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NY, dia 5: o descanso de Djokovic, a virada de Keys e o pontaço de Nadal

Alexandre Cossenza

02/09/2016 23h53

Outro dia interessante de US Open, com uma zebrinha aqui e outra ali e favoritos favoritando e sendo favoritados. O inusitado da jornada ficou por conta da vitória de Novak Djokovic por abandono. O #1 do mundo alcança, assim, as oitavas de final tendo disputado apenas quatro sets e meio. Enquanto isso, Nadal fez outra grande partida, Angelique Kerber somou mais uma vitória maiúscula para marcar um confronto interessantíssimo contra Petra Kvitova, e Madison Keys escapou por pouco de uma zebra. O resumaço desta sexta-feira descreve isso tudo e ainda traz vídeos de dois lances espetaculares.

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O repouso forçado do campeão

Novak Djokovic (#1) não entrava em quadra desde segunda-feira, quando venceu sua estreia no US Open. Na quarta, avançou por WO graças ao abandono de Jiri Vesely. Hoje, então, seria o dia de retomar o ritmo e testar não só o punho lesionado, mas o cotovelo que causou dor na primeira rodada. Pois é, seria. Mikhail Youzhny (#61), o oponente do dia, abandonou depois de seis games. Com o placar em 4/2 para o sérvio, o russo, que já havia recebido atendimento médico na perna esquerda, atravessou a quadra, cumprimentou Djokovic e abandonou.

Se serve de consolo para a falta de ritmo do atual campeão do US Open, Djokovic mostrou um bom tênis nos seis games que disputou nesta sexta-feira. Obviamente que é uma amostra muito pequena e parece óbvio que o sérvio gostaria de ter mais tempo de quadra a essa altura do torneio, mas também é fato que o desgaste reduzido ajuda no tratamento das duas lesões.

Ele agora enfrenta Kyle Edmund, que bateu John Isner nas oitavas de final, o que é até bom para quem busca ritmo de jogo. Contra Isner, independentemente do andar da partida, Djokovic entraria em menos ralis. Por esse ponto de vista, encarar o empolgado britânico pode ser melhor.

Os outros favoritos

Primeiro a entrar em quadra para a sessão noturna do Estádio Arthur Ashe, Rafael Nadal (#5) fez outra partida excelente. É bem verdade que também fez seu pior set no torneio, mas mesmo assim encerrou a segunda parcial encaixando três forehands indefensáveis. No fim, bateu o russo Andrey Kuznetsov (#47) por 6/1, 6/4 e 6/2 e avançou à terceira rodada.

Nadal também ganhou o ponto do dia. Levou um lob de Kuznetsov, se recuperou, devolveu com um espetacular lob por baixo das pernas, deixou a raquete cair no chão, pegou ela de volta e ainda ganhou o ponto com um smash do fundo de quadra. Coisa de gente grande.

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Após três partidas e nove sets jogados, Nadal soma apenas 20 games perdidos. Ele agora encara Lucas Pouille, que precisou de cinco sets para bater o espanhol Roberto Bautista Agut.

Por último, Angelique Kerber (#2) pareceu pouco se importar com a adversária da casa, jogando na sessão noturna e com torcida a favor. Desde o começo, ficou clara a diferença de nível entre e atual vice-líder do ranking e a promissora-porém-ainda-crua Cici Bellis, de 17 anos. A alemã fez 6/1 e 6/1 e avançou.

Kerber chega às oitavas com dois jogos e meio (venceu por abandono na estreia) nas costas e boas atuações. Agora terá, enfim, um teste de verdade. A adversária, Petra Kvitova (#16), ex-número 2 do mundo e bicampeã de Wimbledon, passou por três rodadas sem perder nenhum set, o que é incomum para a tcheca. Sinal de que Kerber pode ter muito trabalho para chegar às quartas.

O susto e a oportunidade

Madison Keys (#9) e Naomi Osaka (#81) dividem o prêmio "O Médico e o Monstro" do dia. Primeiro, a americana, favorita, tinha 7/5, 4/4 e 40/0. Perdeu sete pontos seguidos e viu Osaka fechar a segunda parcial. A japonesa, então, embalou e abriu 5/1 – com duas quebras de vantagem – na parcial decisiva. Sacou para o jogo duas vezes e esteve a dois pontos da vitória, mas não conseguiu fechar. Keys, que fez aquele jogo de pancadão do começo ao fim do encontro, venceu no tie-break: 7/5, 4/6 e 7/6(3).

