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Serena e Azarenka: todo respeito do mundo às mamães vitoriosas

Alexandre Cossenza

09/03/2018 11h21

A noite das mamães foi um sucesso só em Indian Wells. Primeiro, Serena Williams, que não jogava um torneio valendo pontos na WTA desde o Australian Open do ano passado, derrotou Zarina Diyas (#53) por 7/5 e 6/3. Em seguida, Victoria Azarenka, que não entrava em quadra desde Wimbledon, superou Heather Watson (#70) por 6/4 e 6/2.

Foram momentos especiais para ambas, certamente. Para Serena porque marca o retorno da maior tenista da atualidade, uma superatleta de 36 anos que não se deu por satisfeita e quer fazer ainda mais dentro de quadra. E também para Azarenka, que vive uma situação mais complicada, já que briga na Justiça americana pela guarda do filho, Leo, e isso lhe impede de competir como uma tenista normal. Ela não pode deixar o estado da Califórnia com o filho, então qualquer viagem significaria ficar longe do pequeno Leo.

Ainda é cedo, no entanto, para que esperemos grandes feitos de ambas. Serena ainda está longe do ritmo e do peso ideais – e ela é a primeira a admitir. Brincou, dizendo que numa escala de "zero a Serena", ainda está no "S". Disse que a forma física virá em algum momento e, aí sim, será a hora de buscar coisas grandes. "Tenho minhas metas sobre quando quero estar no meu melhor e quando não quero. Em algum ponto, preciso começar, pular e voar. Cada sia será um desafio para mim, mas estou pronta para superá-lo."

A chave não é a mais dura do mundo. A americana está diante de Kiki Bertens na segunda rodada. Na terceira fase, pode ser Venus do outro lado da rede. O confronto com a irmã pode ser um medidor melhor do que a ex-número 1 pode fazer já em Indian Wells, mas, por enquanto, convém seu cauteloso nas expectativas. Afinal, a vitória contra Diyas já não veio tão fácil assim.

O cenário para Azarenka é mais complicado e não só porque a chave de Indian Wells lhe coloca diante de Sloane Stephens já na segunda rodada. Vika também está longe da forma ideal – é nítida a diminuição de sua massa muscular em comparação com o pré-gravidez – e, mesmo que consiga seguir avançando em IW, ninguém sabe exatamente o que será de seu futuro próximo. Por enquanto, a bielorrussa afirmou apenas que pretende jogar em Miami – sem dar certeza. Infelizmente, enquanto a disputa judicial se arrastar, o cenário para ela vai continuar nublado.

E nunca é demais dizer: passar por nove meses de gestação, ver seu corpo se transformar e trazer alguém ao mundo é uma vitória enorme para toda mulher. Ter uma criança em casa e, ainda assim, encontrar motivação para voltar a treinar, jogar tênis e querer vencer é para poucas. Pouquíssimas. Toda admiração do mundo às Serenas, Vikas, Clijsters, etc.

Coisas que eu acho que acho:

– Maria Sharapova foi eliminada na estreia. Caiu diante de Naomi Osaka por 6/4 e 6/4. Foi seu terceiro revés consecutivo. Já faz quase um ano que a russa voltou ao circuito, e já não existe mais o argumento da falta de ritmo. Seu 2018, por enquanto, não empolga. São cinco vitórias (três delas no fraco WTA de Shenzhen) e quatro derrotas. Muito menos do que se espera de alguém como Sharapova. Ainda que seu ranking, #41, não reflita a realidade (ela não jogou em Roland Garros e Wimbledon), sempre espera-se mais da russa.

– Para não deixar passar… O que mais teve foi frase interessante nas rodas de imprensa pré-IW, mas me chamou atenção especialmente uma declaração de Kevin Anderson. Ele disse que "tênis é um processo. Eu comecei um bom momento no ano passado, em Paris, e agora posso me colocar em posição para vencer. Meu melhor jogo é tão bom quanto o de Federer ou Nadal, mas eles conseguem jogar assim com mais frequência do que eu. Mas sinto que estou evoluindo [na consistência]."

Ninguém pode negar que, num dia inspirado, Anderson é perigosíssimo. Daí a dizer que seu melhor tênis é tão bom quanto o de Federer ou Nadal… Sei não. Além disso, será que Federer e Nadal não jogam bem com mais frequência porque possuem mais recursos?

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.