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Saque e Voleio

De volta ao Ibirapuera: curtinhas sobre o torneio e os brasileiros

Alexandre Cossenza

02/03/2018 11h16

Após dois dias em casa, estou de volta ao Ibirapuera, conferindo o retorno do Brasil Open para sua primeira casa paulista. O local tem suas vantagens e desvantagens, e quem veio este ano deve ter sentido um ar familiar, já que pouca coisa mudou – umas para melhor, outras para pior – em comparação com a edição de 2015, a última antes da mudança para o Pinheiros.

Clima

No ginásio, o evento fica protegido da chuva, evitando uma repetição do drama da final de segunda-feira do ano passado. Isso também permite que a imprensa tenha uma bancada com tomada e WiFi (por favor, não peçam a senha!), além de uma ótima vista para a quadra.

O problema de sempre é que o Ibirapuera não é climatizado. Nos dias quentes, a temperatura aqui dentro não é nada agradável. Este ano, a Koch Tavares não trouxe os climatizadores que amenizavam a situação nem instalou ar-condicionado na sala de imprensa, o que deixa o ambiente longe do ideal para os laptops de jornalistas e fotógrafos.

Ambiente

Ver tênis em São Paulo, seja no Pinheiros, no Ibirapuera, no Harmonia, etc., é mais legal. O público acompanha, entende do assunto e comparece porque quer ver… tênis. É muito diferente, por exemplo, do público carioca, que vai a um evento pelo evento, que vai para ver e ser visto. Que passa horas na área VIP, deixando assentos vazios na quadra central do Rio Open.

Maaaas nesse quesito, o Ibirapuera perde do Pinheiros. No clube, o Brasil Open tinha mais cara de torneio. Era mais fácil circular entre as quadras e ver os jogadores treinando. Com os jogos principais no ginásio, são poucos que se aventuram até a Quadra 1. Até as quadras de treino, então…

Preços

O Ibirapuera tem a capacidade de receber mais gente, o que permite ingressos a preços mais convidativos. Um pacote para todos os dias num assento de fundo de quadra, no anel inferior, custava R$ 590. O Rio Open cobrava R$ 550 apenas por um lugar equivalente na final (pode não ser a mais justa das comparações, mas é a única possível no Brasil).

Lazer

Outro ponto positivo do Ibirapuera, mas só porque a promotora trouxe vários (e bons!) food trucks, que complementaram perfeitamente as lojinhas e as opções de entretenimento em estandes como o da Vivo e da Peugeot.

A chave

Aqui, pouco importa onde é o torneio, já que a chance de aparecer outro Benoit Paire (que pediu WC para jogar no Pinheiros achando que o torneio era indoor) é quase zero. Mas, considerando que o Brasil Open tem provavelmente a pior data do calendário (divide a semana com os ATPs 500 de Acapulco e Dubai), é preciso reconhecer que a chave é interessante, já que reuniu Cuevas, Fognini, Monfils, Ramos e outros bons tenistas bons no saibro.

Rogerinho nas quartas

Se Thomaz Bellucci e Thiago Monteiro perderam jogos ganháveis, Rogerinho aproveitou suas chances e chegou às quartas de final de um ATP pela terceira vez na carreira. Vai encarar Zeballos numa rara oportunidade de fazer uma semi em casa. O paulista, aliás, jogou muito bem com a torcida na vitória sobre Kicker, na noite de quinta.

Clezar em paz

Alguns pontos importantes sobre o gaúcho neste Brasil Open, a começar por sua primeira vitória em nível ATP, que veio sobre Thiago Monteiro, com uma bela atuação. Foi sempre Clezar quem tomou a iniciativa do jogo. O cearense deu poucos pontos de graça.

Além disso, foi interessante constatar que o episódio da Copa Davis ficou no passado. Tanto no Rio quanto em São Paulo, Clezar teve apoio total da torcida quando não enfrentou brasileiros. Que seja assim.

Sendo justo: na época da Davis, escrevi, baseado em relatos, que Clezar tinha fama ruim no circuito. Coisas que ouvi de boleiros e outras pessoas envolvidas em eventos. Pois aqui em São Paulo, só ouvi elogios. O gaúcho foi educado com todos, atendeu os fãs com toda paciência do mundo e tratou todos muito bem. Ouvi coisas bacanas, inclusive de uma pessoa que se disse "positivamente surpresa" com Clezar.

Monfils decepciona

Gael Monfils teve quase uma semana de folga entre a eliminação no Rio e a estreia em São Paulo, mas não esteve tão afiado assim no Ibirapuera e caiu diante de Horacio Zeballos. E sejamos sinceros: o argentino já deveria ter eliminado o francês no Rio. Tirando a vitória sobre Cilic, Monfils não deixou grandes lembranças dentro de quadra na passagem pelo Brasil.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.