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Saque e Voleio

'Atitude não se negocia'

Alexandre Cossenza

15/02/2018 07h00

Diego Schwartzman derrotou Thomaz Bellucci pelas oitavas de final do ATP 250 de Buenos Aires: 3/6, 6/3 e 6/2. Está longe de ser um resultado espantoso, considerando o momento de ambos. No entanto, o jogo começou com o argentino cometendo mais erros não forçados do que de costume – foram 14 só no primeiro set. O brasileiro aproveitou, mesmo com altos e baixos.

Da segunda parcial em diante, porém, Schwartzman, atual #24 do mundo, encontrou um ritmo, passou a errar menos e transformou a partida em uma batalha de regularidade. Bellucci agredia, o argentino se defendia. Quando o brasileiro dava espaço, era Schwartzman quem atacava.

No segundo e no terceiro sets, Bellucci só teve duas chances de quebra. Ambas no sétimo game do terceiro, quando Schwartzman liderava por 4/2. O argentino saiu do 15/40 com um ace e viu o paulista jogar um backhand na rede no ponto seguinte. Pouco depois, o confronto estava decidido.

Mas "qual a chave para virar o confronto?", perguntaram a Schwartzman. A resposta diz muito sobre sua postura, sua carreira e seu ranking: "A atitude não se negocia, e o importante é continuar ganhando. Para ser um jogador melhor, é preciso ganhar de todas as formas possíveis: jogando bem, jogando mal, quando o rival é superior e quando posso impor meu jogo."

Isso explica porque um jovem que, aos 13 anos, ouviu de um médico que não cresceria além de 1,70m (sua altura atual, segundo a generosa medição informada no site da ATP), mas decidiu ser tenista mesmo assim. Segundo relato publicado recentemente, sua mãe, Silvana, ouviu do menino que ele "não faria nada bem na vida se o médico estivesse certo. Eu disse a Diego que ele estava errado e sua altura não deveria ter influência nos seus sonhos porque desde o dia que ele nasceu, eu sabia que ele se tornaria algo especial. Eu o motivei a continuar lutando."

Diego Schwartzman, aliás, foi o quarto filho de um casal sem estabilidade financeira e que às vezes deixava de fazer refeições para economizar dinheiro e pagar as contas. É lindo saber que uma história assim continua a ter um fim bacana, com o contínuo sucesso do tenista.

Coisas que eu acho que acho:

– Não foi uma exibição ruim de Bellucci, mas também não foi muito diferente do que nos acostumamos a ver do tenista. Nesta quarta, o paulista mostrou um jogo sempre agressivo – até quando não está dando certo – e inconstante.

– É preciso dizer: Schwartzman é, hoje, um tenista mais regular e com mais recursos do que Bellucci. Não por acaso, o argentino é top 25 enquanto o brasileiro luta para voltar ao top 100.

– Não é possível que a Claro (Embratel) esteja satisfeita com a marca exibida na manga direita de Bellucci. Trata-se de uma bolinha branca com o nome da marca exibido em letras minúsculas e quase nunca legíveis durante a partida. Nem mesmo quando a imagem fecha no brasileiro, na hora do saque, é possível ler claramente o nome da empresa.

– Em contraste, na manga esquerda, é perfeitamente legível o nome da Angá Asset Management, escrito em letras brancas contrastando com a blusa vermelha. Alguém na Embratel vai levar um belo puxão de orelhas se algum executivo da empresa prestar atenção na exposição da marca.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.