são difíceis."

Você consegue articular…
"Não consigo, desculpe."

Quando você acha que vai jogar o primeiro torneio na grama?
"Não sei, não sei se vou jogar na grama."

Outra pergunta sobre a grama:
"Eu não sei, eu não sei o que vou fazer. Acabei de sair da quadra. Desculpa, gente. Eu não posso dar essa resposta. Não sei. Não posso dar resposta nenhuma."

É a derrota mais doída da carreira?
"Não."

Do que você mais sentiu falta na quadra hoje?
"Não sei. Em alguns momentos, sorte."

Qual seu processo para se recompor depois dessa derrota?
"Não sei. Não estou pensando em tênis no momento."

Foi, sem dúvida nenhuma, uma demonstração de abatimento de alguém que acreditava que iria mais longe no torneio e que, obviamente, não ficou satisfeito com o resultado final. E nesse momento, a reação de Djokovic é uma reação de quem pouco se importa com o quanto evoluiu ou se voltou a um nível competitivo. Como ele mesmo diz, lamentando, só "voltei ao vestiário. Foi para lá que eu voltei."

Sim, ele se importa.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.