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Saque e Voleio

Sobre as primeiras impressões de Nadal e as lágrimas de Venus

Alexandre Cossenza

03/07/2017 15h53

Já diz o velho clichê: certamente, é possível perder, mas não se ganha um slam no primeiro dia. Logo, não cabe aqui tirar conclusões definitivas sobre o que aconteceu nesta primeira segunda-feira de Wimbledon, mas há observações importantes a serem feitas. A começar por Rafael Nadal, que começou o slam da grama perdendo o mesmo número de games da final de Roland Garros: 6/1, 6/3 e 6/2 sobre John Millman.

Vale apontar que Nadal sacou, em média, a 187 kmh no primeiro serviço, mas buscou mais aces e esteve mais perto dos 200 km/h com mais frequência (o mais veloz foi a 199 km/h). O saque, contudo, nem foi o maior destaque do dia. O espanhol esteve muito sólido nas devoluções , nos backhands e nas subidas à rede (ganhou 19 de 25 pontos ali na frente). Fez winners de todo jeito e controlou as ações. Repito: é cedo para fazer previsões, mas a primeira impressão foi excelente – ainda mais se comparada às últimas apresentações de Nadal no All England Club.

Não parece que Nadal (não ESSE Nadal!) terá problemas diante de Donald Young na segunda rodada. Talvez a terceira fase, em um possível duelo com o #NextGen Karen Khachanov, o espanhol seja testado em um jogo de menos trocas de bolas. Confrontos assim são os mais perigosos para ele na grama.

As lágrimas de Venus

Era de se esperar que o assunto viesse à tona, já que Venus Williams pouco falou sobre o acidente de trânsito que terminou com a morte de um passageiro no outro carro envolvido e que, segundo o relatório da polícia local, ela foi a culpada (leia mais neste post). Um jornalista, então, perguntou se havia algo que ela gostaria de dizer sobre o assunto, além do que já havia sido postado no Facebook.

Venus, que não é a mais simpática das pessoas em entrevistas coletivas (e já deixou de aparecer em algumas entrevistas pós-jogo obrigatórias porque não queria falar), encarou a pergunta, mas não encontrou palavras para dar uma resposta. Disse que não tinha palavras para descrever e não completou uma frase. A americana, então, foi salva pelo moderador, que afirmou que ela não podia dizer mais nada sobre o assunto e pediu que "a vontade dela fosse respeitada." Assistam:

Resumindo? Não fugiu da coletiva, mas também não disse nada. Antes, na quadra, a pentacampeã esteve bem e venceu a belga Elise Mertens por 7/6(7) e 6/4.

Coisas que eu acho que acho:

– Andy Murray fez um jogo bastante sólido, mas sem ser muito exigido. Bublik tentou coisas diferentes, mas era o tipo de tênis que favorecia o britânico, mais inteligente na escolha de jogadas e mais habituado a jogar assim em torneios grandes. O importante a se apontar é que o escocês ressaltou que se movimentou bem, apesar das dores que vem sofrendo no quadril, e venceu por 6/1, 6/4 e 6/2. Ele também falou sobre seu jeito estranho de caminhar – algo observado por muita gente que viu a partida desta segunda – e disse que não sabe se sempre fez isso ou se foi algo que surgiu recentemente por causa do quadril. Sua avaliação sobre isso foi simples: "não faço ideia."

– A derrota de Stan Wawrinka para Daniil Medvedev não pode ser encarada como uma zebra gigante. Um pouco porque o jogo do suíço perde muito na grama, um pouco pelas dores no joelho e um pouco por méritos do russo. Stan agora acumula uma vitória em seus últimos três jogos no All England Club.

– Kyrgios disse saber ao entrar em quadra que iria encontrar dificuldades por causa da lesão no quadril (sim, ele também) sofrida em um tombo no ATP de Queen's. O australiano disse que não teve tempo de se recuperar e por isso acabou abandonando diante de Herbert quando perdia por 6/3 e 6/4.

– Bia Haddad e Thiago Monteiro anotaram vitórias pouco surpreendentes, mas importantes. Ela bateu a britânica Laura Robson por 6/4 e 6/2, enquanto ele superou o qualifier australiano Andrew Whittington por 4/6, 6/3, 7/6(4) e 7/6(5). Rogerinho, por sua vez, cai diante de Benoit Paire: 6/4, 3/6, 7/6(10) e 6/4.

Recado importante:

Por um punhado de questões pessoais, não terei tempo de fazer diariamente aquele "resumaço" que já virou habitual aqui no blog. Logo, nem todos tenistas serão citados e alguns assuntos não pintarão aqui. Tentarei fazer um post por dia durante Wimbledon, abordando sempre o(s) assunto(s) que eu achar mais interessante, mas nem isso posso prometer. Agradeço aos que sempre compreendem as dificuldades de se manter um blog com tantas atualizações.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.