Topo

Saque e Voleio

Jogando ainda melhor, Serena dá outro passo à frente e marca duelo com Sharapova nas oitavas

Alexandre Cossenza

02/06/2018 15h18

A primeira rodada, contra Kristyna Pliskova, não empolgou. A segunda, contra Ashleigh Barty, tomava o caminho da eliminação até que, uma quebra atrás no segundo set, Serena Williams encontrou seu tênis e aplicou uma grande virada. Neste sábado, na terceira rodada de Roland Garros, a americana deu outro passo à frente, controlou as ações desde o começo e despachou a alemã Julia Goerges, #11 do mundo, por 6/3 e 6/4.

A atuação de hoje, somada ao segundo set contra Barty, é para mudar radicalmente as expectativas em relação a Serena Williams em Roland Garros. Isso porque Goerges nunca realmente teve uma chance. A americana impôs seu peso de bola e foi precisa desde o primeiro game. A alemã só conseguiu esboçar uma ameaça quando conseguiu uma quebra para empatar o jogo em 2/2 no segundo set, mas Serena respondeu rápido, voltando a sufocar a oponente e vencendo o serviço de Goerges imediatamente depois.

Se antes do torneio – e mesmo após a estreia – falava-se em uma tenista acima do peso e sem ritmo, a Serena de agora precisa ser vista como uma séria candidata ao título, embora as casas de apostas ainda a coloquem em terceiro ou quarto lugar na lista de mais cotadas, sempre atrás de Simona Halep e Garbiñe Muguruza. Algumas dessas casas veem Serena atrás também de Maria Sharapova, e é justamente a russa, bicampeã de Roland Garros, que Serena vai encontrar na próxima rodada.

Sim, a chave de Roland Garros vai colocar as duas velhas conhecidas frente a frente já nas oitavas de final. Um duelo que poderia acontecer mais adiante – como já aconteceu, quando fizeram a final do torneio francês em 2013 – e que terá ares de decisão precoce, ainda que nomes de peso como Muguruza, Halep e Wozniacki sigam vivas no torneio.

A evolução

De certo modo, essa evolução de Serena Williams durante o torneio de Roland Garros me lembra de leve (leiam "de leve" com ênfase e negrito mental, por favor) o Australian Open de Roger Federer em 2017. São os maiores vencedores de slam de seus tempos, sem ritmo de competição, analisados com certa desconfiança e que vão, aos poucos, se encontrando e ganhando confiança dentro de uma competição.

Se é possível afirmar que só Roger Federer seria capaz de ganhar aquele torneio aos 35 anos, após chegar a Melbourne sem ritmo, e numa chave que tinha Berdych, Nishikori, Wawrinka e, finalmente, Nadal, dá para dizer o mesmo da americana agora. Se existe alguém no circuito feminino capaz de ganhar um slam pós gravidez, aos 36 anos, ainda acima de seu peso normal de competição, ela se chama Serena Williams.

Nadal aumenta sequência incrível

Não bastava o retrospecto de 15 vitórias em 15 jogos contra Richard Gasquet. Rafael Nadal abriu o duelo de hoje vencendo os 12 primeiros pontos e, no embalo, abrindo 5/0. Se havia alguma esperança de que o francês pudesse fazer um jogo equilibrado, ela morreu ali, longe, muito longe da praia. No fim, Nadal venceu por 6/3, 6/2 e 6/2

Foi um raro caso de jogo que o placar faz parecer que o jogo foi mais difícil do que foi na verdade. Afinal, Gasquet ganhou sete games, mas todos vieram quando ele estava muito atrás no placar. Nadal abriu 5/0 no primeiro set, 4/0 no segundo e 4/0 no terceiro.

Com o triunfo deste sábado, o número 1 do mundo chega a 35 sets vencidos de forma consecutiva. O último set perdido aconteceu em 2015. Em 2016, o espanhol abandonou por lesão após duas vitórias e no ano passado ele foi campeão sem ceder sets. Seu histórico em Paris, não custa lembrar, é de 82 vitórias e duas derrotas. Nas oitavas, ele vai encarar o alemão Maximilian Marterer.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.