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RG, dia 9: Quem ganha e quem perde com o atraso?

Alexandre Cossenza

30/05/2016 12h16

Chuva. O dia inteiro. Às 13h30min locais, a organização de Roland Garros, depois de pensar e repensar a programação de partidas, anunciou que a rodada inteira estava cancelada e mandou (quase) todo mundo de volta para casa. E agora? O que acontece? O post de hoje é uma análise do que muda (ou não) no torneio parisiense com o atraso na programação.

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Quem ganha com isso?

Alguns azarões que jogariam hoje, como Roberto Bautista Agut (enfrentaria Djokovic), Marcel Granollers (Thiem) e Elina Svitolina (Serena) ganham pelo um dia a mais de hospedagem grátis em Paris. Já é alguma coisa…

Brincadeiras à parte, o adiamento só é bom se alguém tem uma lesão a tratar, como André Sá, que vem sentindo dores no quadril. Segundo o mineiro, um dia não vai curar a lesão, mas diminuirá a dor. De resto, para a maioria dos tenistas, adiamentos assim são sempre um transtorno. É preciso encontrar quadras cobertas para treinar, a rotina muda, a expectativa aumenta. Quase ninguém gosta.

Jogos cancelados por hoje. Everything canceled for today!!!! #rolandgarros2016 #ilovethissport #tennislife

A video posted by Tenista / Pro Tennis Player (@andre_sa77) on

Quem perde mais?

Em tese, os homens que fariam as oitavas de final nesta segunda porque tudo leva a crer que eles precisarão jogar duas partidas em melhor de cinco em dias consecutivos. Esse grupo tem Novak Djokovic, Roberto Bautista Agut, David Ferrer, Tomas Berdych, Marcel Granollers, Dominic Thiem, David Goffin e Ernests Gulbis. Os quatro vencedores voltam na quarta-feira para as quartas de final.

Em comparação com a outra metade da chave, o prejuízo não é tão grande assim porque as semifinais serão na sexta-feira. Quem jogar na quarta terá mais ou menos 48 horas (o tempo padrão) para descansar até a rodada seguinte.

Na chave feminina, o prejuízo é maior para quem ainda não disputou as oitavas. Esse grupo precisa jogar nesta terça, voltar na quarta-feira para as quartas de final e, se o torneio mantiver a programação original, disputar as semifinais na quinta-feira. Serão três dias seguidos. Novamente, há prejuízo em relação a quem já disputou as oitavas (Rogers e Muguruza), mas não é um cenário muito diferente do que acontece na rotina do circuito feminino, com todo mundo jogando melhor de três em dias consecutivos.

Os três parágrafos acima fazem todo sentido do mundo se a rodada acontecer normalmente na terça-feira. O problema é que a previsão do tempo sugere um drama ainda maior para os próximos dias.

Se realmente chover assim, a organização de Roland Garros vai precisar rebolar para resolver o quebra-cabeça da programação. Pelo menos a expectativa é de tempo bom, sem chuva, de quarta a domingo.

O brasileiro boyhoodiano

Bruno Soares continua esperando o fim de seu jogo nas duplas mistas. Sim, o mesmo jogo que foi marcado para sábado, começou no domingo e tem grande chance de não terminar nem na terça (vide gráfico acima). Ele e Elena Vesnina venciam por 7/5 e 1/1 quando a partida contra a eslovena Andreja Klepac e o filipino Treat Hey foi interrompida e adiada.

A grande surpresa

O maior inesperado do dia foi ver a organização do torneio anunciar a decisão às 13h30min locais, tendo em mente que costuma haver jogo em quadra até por volta das 21h30min em Paris. Obviamente, uma medida assim só é tomada tão cedo quando a previsão é de mau tempo para o resto do dia. Ainda assim, é bastante raro ver um Slam cancelar uma rodada nesse horário. É preciso lembrar que o torneio precisa devolver o dinheiro integral de todos ingressos quando não há nem uma hora de jogo dentro de quadra, o que foi o caso desta segunda-feira.

Quem paga?

A Federação Francesa (a mesma que, vejam a ironia, está sendo investigada por venda de ingressos "por fora") é quem paga a conta. Se serve de consolo para eles, entra sempre algum dinheirinho quando o tempo não está favorável. Um guarda-chuva cinza custava 25 euros – em promoção – nesta segunda.

O teto retrátil

Toda vez que chove em Roland Garros ou no US Open, as perguntas voltam: por que não há teto nas quadras? Há uma certa dose de drama nisso. Slams foram disputados por anos sem quadras cobertas. Até 2008, apenas o Australian Open tinha teto retrátil. Nem por isso, o mundo parava. Rodadas atrasavam, programações eram refeitas, tenistas eram beneficiados ou prejudicados, etc. e tal. A rotina era a mesma de hoje.

Há anos, Roland Garros tem um projeto de expansão que prevê, entre várias outras melhorias, a construção de um teto retrátil sobre a Quadra Philippe Chatrier. O projeto, no entanto, está longe de ser unânime entre moradores da região e, por isso, nunca saiu do papel. Segundo o atual diretor do torneio, Guy Forget, não haverá teto antes do ano 2020. Voltarei a falar sobre isso, inclusive dando a minha opinião, em um texto a ser publicado em breve.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.