Topo

Saque e Voleio

Rio Open, dia 6: zebra Cuevas, zebra Pella e a zebra que abateu mineiros

Alexandre Cossenza

21/02/2016 02h33

Nadal_Rio16_SF_DecoPires_blog

O sábado do Rio Open não foi o que todos imaginavam e, certamente, nem esteve perto do que a organização sonhava. Dominic Thiem e Rafael Nadal, cotadíssimos para fazerem a final no que seria uma esperada revanche do jogão de Buenos Aires, na última semana, tombaram. O mesmo aconteceu com Bruno Soares e Marcelo Melo, a dupla olímpica brasileira. De nome – nome mesmo -, só Frncesca Schiavone (lembram dela?) salvou o dia. O post resume o que rolou no sábado no Jockey Club Brasileiro. Role a página e fique por dentro.

A zebra

Rafael Nadal foi mais uma vez aquele Rafael Nadal inconsistente e que não adota uma tática clara do início ao fim dos jogos. Contra Pablo Cuevas, teve relativo sucesso quando ficou no fundo de quadra e alongou os pontos, mas jamais insistiu nisso. Volta e meia, se aproximava da linha de base para atacar mais. Volta e meia, cometia erros atípicos do Nadal que o mundo viu dominar o circuito.

O uruguaio fez uma partida inteligente e, não fosse um vacilo no tie-break do primeiro set, teria fechado a partida bem antes. Ainda assim, vale ressaltar que Cuevas sacou bem melhor do que Nadal (o espanhol continua fazendo pouquíssimo ou nenhum estrago com seu serviço) e, acreditem, foi mais decisivo do que o espanhol. No terceiro set, precisou salvar dois break points depois de Nadal acordar o público com uma linda passada na paralela. Logo em seguida, quebrou e abriu vantagem até fechar em 6/7(6), 7/6(3) e 6/4.

O ex-número 1 do mundo, que cometeu 33 erros não forçados e executou 32 winners parecia o homem mais cansado em quadra ao fim das 3h28min de partida. Cuevas também estava esgotado. Na entrevista ao SporTV, disse que estava cansado para falar em português e respondeu um monte de coisas que não tinham nada a ver com o que havia sido perguntado.

E se você está imaginando, foi a partida mais longa da história do Rio Open. Tão longa que entrou pela madrugada duas vezes. A primeira quando terminou o horário de verão. A segunda, uma hora depois, e o encontro só terminou à 0h29min de domingo, no horário "normal".

A primeira semi

A primeira semi foi grandemente afetada pelas condições climáticas. Pouco depois de Guido Pella quebrar o serviço de Dominic Thiem, começou a ventar muito forte na Quadra Guga Kuerten. O austríaco, claramente incomodado, fez um set pífio, enquanto o argentino mantinha a bola em quadra e ganhava seus games. O jogo só parou muito depois, por causa da chuva, mas Pella já havia vencido a parcial.

Quando o jogo recomeçou, Thiem, #19, apareceu mais concentrado, mas o jogo de saibro de Pella, que correu poucos riscos e apostou na irregularidade do adversário, manteve o duelo equilibrado. O tênis de porcentagens do argentino acabou levando a melhor quando Thiem cometeu erros, cedeu dois match points e selou sua sorte com uma dupla falta: 6/1 e 6/4.

Atual número 71 do mundo aos 25 anos, Pella entrará no top 50 mesmo que perca a decisão. Será o melhor ranking de sua carreira.

As mulheres

Na chave feminina, o nome do dia foi Francesca Schiavone. A veterana de 35 anos, ex-número 4 do mundo e atual #132, derrotou a croata Petra Martic por duplo 6/3 e se garantiu como primeiro nome na decisão.

É a primeira final de Schiavone em quase três anos – desde o WTA de Marrakesh, também no saibro, onde ela foi campeã em 2013, derrotando Lourdes Domínguez Lino na decisão. A italiana parece estar em sintonia com a Cidade Maravilhosa, de maneira bem diferente de sua passagem pelo Rio Open dois anos atrás.

Na coletiva, a campeã de Roland Garros/2010 falou sobre suas visitas a cidades brasileiras e de como gostou da carne servida nos restaurantes da cidade.

Na final, a veterana vai enfrentar a americana Shelby Rogers, #131, que eliminou a romena Sorana Cirstea, #199, por duplo 6/4. Será a segunda final da carreira da jovem de 23 anos em eventos de nível WTA (Schiavone disputará sua 18ª). A primeira foi em Bad Gastein/2014, onde saiu derrotada por Andrea Petkovic.

Vale citar uma curiosidade sobre a americana: Rogers não jogava uma chave principal de WTA desde Quebec City/2015, onde foi eliminada na estreia. Sua última vitória em chaves principais neste nível havia sido no US Open, onde furou o quali e chegou à terceira rodada antes de ser derrotada por Simona Halep.

Os brasileiros

O Brasil começou as semifinais de duplas até com uma chance de ter uma final entre compatriotas, só que tudo deu errado. Primeiro, Thomaz Bellucci e Marcelo Demoliner foram superados pelos colombianos Juan Sebastián Cabal e Robert Farah por duplo 6/4. O grande momento de frustração, contudo, viria mais tarde.

Bruno Soares e Marcelo Melo entraram na Quadra 1 cheios de expectativa, mas desde o primeiro set ficou claro que a noite seria difícil. David Marrero e Pablo Carreño Busta fecharam o primeiro set por 6/2. Empurrados pela torcida – havia filas para entrar na Quadra 1, com capacidade para 1.200 pessoas – os mineiros reagiram e forçaram o match tie-break, mas duas duplas faltas machucaram.

Primeiro, com Melo, o que permitiu aos espanhois sacaram na frente o tempo inteiro. Mais tarde, depois de devolver uma mini-quebra, Soares fez uma dupla falta quando tinha o serviço em 6/7. Os "visitantes" não deram mais chances e fecharam em 6/2, 3/6 e 10/7.

O resultado encerrou uma série de 17 vitórias de Bruno Soares. Na sequência, o mineiro venceu o ATP de Sydney, o Australian Open em duplas e mistas e somou mais dois triunfos no Rio de Janeiro.

Coisas que eu acho que acho:

– No mesmo dia, o torneio perdeu Thiem, os mineiros e Nadal. Será que a organização está feliz com a programação de domingo?

– Aliás, estaria feliz quem pagou R$ 640 por um ingresso para a final e vai ver Pablo Cuevas x Guido Pella?

– A eliminação dos mineiros fez a organização mudar o horário da final de duplas, inicialmente programada para acontecer na Quadra Guga Kuerten depois da final masculina. Agora o jogo será na Quadra 1, sem televisão, mais cedo.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.