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ATP tira psicólogo brasileiro de 'lista negra' de credenciamento

Alexandre Cossenza

25/05/2017 15h59

Aparício Meneses, psicólogo que acompanha o tenista João Pedro Sorgi, foi excluído da "No Credential List", uma relação de pessoas que não podem receber credenciais em torneios organizados pela ATP. A decisão foi tomada pela entidade uma semana depois de Meneses entrar para a "lista negra", o que ocorreu após uma discussão com o tenista André Ghem durante o Challenger de Savannah, nos EUA.

Após a sanção, o psicólogo entrou em contato com a brasileira Cristina Yoshizawa, que é coordenadora de relação com os jogadores na ATP. Yoshizawa, então, pediu que ele enviasse seu pedido ao vice-presidente executivo da entidade, Gayle Bradshaw. O psicólogo e o executivo troaram emails sobre o incidente até que Bradshaw decidiu pela retirada do nome de Meneses da tal lista. O executivo também pediu ao psicólogo que ficasse longe de Ghem.

Sorgi declarou, via assessoria de imprensa, que "a ATP tomou a decisão correta. Não foi certo puni-lo sem ao menos escutá-lo sobre o ocorrido. Que bom que agora está tudo resolvido e vou poder seguir sem problemas com o Aparício. Conheço o Aparício e todos que o conhecem sabem que ele é uma pessoa boa e não é uma ameaça a nada e nem ninguém. As coisas voltaram onde deveriam estar"

Após o fim da punição, Aparício Meneses conversou com o autor deste texto e voltou a comentar o incidente. O psicólogo disse que os palavrões dirigidos a Ghem foram uma maneira de encerrar um confronto.

"Aquele 'vai tomar no…' está dizendo 'cara, não quero conversar com você, não quero papo, não quero te dar atenção, não quero ouvir o que você tem para falar.' Eu só falei um 'valeu, Alemão', cara. Eles estavam juntos, as cadeiras estavam muito perto. Só que tudo tem um limite, né, cara? Eu aceito o cara não querer meu cumprimento. Eu não aceito o cara andar a 50 metros da quadra e falar que eu sou falso, que sou um pau no c… e o cara botar a cara na minha frente. Aí ele passou de um limite", disse, por telefone.

Durante a uma semana em que esteve punido, Meneses ficou proibido de receber credencial de acesso em todos eventos chancelados pela ATP. Ele podia, no entanto, entrar nos eventos como espectador comum. Ele agora considera a possibilidade de processar Ghem por danos.

"Agora eu vou tocar a minha vida, que tem sido uma vida de muito sucesso. Esse episódio já passou. Estou livre disso aí, mas eu tenho a intenção de processá-lo por esse ato inconsequente. Eu tenho um trabalho de psicólogo do esporte, um trabalho consolidado, de sucesso com o Feijão e sou bom no que eu faço. E aí chega um cara… Querendo fazer o que com isso? Eu ainda estou analisando e vendo com meus advogados como a gente vai fazer esse processo, mas essa é uma maneira também de eu me defender, entendeu?"

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.