A americana, então segue viva e encabeçando um "quarto" de chave intrigante. Nas oitavas, ela vai enfrentar Caroline Wozniacki (#74), que passou fácil por Monica Niculescu (#58): 6/3 e 6/1. A essa altura, nem é tão difícil imaginar a dinamarquesa dando trabalho e esperando erros de Keys, que ainda não desenvolveu um plano B eficiente para seu tênis. E quem ganhar esse confronto vai encarar Konta ou Sevastova nas quartas.

Cabeças que rolaram

O grande tombo do dia ficou por conta de Marin Cilic (#9). O croata, que foi campeão do Masters de Cincinnati há duas semanas e vinha de duas boas vitórias (nenhum set perdido) em Nova York, não encontrou seu tênis em momento algum contra Jack Sock (#27) e foi eliminado em menos de duas horas: 6/4, 6/3 e 6/3.

Foi a primeira vitória de Sock contra um top 10 em um torneio do Grand Slam. O americano ficou com o lugar nas oitavas para enfrentar Jo-Wilfried Tsonga. É desse jogo que provavelmente sairá o oponente de Djokovic nas quartas.

Correndo por fora

Jo-Wilfried Tsonga (#11) avançou em três sets em um jogo que poderia ter sido muito mais longo e complicado: 6/3, 6/4 e 7/6(4) em cima de Kevin Anderson (#35). É bem verdade que o sul-africano estava num dia ruim e, mesmo assim, teve chances de mudar o rumo da partida. Perdeu break points, cometeu duplas faltas em momentos delicados e facilitou o triunfo de um competente – mas não brilhante – Tsonga. Deu pra ver que o francês ficou bem feliz ao fim do jogo, não? E isso porque ele não sabia do que tinha acontecido no jogo entre Sock e Cilic…

Enquanto isso, Gael Monfils (#12), o tenista mais sortudo de 2016, vem tirando o máximo de sua generosa chave em Flushing Meadows. Nesta sexta-feira, passou por Nicolás Almagro (#48) sem grande drama. O espanhol pelo menos manteve os fãs entretidos com seu temperamento. O "abuso de bola" do vídeo abaixo deveria ao menos ganhar pontos de bônus por criatividade.

O próximo passo na estrada de tijolos de ouro também conhecida como chave de Monfils no US Open será um confronto com Marcos Baghdatis (#44) nas oitavas de final. O cipriota aproveitou o buraco causado pelas cãibras de Milos Raonic (#6) na segunda rodada e acabou com a alegria do americano Ryan Harrison (#120): 6/3, 7/6(4), 1/6 e 6/1.

Na chave feminina, vale manter a atenção em Roberta Vinci (#8), que navegou em uma chave tranquila, derrotou a brava Carina Witthoeft (#102) nesta sexta até agora e entra como favorita contra Lesia Tsurenko (#99). A ucraniana, porém, vem embalada após vitórias sobre duas cabeças de chave: Begu na estreia e Dominika Cibulkova (#13) na terceira rodada.

Johanna Konta (#14) também passou às oitavas com uma vitória maiúscula: 6/2 e 6/1 sobre Belinda Bencic (#26). A britânica também entre como favorita – no papel – contra Anastasija Sevastova (#48) nas oitavas. Não se pode esquecer, contudo, que a letã derrubou Garbiñe Muguruza e emendou a enorme zebra com um imponente 6/4 e 6/1 em cima de Kateryna Bondarenko (#59).

Os brasileiros

Mais boa notícia na chave de duplas. Thomaz Bellucci e Marcelo Demoliner, que já surpreenderam na estreia, quando eliminaram Benneteau e Vasselin, voltaram a vencer. Paulista e gaúcho salvaram quatro match points e superaram Yen-Hsun Lu e Janko Tipsarevic por 3/6, 7/6(5) e 7/6(4).

A parceria deve levar alguns dias para voltar a jogar, já que seus próximos adversários sairão da parte mais atrasada da chave. Quando Bellucci e Demoliner saíram da quadra nesta sexta, Marc e Feliciano López, principais cabeças de chave da seção, ainda estavam fazendo o primeiro set de sua estreia. Os espanhóis, aliás, são os favoritos para encontrar os brasileiros. Antes, porém, precisarão passar por Baghdatis e Gilles Muller na segunda rodada.

Os melhores lances

Um pontaço entre Ryan Harrison e Marcos Baghdatis terminou com o cipriota errando o golpe mais fácil do rali.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.