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US Open 2017: Federer e Nadal contra a #NextGen (ou quase isso)

Alexandre Cossenza

26/08/2017 14h38

ATENÇÃO: Este post foi alterado e republicado às 18h33min após as mudanças feitas na chave por causa de desistência de Andy Murray.

Roger Federer e Rafael Nadal. O mantra da década passada vem se repetindo em 2017, e os dois chegam ao US Open com status de favoritos ao título. Ausências de peso como as de Novak Djokovic, Stan Wawrinka e Andy Murray colaboram para o cenário, é claro.

Hoje, parece que a maior chance de impedir que o troféu nova-iorquino termine na mão de um dos dois parece estar com a nova geração, a #NextGen da ATP. Zverev? Kyrgios? Thiem? Dimitrov, que já não é tão jovem assim? Este "guiazão" avalia quem é quem antes do último slam de 2017, analisando a chave masculina, vendo as cotações das casas de apostas, listando os melhores jogos e as zebras em potencial e, claro, onde ver tudo isso. Role a página e fique por dentro.

A briga pelo número 1 / A melhor história

Nadal, que assumiu a liderança nesta semana, pode perder o posto quando o US Open terminar. O espanhol entra no torneio como número 1 e só depende de si para manter a posição. Federer precisa pelo menos chegar às quartas, e vale a pena olhar o quadro feito pela ATP Media antes de desistência de Murray. Além disso, atenção para o melhor cenário possível: caso se encontrem nas semifinais, Nadal e Federer farão um confronto direto pelo número 1. Não seria glorioso?

A disputa era o que todo mundo previa/torcia no começo do ano, quando Nadal e Federer fizeram a final do Australian Open. Desde então, a lesão de Novak Djokovic se agravou, Murray teve o problema no quadril, e espanhol e suíço varreram os três slams até agora. Se o suíço triunfar em Flushing Meadows, o circuito repete os campeões dos quatro majors de 2007.

O campeão do sorteio

Indiscutivelmente, Marin Cilic é o vencedor aqui. O croata, que já tinha uma boa chave no primeiro sorteio, se deu ainda melhor quando pulou para o posto de segundo cabeça de chave (é o que prevê o regulamento quando um dos quatro primeiros pré-classificados desiste antes da divulgação da programação de segunda-feira).

Em vez de encarar Gilles Simon, Cilic agora começa sua campanha contra Tennys Sandgren (quem?), encara na segunda rodada contra Florian Mayer ou Rogerinho, e faz a terceira contra Schwartzman/Berlocq/Kokkinakis/Tipsarevic. Se chegar às oitavas, duela com quem avançar na seção de Ferrer e Pouille. Nas quartas, Cilic cruza com quem passar do quadrante que tem Tsonga, Carreño Busta, Ramos Viñolas e Haase.

Além disso tudo, vale lembrar que o croata escapou de um cruzamento com Zverev nas quartas. Sim, era isso que previa o primeiro sorteio. Agora, se os dois se encontrarem será nas semifinais. Se isso acontecer, com todo respeito ao talento enorme do alemão, coloco minhas fichas no campeão do US Open de 2014.

Em comparação, Nadal estreia contra Lajovic, pega Paul/Daniel em seguida e na terceira rodada encara Sugita/Blancaneaux/Leo Mayer/Gasquet. Nas oitavas, deve encarar Fognini ou Berdych e, se chegar às quartas, pega quem sair do grupo que tem Dimitrov, Goffin, Monfils e Cuevas.

Federer, por sua vez, começa a campanha contra Tiafoe, depois pega Kavcic ou Youzhny, e na terceira rodada pode enfrentar Feliciano López, Fernando Verdasco ou Vasek Pospisil. Seu rival de oitavas será quem avançar da seção com Kyrgios e Querrey, e nas quartas o rival pode ser Thiem, Del Potro, Mannarino ou Bautista Agut. Na semi, claro, pode ocorrer finalmente o esperado Federer x Nadal, que nunca aconteceu no US Open.

A (não tão) nova geração

E quem tem mais chance de tirar esse slam das mãos de Federer e/ou Nadal? Sem Djokovic e Wawrinka, tudo aponta para um nome da "nova" geração. Principalmente para Alexander Zverev, 20 anos, e Grigor Dimitrov, 26. Os dois foram os campeões dos recentes Masters 1000 de quadra em Montreal e Cincinnati, respectivamente. Além deles, estão bem cotados Marin Cilic, campeão do US Open de 2014 e Nick Kyrgios, vice em Cincy. O croata de 28 anos é o único do grupo com um slam no currículo.

Sobre Zverev, já escrevi bastante neste post. No US Open, ele está em seu piso preferido, onde pode tirar o máximo de seu jogo, e estará cheio de confiança após conquistar Washington e Montreal em sequência. No entanto, o alemão nunca passou das oitavas em um slam e ainda precisa mostrar consistência e preparo físico para vencer mais em melhor de cinco sets.

