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Saque e Voleio

Federer e mais três que não são aqueles três

Alexandre Cossenza

12/07/2017 16h10

Ele era o favorito antes do começo (leia este título) e continua assim a quatro dias do fim do Torneio de Wimbledon. A diferença é que Rafael Nadal, Andy Murray e Novak Djokovic já ficaram pelo caminho. Depois de uma luxuosa vitória sobre Milos Raonic, Roger Federer está mais cotado que nunca, acompanhado nas semifinais por um trio composto de Tomas Berdych, Marin Cilic e Sam Querrey. E como isso aconteceu?

Primeiro, com uma atuação gloriosa de Federer diante de Milos Raonic: 6/4, 6/2 e 7/6(4). Sim, o mesmo canadense que eliminou o suíço em Wimbledon no ano passado. Ou quase isso. Se o Raonic de 2017 vinha em fase menos inspirada do que o de 2016, o Federer de hoje não carrega uma lesão no joelho e esbanja confiança. O resultado foi o serviço de Raonic quase anulado, e um suíço tirando da cartola todos truques possíveis. Daria pena do canadense se ele não estivesse ganhando 275 mil libras para ver o show com um ingresso de pista premium.

A semifinal será contra Tomas Berdych, que não era o favorito para estar lá, mas contou com uma lesão de Novak Djokovic. O sérvio, encaixou os primeiros saques, em média, a apenas 171 km/h, desistiu com dores no braço direito quando perdia por 7/6(2) e 2/0. O jogo teve apenas 1h03min de duração. Foi o primeiro abandono de Nole em um slam desde 2009. Cabe a Berdych, então, tentar repetir o resultado de 2010, quando eliminou Federer em Wimbledon. A tarefa não parece muito provável hoje em dia. Não só pelo nível que o suíço mostra no torneio, mas também porque Berdych perdeu os últimos sete encontros contra o suíço – inclusive o último, em Miami, onde teve dois match points no tie-break do terceiro set.

O principal nome da outra semifinal é Marin Cilic, que segue fazendo um torneio brilhante e derrotou Gilles Muller em cinco sets: 3/6, 7/6(6), 7/5, 5/7 e 6/1. O croata brilhou especialmente quando, depois de perder o primeiro set, virou o tie-break (estava um mini-break atrás) da segunda parcial e igualou o placar. Na parcial decisiva, não deu chances ao luxemburguês, que talvez tenha sentido o desgaste das nervosas 4h48min que precisou ficar em quadra para eliminar Nadal nas oitavas.

Cilic vai enfrentar Sam Querrey, que superou o número 1 do mundo em Wimbledon pelo segundo ano seguido. A vitória desta quarta, contudo, veio sob circunstâncias bem diferentes. O quadril lesionado de Andy Murray finalmente cobrou seu preço. Depois de três sets, o britânico não aguentou mais de dor, e seu rendimento caiu absurdamente. Querrey aproveitou e triunfou por 3/6, 6/4, 6/74), 6/1 e 6/1. O americano, que nunca venceu Cilic em quatro encontros, será o azarão nessa semi.

Coisas que eu acho que acho:

– Dos três que restaram, só consigo imaginar Cilic com alguma chance diante de Federer no momento. E, mesmo assim, em uma jornada especialmente inspirada do croata. Só algo muito improvável tira o título do suíço.

– A lesão de Djokovic me faz pensar no enorme período de tempo que o sérvio jogou exigindo horrores de seu corpo e evitando lesões sérias. É o tipo de coisa que a gente pensa "cedo ou tarde vai acontecer", mas que Nole vinha evitando.

– Ao mesmo tempo, o fato de uma lesão mais séria surgir justamente depois de Djokovic trocar a equipe inteira (inclusive fisioterapeuta e preparador físico) me deixa imaginando se não há uma relação entre as situações.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.