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Saque e Voleio

O salto de Bia Haddad

Alexandre Cossenza

08/05/2017 09h37

Em fevereiro, no segundo torneio do ano, Bia Haddad Maia foi campeã do ITF de Clare, um torneio com premiação de US$ 25 mil. Foi seu último torneio pequeno em 2017. Depois dali, apostou só nos grandes. Com um wild card, ganhou uma partida e enfrentou Venus Williams em Miami. Não foi uma boa apresentação contra a americana. O vento e os nervos atrapalharam.

Bia tentou o quali em Monterrey, mas caiu na terceira rodada. Na semana seguinte, já no saibro, furou o classificatório em Bogotá, mas caiu na estreia. Foi a Stuttgart e perdeu novamente no quali. E aí veio Praga, onde tudo se encaixou. No torneio tcheco, a paulista venceu cinco jogos seguidos, parou apenas nas quartas de final e deu seu primeiro grande passo para se firmar nos torneios grandes.

O maior ponto a destacar sobre a campanha de Bia em Praga é que nada caiu do céu. A número 1 do Brasil não ganhou convite, não caiu em uma chave fraca nem contou com abandonos. Tudo veio do jeito mais difícil, e Bia ganhou suas partidas jogando um tênis ofensivo e inteligente, tomando iniciativas e construindo pontos. Ao todo, foi uma semana muito animadora para quem acompanha a paulista e sabe que ela é a maior esperança de feitos grandes no futuro do tênis feminino brasileiro.

Detalhando o parágrafo acima: já no quali, a paulista precisou bater duas top 100. Primeiro, Ekaterina Alexandrova (#89). Mais tarde, após superar Rebecca Sramkova (#120), eliminou Donna Vekic (#84). Na chave principal, encarou duas top 50. Fez 6/3 e 6/4 sobre Christina McHale (#45) e 6/3 e 6/2 sobre a campeã de Grand Slam e ex-top 10 Sam Stosur (#19).

Não é pouco. Bia também esteve a poucos games de conseguir uma incrível vaga nas semifinais, mas acabou levando a virada da tcheca Kristyna Pliskova (#58), que sacou muito bem e agrediu bastante o segundo serviço da brasileira. Mesmo assim, quando conseguiu esticar os pontos, a paulista foi inteligente, deslocando a adversária e dando poucos pontos de graça.

Não foi muito diferente contra Stosur, na rodada anterior. Bia apostou na inconsistência da australiana, que não teve mesmo um dia bom. Assim, a brasileira foi inteligente a ponto de não precisar fazer nada espetacular para bater – no saibro – uma finalista de Roland Garros.

Não é de hoje que acontece aqui e ali, mas em Praga, tudo foi mais evidente e mais frequente. Os bons indícios estiveram presentes durante toda a semana na República Tcheca. Depois de uma série de lesões e cirurgias, parece que a brasileira finalmente vai dar o salto para a elite. Após Praga, saiu do 144º para o 115º posto. Se estender a boa fase, entrará de vez no grupo que disputa apenas os WTAs. E não parece faltar tanto assim.

Coisa que eu acho que acho:

– Este post deveria ter sido publicado alguns dias antes, mas nem sempre é possível escrever na melhor data possível. Como sempre, agradeço sempre pela compreensão de vocês, leitores.

– Do mesmo jeito, faltou tempo para escrever sobre o "tratamento de choque" de Djokovic, que demitiu a equipe inteira e ficou apenas com o "guru" Pepe Imaz. Se possível, abordarei o tema durante esta semana.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.