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Saque e Voleio

Djokovic passa em duro teste físico e de regularidade para ir às oitavas

Alexandre Cossenza

01/06/2018 11h44

Novak Djokovic teve duas partidas para testar seu tênis em Roland Garros. Foi irregular tanto contra Rogerinho, na estreia, quanto contra Jaume Munar, na segunda rodada. Nesta sexta, diante de um competente Robert Bautista Agut, número 13 do mundo, não havia margem para momentos ruins. O sérvio respondeu à altura, com um tênis sólido e inteligente, e derrotou o espanhol por 6/4, 6/7(6), 7/6(4) e 6/2, em 3h48min, passando por um duro teste de regularidade e condicionamento físico para alcançar as oitavas de final.

O Djokovic que entrou na Quadra Suzanne-Lenglen sabia que não podia se dar ao luxo de mostrar altos e baixos diante de um oponente tão sólido. Não podia ser passivo demais, mas também deveria evitar ataques de baixa porcentagem. Não era o momento de correr riscos desnecessários. O plano era não dar nada de graça, e a execução foi gloriosa.

Dava para ver que a estratégia de Bautista Agut não era muito diferente. Afinal, depois de ver Djokovic mostrar fragilidades durante dois jogos, por que não esperar por mais momentos ruins e se aproveitar deles? Se isso significasse uma partida longa, melhor ainda. Todos sabem que Nole não fez jogos longos desde seu retorno. Além disso, ficou visível sua falta de condicionamento no segundo set contra Nadal em Roma.

Um desses momentos aconteceu na hora mais delicada. Com o tie-break do segundo set igualado em 6/6, Djokovic fez um contragolpe excelente, com uma esquerda na paralela, e teve a bola seguinte com a quadra aberta. Mandou na fita e, furioso, destruiu a raquete. Bautista Agut sacou em 7/6, aproveitou a chance e fechou o set. Nesse momento, a partida, empatada em 1 set a 1, já tinha mais de 2h de duração. Se o espanhol queria um jogo físico, conseguiu.

A maré mudou. Embora Djokovic tenha começado o terceiro set com uma quebra de saque, Bautista Agut era o tenista mais seguro em quadra. Seguiu fazendo o seu, uma bola funda atrás da outra, sem dar muito espaço para Djokovic atacar, exigindo sempre algo especial do sérvio. Não que Nole tenha sido irregular depois daquele tie-break. A questão é que ele sentia o gosto do veneno que aplicou nos rivais durante toda a vida. Desta vez, porém, era Bautista Agut quem parecia ter a melhor mão na mesa. Parecia. O espanhol sacou para o set 5/3, mas foi quebrado. Depois, esteve a dois pontos de vencer a parcial com Nole sacando em 4/5 e 30/30. O ex-número 1 resistiu, forçou o tie-break e foi quase perfeito.

Antes de o quarto set começar, o jogo já tinha mais de 3h10min de duração e, fisicamente falando, Djokovic não se mostrava vulnerável. O jogo se alongava, mas ele seguia inteiro, não importava se o ponto tinha três ou 30 bolas. No fim das contas, foi Bautista Agut que não resistiu. Djokovic, com seu físico e sua regularidade testados, passou na prova com louvor.

Coisas que eu acho que acho:

– Grigor Dimitrov, número 5 do mundo e cabeça 4 em Paris, foi eliminado por Fernando Verdasco em três sets: 7/6(6), 6/2 e 6/4. Zebra? Longe disso. Além do potencial de Verdasco, é preciso lembrar que o búlgaro tem um péssimo histórico em Roland Garros. Foi derrotado na estreia em 2014, 2015 e 2016 e caiu na terceira rodada em 2013 e 2017. Nunca alcançou as oitavas.

– Alexander Zverev escapou de mais uma atuação ruim. Nesta sexta, precisou salvar match point antes de virar o quinto set e eliminar o bósnio Damir Dzumhur, #29 do mundo: 6/2, 3/6, 4/6, 7/6(3) e 7/5. O alemão jogou taticamente mal, errou muito (73 erros não forçados) e foi um desastre na rede (ganhou 29 de 67 pontos, com 43% de aproveitamento). Ganhou porque tem muito mais saque e bola do que Dzumhur.

– Outro resultado interessante da manhã foi a vitória fácil de Kei Nishikori, que despachou Gilles Simon por 6/3, 6/1 e 6/3. O japonês deve encarar Dominic Thiem (que ainda joga hoje contra Matteo Berrettini) nas oitavas.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.