Kyrgios tem o potencial. Seu jogo é "grande" o bastante para bater qualquer um. As incógnitas neste US Open são sua condição física – não é segredo que o australiano vem tratando uma lesão no quadril que pode se agravar em jogos longos – e sua motivação. Não contra Federer, em um eventual jogo de oitavas, mas antes disso. O próprio Kyrgios é o primeiro a admitir que lhe falta vontade em jogos menos importantes. Pode ser o caso contra Millman, na estreia, ou Jaziri/Monteiro, na segunda rodada, ou ainda Kohlschreiber, na terceira.

Dimitrov foi campeão em Cincy e tem mais experiência que Zverev e Kyrgios. A chave, contudo, é um problema. O búlgaro caiu em uma seção inicial onde ninguém vem fazendo nada espetacular. Nem Cuevas (terceira rodada) nem Goffin nem Monfils (oitavas). Será uma se não chegar às quartas. Maaas aí o caldo engrossa contra Nadal. Se já é difícil imaginá-lo derrubando o espanhol, é mais duro ainda cogitar que Dimitrov vá eliminar Federer na semi. Contra o suíço são seis reveses em seis jogos até hoje.

Os brasileiros

O Brasil, que não teve representantes no qualifying (tem quem ache isso bom!), chega ao torneio masculino com três representantes e não foi o pior dos sorteios, considerando que nenhum deles vai estrear contra cabeças de chave. Rogerinho, número 1 do país, pega o perigoso Florian Mayer; Thomaz Bellucci encara Dustin Brown; e Thiago Monteiro duela com Malek Jaziri. Pode acontecer de tudo nessa lista. Desde três vitórias até três derrotas brasileiras. Segundo as casas de apostas, contudo, só Bellucci é favorito para avançar. Rogerinho é azarão, e o mesmo vale para Monteiro.

A história lamentável

Falando no cearense, a Unidade de Integridade no Tênis (TIU, na sigla em inglês) está investigando uma suspeita de manipulação de resultado em sua partida contra Alexandr Dolgopolov. Monteiro venceu por 6/3 e 6/3, sem ceder break points. O que chamou a atenção das casas de apostas e das autoridades foi o volume acima do normal de apostas em cima do brasileiro, que era o azarão.

A TIU, que raramente comenta casos do tipo, admitiu que está analisando os fatos referentes a esse jogo. É de se esperar que o brasileiro seja procurado por repórteres para comentar o assunto em Nova York.

Os melhores jogos na primeira rodada

Vamos à lista que eu mais gosto de fazer nesses guiazões: Querrey x Simon o americano ficou com o lugar de Cilic na chave), Kokkinakis x Tipsarevic, Almagro x Johnson, Tomic x Muller, Vesely x Coric, Leo Mayer x Gasquet e Chardy x Monfils. Que tal? Talvez não seja a melhor lineup da história, mas não falta jogo interessante, não… E olha que a mudança na chave nos privou de ver um curioso Kohlschreiber x Paire!

Os tenistas mais perigosos que ninguém está olhando

O último quadrante, que era encabeçado por Murray e ficou com Cilic, é de onde se espera que saiam as maiores zebras do torneio. E tem gente interessante por ali, viu? É o caso de Steve Johnson e Nicolás Almagro, que se enfrentam na primeira rodada numa seção que tem como cabeças o nada embalado Jo-Wilfried Tsonga (três derrotas seguidas, não vence desde Wimbledon) e não-tão-confiável Robin Haase. Logo, quem vencer esse Almagro x Johnson pode ir longe, inclusive num bastante ganhável duelo de oitavas de final contra Pablo Carreño Busta.

Até um mês atrás, parecia que David Ferrer rumava para a aposentadoria. Com 35 anos, o espanhol saiu de Wimbledon somando 10 vitórias e 12 derrotas em 2017. Depois dali, foi campeão em Bastad, fez oitavas em Montreal, levando Federer a três sets, e só parou na semi de Cincinnati. Depois de sair do top 40, Ferrer chega a NY com status de cabeça de chave e um sorteio nada ruim. É uma boa aposta para azarão.

As ausências

Além de Andy Murray e seu quadril, Stan Wawrinka operou o joelho, Novak Djokovic fez uma pausa para tratar o cotovelo e Kei Nishikori foi cuidar do punho direito. Os três já encerraram a temporada e não voltam antes de 2018.

Outro desfalque de peso em Flushing Meadows é o de Milos Raonic (punho), que anunciou sua desistência esta semana. O canadense, contudo, disse que planeja voltar ao circuito mundial ainda este ano.

Onde ver

SporTV e ESPN dividem os direitos de transmissão do torneio. Como sempre, o canal da Disney mostra o evento em dois canais e ainda encaixa o ótimo programa diário "Pelas Quadras" entre as sessões diurna e noturna. O SporTV costuma usar apenas um canal, mantendo o velho padrão de transmissão que usa há 20 anos.

Nas casas de apostas

Mesmo longe de seu melhor tênis, Roger Federer chegou à final em Montreal. A lesão nas costas tirou o suíço de Cincy, mas tudo leva a crer que o campeão de Wimbledon chega em Nova York bem fisicamente, o que justifica seu status de favorito nas casas de apostas. Também parece lógico o segundo posto de Nadal, com Zverev logo atrás. O quadra acima, registrado quando Murray ainda estava na chave, tem logo abaixo Dimitrov, Cilic, Kyrgios, Thiem, Del Potro e Tsonga.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

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