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RG, dia 12: a força de Ostapenko, o equilíbrio de Halep, o 20º aniversário para Guga e uma bela homenagem

Alexandre Cossenza

08/06/2017 15h59

Se não foram espetaculares, as duas semifinais femininas de Roland Garros tiveram bastante emoção e variações. Primeiro, com a potência de Jelena Ostapenko. Depois, com a solidez de Simona Halep, que interrompeu o sonho de Karolina Pliskova de ser número 1 do mundo e agora está ela mesma, a romena, a uma vitória do topo. Mas a quinta-feira teve muito mais. Teve uma justa e bonita homenagem a Ana Ivanovic, um tributo especial a Gustavo Kuerten, um título nas duplas mistas e um ponto mais do que especial já no finzinho do dia. Tem tudo isso neste resumaço. É só rolar a página!

A força de Ostapenko

As duas aniversariantes do dia fizeram um jogo cheio de quebras, com altos e baixos e quase sempre de acordo com o que acontecia na raquete de Jelena Ostapenko. A agressiva letã de 20 anos foi quem deu as cartas desde o início, enquanto Timea Bacsinszky, 28 anos, tentava de tudo para quebrar o ritmo de jogo, misturando slices com bolas batidas e até algumas curtinhas executadas já na devolução de saque.

O resultado dessa combinação foi uma partida com poucos ralis, 16 quebras de saque e quase tantos erros não forçados quanto winners. No primeiro set, Ostapenko levou a melhor, com 21 winners e 16 erros (14 e 11 de Bacsinszky, respectivamente). Na segunda parcial, os números se inverteram. A letã acumulou 14 e 17 nos mesmos quesitos, contra apenas 3 e 4 da suíça. O momento crucial foi o oitavo game, com Ostapenko sacando em 3/4 e 40/0, mas cedendo a quebra depois de quatro game points. A decisão só viria mesmo no terceiro set.

No fim, prevaleceu quem buscou mais o jogo. Ostapenko encontrou um ótimo ritmo nos últimos três games, somando 15 winners na terceira parcial, contra cinco da adversária. A jovem de 20, então, avançou para sua primeira final de slam por 7/6(4), 3/6 e 6/3.

Questão de potência

A transmissão de Roland Garros comparou os forehands de Ostapenko aos dos quatro semifinalistas da chave masculina. A velocidade média da direita da letã supera a de Andy Murray e fica só 3 milhas por hora (quase 5 km/h) atrás de Rafael Nadal.

Como se trata de um gráfico de velocidade média, é preciso contextualizar. O número em questão não quer dizer necessariamente que sua direita é mais violenta do que a deste ou daquele tenista. Murray, por exemplo, usa muito mais direitas defensivas e altas do que letã. Logo, sua velocidade média tende a cair. Ostapenko, quando agredida, tende sempre a arriscar um contra-ataque antes de usar um slice. Ao longo de cinco ou seis jogos, essa diferença se faz notar na média de velocidade.

O número 1 em jogo

A segunda semifinal tinha algo a mais em jogo. Para Karolina Pliskova, uma vitória seria o suficiente para colocá-la no topo do ranking. Para Simona Halep, um triunfo significava manter viva a chance de ser número 1 – ela precisa do título para isso. Foi um confronto interessante, com as duas sempre buscando atacar primeiro, mas sem exageros. A tcheca foi um pouco mais agressiva, enquanto Halep procurava movimentar a oponente mais alta (1,86m) e mais lenta.

Foi outro jogo de três sets, com muitas chances de quebra e pouca margem para erro nos pontos importantes. Halep, com uma atuação mais equilibrada e sem perder a paciência mesmo quando o plano não deu certo no segundo set, levou a melhor. Fez só 14 winners, mas também só falhou 14 vezes. Pliskova terminou com 45 bolas sem defesa e 55 erros não forçados. E agora é a romena, favorita dede o início e vencedora nesta quinta por 6/4, 3/6 e 6/3, que está a um jogo da liderança do ranking.

O 20º aniversário

Neste 8 de junho, data que marca o 20º aniversário do primeiro título de Gustavo Kuerten em Roland Garros, o site do torneio francês publicou um material imperdível sobre o brasileiro e seus feitos. Inclui declarações dos rivais da época, do próprio Guga, de Larri Passos e cobre não só 1997, mas as três campanhas vencedoras em Paris. Tem vídeos, gráficos e todo tipo de informação. Confiram neste link.

E se você não percebeu, é um número bacana para parar e pensar. Guga conquistou seu primeiro título de nível ATP logo em um grand slam há 20 anos. Ostapenko, que nasceu naquele 8 de junho de 1997, pode fazer o mesmo em Roland Garros este ano.

Os campeões do dia

O primeiro jogo do dia foi a final de duplas mistas, e o título ficou com o indiano Rohan Bopanna e a canadense Gabriela Dabrowski, que fizeram 2/6, 6/2 e 12/10 sobre a alemã Anna Lena Groenefeld e o colombiano Robert Farah.

A primeira dupla finalista

A quinta-feira também viu a primeira semifinal na chave de duplas masculinas. Santiago González e Donald Young, algozes de Bruno Soares e Jamie Murray, voltaram a vencer e conquistaram um lugar na decisão. Eles fizeram 6/7(3), 7/5 e 6/3 em cima de Fernando Verdasco e Nenad Zimonjic.

A segunda semi será na sexta-feira e terá os colombianos Juan Sebastián Cabal e Robert Farah contra o americano Ryan Harrison e o neozelandês Michael Venus.

Homenagem à campeã

Ana Ivanovic não joga desde agosto do ano passado e já havia anunciado sua aposentadoria. Só foi nesta quinta, porém, que a ex-número 1 do mundo oficializou a saída do circuito. Foi, na verdade, uma maneira de o torneio francês homenagear sua campeã de 2008.

Na cerimônia, o presidente da Federação Francesa, Bernardo Giudicelli, entregou um troféu para a sérvia na Quadra Philippe Chatrier durante o intervalo entre as duas semifinais femininas. Bastian Schweinsteiger, marido da tenista, não pôde estar no evento, mas mandou seu "tributo" via Twitter.

O ponto do dia

Karolina Pliskova sucumbiu, mas não sem lutar. No nono game do terceiro set, com Simona Halep sacando para o jogo, a tcheca venceu o maior rali da partida. E que rali!

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.