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Saque e Voleio

Wimbledon, dia 10: Serena Williams, devastadora até fora de quadra

Alexandre Cossenza

07/07/2016 20h22

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Sabe aquele dia que nada dá errado? Foi assim a quinta-feira de Serena Williams. Primeiro com a vitória maiúscula sobre Elena Vesnina (#50) por 6/2 e 6/0, em apenas 48 minutos. Quase impossível apontar a "chave" do triunfo, visto que a americana foi superior em tudo. Fez 11 aces, com 77% de aproveitamento de primeiro serviço (e 23 de 24 pontos ganhos com o fundamento), acumulou 28 winners e cometeu apenas sete erros não forçados.

Não foi uma apresentação ruim de Vesnina. A russa só não tinha armas para combater a número 1 e fazer um jogo minimamente disputado em um dia assim, quando tudo funciona para a melhor tenista do mundo. Classificada para a final, Serena perdeu apenas um set, aplicou três pneus e não foi ameaçada de verdade em nenhuma ocasião. Nem quando perdeu a primeira parcial para Christina McHale num tie-break.

A parte copo-meio-vazio da campanha é que a americana não enfrentou nenhuma adversária que tivesse armas para derrotá-la. Ok, é bem verdade que Serena é mais Serena na grama, mas não houve alguém com golpes potentes ou com grande poder de contra-ataque em seu caminho até agora. É nesse grupos que se encaixam Angelique Kerber e Garbiñe Muguruza, algozes da número 1 nas duas finais de Slam em 2016.

E é justamente aí que entra a outra finalista de Wimbledon deste ano: Angelique Kerber (#4), que ainda não perdeu sets e bateu Venus Williams (#8) nesta quinta-feira, em uma semifinal que não empolgou, um pouco pelo nível técnico que deixou a desejar, um pouco pela falta de equilíbrio. A alemã venceu por 6/4 e 6/4 e esteve na frente o tempo inteiro, inclusive no primeiro set, que teve sete quebras de serviço em dez games. Sua movimentação foi boa o bastante para compensar a fragilidade no saque e lidar com os ataques de Venus.

Kerber não perdeu sets até agora e, mesmo levando em conta sua vitória sobre Serena no Australian Open, está longe de ser favorita para ganhar o jogão de sábado. Primeiro porque o saque de Serena, em condições normais, deve fazer mais diferença do que na Austrália, mas também porque a grama dá menos tempo para Kerber alcançar os golpes da número 1 e contra-atacar com eficiência. E, sinceramente, vai ser difícil ver Serena jogando tão mal junto à rede como naquela final em Melbourne. Nada é impossível, já diz o bom e velho clichê, mas bater Serena em Wimbledon exige uma conspiração nada provável de fatores.

Prioridades

O primeiro tweet de Serena após a partida não foi sobre seu jogo, sua atuação nem nada relacionado ao tênis. A número 1 do mundo usou sua rede social para lembrar do cidadão negro americano que foi morto por um policial após ser parado em uma blitz. "Quando algo vai ser feito de verdade?", perguntou Serena.

Leia mais sobre a história aqui.

Precisa com as palavras

Na entrevista coletiva, Serena Williams continuou disparando winners. Quando questionada sobre ser "uma das maiores atletas femininas de todos os tempos", a número 1 respondeu que prefere a expressão "maiores atletas de todos os tempos", retirando a questão de gênero (homem/mulher) da frase.

Serena também falou mais uma vez sobre a questão de igualdade de salários (ou prêmios, no caso do tênis), basicamente enfatizando a necessidade de respeito pelas mulheres e ressaltando que nenhuma pessoa, qualquer que seja o emprego, merece receber menos por causa de seu sexo.

Triunfo também nas duplas

Mais tarde, Serena e Venus voltaram à quadra para as quartas de final de duplas e, mais uma vez, Elena Vesnina foi vítima. A russa e sua compatriota Ekaterina Makarova ainda conseguiram tirar um set das americanas, mas as irmãs venceram e avançaram por 7/6(1), 4/6 e 6/2.

As irmãs Williams vão enfrentar Julia Georges e Karolina Pliskova em uma das semifinais. A outra vaga na decisão sairá do jogo entre Timea Babos / Yaroslava Shvedova e Raquel Atawo / Abigail Spears.

Só a realeza

Serena Williams brilhou tanto nesta quinta-feira que até conseguiu que a Duquesa de Cambridge (ex-Kate Middleton, lembram?) fizesse uma aparição no Snapchat!

Lendl, o sorridente

Ivan Lendl fez parte do grupo que conversou com a Duquesa e não dá para fazer um comentário que não seja "o sorriso do Lendl!". Pois é, ele existe.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.