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Semana 19: Andy, Serena e as cartas embaralhadas antes de Roland Garros

Alexandre Cossenza

16/05/2016 08h00

Murray_Roma_trophy_atp_blog

O aniversariante Andy Murray foi campeão em um grandíssimo Masters 1.000 de Roma, Serena Williams voltou a levantar um troféu e brasileiros como Thomaz Bellucci, Teliana Pereira e Rogerinho viveram bons momentos na última semana.

Este resumaço dos últimos dias no circuito inclui Serena Williams experimentando comida para cachorro, a linda homenagem a Flavia Pennetta, (mais) um anúncio de Juan Martín del Potro, uma discussão entre Stan Wawrinka e Carlos Bernardes, a chave do qualifying masculino de Roland Garros e alguns dos lances mais bacanas do período.

O campeão

Aniversariante do dia, vindo de um vice em Madri e com uma chave fraquíssima em Roma, Andy Murray aproveitou a janela que se abriu. O escocês completou 29 anos e comemorou duplamente após derrotar Novak Djokovic por duplo 6/3 na final do torneio italiano.

O resultado quebrou uma sequência de 17 triunfos do número 1 do mundo contra top 10 e deixou tudo meio que embaralhado no circuito masculino antes de Roland Garros. Afinal, em Monte Carlo, Murray perdeu de Nadal, que em Madri perdeu de Djokovic, que perdeu de Murray em Roma. No papel, o favorito segue sendo o sérvio, mas seria irresponsável não admitir que espanhol e britânico estão fortes na briga.

O título pouco afetou porque, na prática, Murray voltou para a vice-liderança do ranking quando Roger Federer foi derrubado por Dominic Thiem. Agora, no entanto, é oficial: o escocês soma 8.435 pontos no ranking e tem boa vantagem sobre o suíço, #3, que acumula 7.015.

Aliás, ainda paira dúvida sobre a participação de Federer no Slam do saibro. Depois de desistir de Madri e não se mostrar totalmente recuperado em Roma, o ex-número 1 pode precisar escolher e decidir que estar em Roland Garros prejudicará sua preparação para Wimbledon. É na grama do All England Club, afinal, que o suíço tem mais chances de voltar a triunfar em um Major.

A campeã

No Premier 5 de Madri, Serena Williams voltou a vencer um torneio. Foi a 70ª vez em sua carreira, mas é bom lembrar que veio em uma chave esburacada. No caminha até o título, a número 1 superou Friedsam, McHale, Kuznetsova, Begu e Keys. Angelique Kerber, cabeça 2, perdeu na estreia para Eugenie Bouchard, que, por sua vez, perdeu para Strycova na rodada seguinte. Não por acaso, foi campeã sem perder nenhum set.

Just won title number 70 today in Rome… 70 never felt better

A photo posted by Serena Williams (@serenawilliams) on

Apesar do eterno favoritismo de Serena, o circuito feminino também é uma incógnita. Victoria Azarenka saiu de Roma com dores nas costas, e ninguém mais mostrou consistência suficiente para se colocar acima do pelotão-pós-Serena. Do grupo que tem Kerber, Halep, Muguruza, Kvitova, Radwanska e Pliskova (será que ela merece lugar aqui?), tudo pode acontecer.

A número 1 no banheiro

Serena Williams contou a história via Snapchat. Pediu o cardápio de comidas para seu cachorro, achou a comida com uma cara boa e decidiu provar. No fim das contas, foi parar no banheiro achando que ia desmaiar. A coletânea de "snaps" foi parar no YouTube.

Pelo menos a número 1 do mundo entrou em quadra bem de saúde o suficiente para derrotar a compatriota Christina McHale por 7/6(5) e 6/1.

A briga pelo número 1

A disputa pela liderança do ranking de duplas está quentíssima. Marcelo Melo resiste na frente, mas terá a dura tarefa de defender o título de Roland Garros nas próximas semanas. Logo atrás dele estão Nicolas Mahut, Jamie Murray e Horia Tecau. Quem será que sairá de Paris no topo?

Os brasileiros

O grande nome da semana foi Thomaz Bellucci, que deu sorte na chave e, enfim, aproveitou chances. Primeiro, ao derrotar um Gael Monfils em um dia pavoroso. Depois, batendo Nicolas Mahut, que vinha de aprontar uma zebra sobre Pablo Cuevas. E, por último, em uma bela apresentação contra Novak Djokovic. Bellucci aplicou um pneu no set inicial (o sérvio não sofria um 6/0 desde Cincinnati/2012, diante de Federer) e não venceu porque o número 1, um tanto errático na primeira parcial, se aprumou a tempo. No fim, Djokovic fez 0/6, 6/3 e 6/2.

Teliana Pereira voltou a ganhar uma partida e, mais uma vez, sobre Annika Beck. A alemã foi a vítima de duas das três vitórias da brasileira em 2016. Em seguida, valendo vaga nas oitavas de final, Teliana foi superada em dois sets pela espanhola Carla Suárez Navarro, #11, por 6/1 e 7/5. De positivo, a brasileira leva os pontos e uma bela reação na segunda parcial, na qual chegou a estar atrás por 5/1. Depois de começar a semana no 90º posto, Teliana aparece agora em 81º.

No circuito Challenger, Rogerinho foi campeão em Bordeaux (US$ 100 mil) ao bater o americano Bjorn Fratangelo por 6/3 e 6/1 na final. Os 100 pontos conquistados jogam o paulista para o alto, subindo nove posições no ranking e indo parar no 85º lugar. O post deixa Rogerinho perto da zona de classificação para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Roland Garros será a última chance para somar pontos e se colocar entre os 56 primeiros do ranking olímpico (que respeita o limite de quatro atletas por país e exige participação na Copa Davis). Levando em conta os nomes que já anunciaram que não vão ao Rio de Janeiro, a chance de Rogerinho nem é tão pequena assim…

Thiago Monteiro, André Ghem e Feijão também estavam em Bordeaux. Feijão não passou do quali, Monteiro perdeu nas oitavas e Ghem caiu nas quartas.

No mundo dos ITFs femininos, Paula Gonçalves e BIa Haddad disputaram o torneio de Saint-Gaudens, na França. Bia furou o quali, mas caiu na estreia. Paula foi mais longe e só parou nas semifinais, superada pela grega Maria Sakkari, cabeça de chave 2 do evento. A russa Irina Kromacheva foi campeã.

Por fim, no ITF de La Marsa (US$ 25 mil), Laura Pigossi furou o qualifying sem jogar (era cabeça 1 numa chave de 16 com 15 participantes e oito vagas na chave), e foi eliminada por uma tenista que jogo o quali. A algoz foi a cazaque Galina Voskoboeva, que aplicou 6/1 e 6/4.

A separação

A grande notícia da semana foi a separação de Andy Murray e sua (ex) técnica, Amélie Mauresmo. O anúncio veio logo na segunda-feira, sem dizer de quem tinha sido a decisão. Pouco depois, o Daily Mail publicou as primeiras frases do tenista sobre o assunto. O escocês disse que não estava dando certo porque os dois vinham passando pouco tempo juntos (Mauresmo teve filho recentemente). Leia aqui, em inglês.

A homenagem que faltava

Quando disputou seu último jogo oficial, no fim do ano passado, Flavia Pennetta pegou a raqueteira e deixou a quadra. Sem cerimônia, sem vídeo no telão, sem muito obrigado… Nada. O torneio de Roma não deixou passar e fez a homenagem que a campeã do US Open merecia. A WTA publicou um vídeo com 28 minutos do que aconteceu na terça-feira, na capital italiana.

O mal-entendido

Mais uma polêmica envolvendo um tenista top e o árbitro brasileiro Carlos Bernardes. O juizão aplicou uma advertência no tenista suíço por "obscenidade audível", mas Stan ficou furioso. Segundo o campeão de Roland Garros, a frase que Bernardes pensou conter um "fuck" foi, na verdade, "why do we practice so much?". Wawrinka ainda perguntou "você quer ver a câmera e ouvir?" e "como você pode me dar uma advertência por isso?"

Bernardes disse que ouviria a gravação e que, se estivesse errado, pediria desculpas e Wawrinka não seria multado. O suíço, que havia perdido o primeiro set, só perdeu mais dois games depois da discussão e derrotou o francês Benoit Paire por 5/7, 6/2 e 6/1, avançando às oitavas de final.

Sem Roland Garros

Juan Martín del Potro não disputará o Slam do saibro. Em mensagem aos fãs, o argentino disse que "por causa da evolução mostrada nas últimas semanas", conseguirá pela primeira vez jogar um grupo de torneios em sequência. Por isso, começará logo os treinos na grama. Delpo não confirmou os torneios, mas disse que espera terminar a série juntando-se ao time da Copa Davis.

Soa um tanto estranho quando um tenista diz que houve "evolução" em uma condição física e que vai poder fazer uma sequência de torneios, mas, ao mesmo tempo, acha melhor desistir de um evento tão importante. Resta torcer para que Del Potro esteja falando a verdade e que, no futuro, não precise mais deixar de competir em um Slam.

Lances bacanas

Era só um treino, mas Gael Monfils consegue transformar tênis no concurso de enterradas da NBA…

Na curiosa partida entre David Ferrer e Filippo Volandri, aconteceu este ponto maluco que nem tento descrever. Veja abaixo.

Volandri, que começou a semana como #203 e precisou passar pelo qualifying em Roma, não jogava uma chave principal de nível ATP desde Gstaad/2014. Aos 34 anos, o italiano não vence um jogo neste nível desde Buenos Aires/2014, quando bateu o qualifier Christian Garin. Já são 13 derrotas consecutivas, incluindo o revés diante de Ferrer, #9, por 4/6, 7/5 e 6/1.

As opções eram muitas no jogaço de quartas de final entre Djokovic e Nadal, mas que tal lembrar do ponto que decidiu o primeiro set?

A melhor história

Não é a melhor, mas talvez seja a mais curiosa. A revista americana Sports Illustrated perguntou a tenistas, técnicos, blogueiros e todo tipo de gente envolvida com o tênis se não seria melhor um sistema diferente de pontuação. A publicação sugere uma contagem em que cada set seria até 24 pontos, mais ou menos como em um enorme tie-break. A ideia é se desfazer do sistema de games. Você pode ler a repostagem aqui, em inglês.

A maioria não foi a favor, mas muitos ficaram intrigados com as mudanças que um novo sistema de pontuação provocaria no tênis. É, também o meu caso, embora eu ache os argumentos usados pela Sports Illustrated fraquíssimos.

Os posts da semana

Dois momentos marcantes do Masters 1.000 de Roma foram o pneu aplicado por Bellucci sobre Djokovic e o jogaço entre o número 1 do mundo e Rafael Nadal. Sobre o brasileiro, escrevi sobre o que chamo de sua "luta interna" neste post. Quando à suposta final antecipada (para alguns), escrevi sobre o significado daquele duelo para sérvio e espanhol neste texto aqui.

O qualifying francês

Enquanto alguns tenistas disputam os últimos ATPs antes de Roland Garros, a turma do qualifying entra em quadra já nesta semana. Entre eles estão Feijão, Ghem, Monteiro e Clezar. Veja a chave inteira aqui.

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Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.