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Rio Open, dia 4: Paula ainda sonha, Thiago tomba e Bellucci vende pipoca

Alexandre Cossenza

18/02/2016 23h32

Rafael Nadal empolgou por algum tempo, brasileiros saíram vitoriosos em todos jogos de duplas, Paula Gonçalves manteve vivo o sonho na chave feminina, e Thiago Monteiro não conseguiu um segundo "milagre". Sem chuva, o Rio Open viu muito tênis de qualidade nesta quinta-feira e quem esteve no Jockey Club Brasileiro teve a sensação de que o torneio finalmente embalou.

O dia ainda teve Thomaz Bellucci vendendo pipoca, Rafa Nadal encontrando um craque do Vasco e, fora do Rio Open, a notícia de que Novak Djokovic ainda cobra judicialmente uma dívida do Estado do Rio de Janeiro. Role a página e leia tudo!

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O fim do sonho

Foi um primeiro set equilibrado, que escapou no tie-break. Na virada de lado, Thiago Monteiro vencia por 4/2. Porém, o experiente uruguaio Pablo Cuevas, 30 anos e #45 do mundo, se salvou e levou o game de desempate. Quando o veterano conseguiu uma quebra no terceiro game da segunda parcial, foi como se soassem as 12 badaladas para o cearense, #338 do mundo. Monteiro não teve mais nenhuma chance de quebra e perdeu o serviço novamente no nono game, decretando o fim da memorável passagem pelo Rio Open: 7/6(5) e 6/3.

Com os 45 pontos somados no evento, o cearense de 21 anos pulará provavelmente para o grupo dos 280 melhores do mundo. Ainda não será o melhor ranking da carreira (Monteiro foi #254 em novembro de 2013), mas será um belo salto que pode ganhar novo impulso em São Paulo. Nesta quinta, a organização do Brasil Open oportunisticamente ofereceu um wild card para o cearense na chave principal. Vale ficar de olho nele por lá também.

Os favoritos

Contra Nicolás Almagro, Rafael Nadal lembrou mais um pouco "daquele" Rafael Nadal que o mundo se acostumou a ver no saibro. Pelo menos no primeiro set, quando tomou a dianteira logo no começo e manteve a vantagem até fechar a parcial em 6/3. Merece destaque especial o nono game, em que Almagro teve três break points seguidos (0/40), e o ex-número 1 do mundo escapou de todos brilhantemente.

O segundo set não foi tão empolgante, e Nadal perdeu o saque duas vezes – em ambas, logo depois de quebrar Almagro. Só que o ex-número 1 aproveitou o nervosismo de Almagro, que estava descontente com os juízes de linha e desandou a errar e cedeu um saque pela terceira vez seguida no 11º game. Nadal, então, confirmou e fez 6/3 e 7/5.

Nem tudo foi ruim no dramático segundo set. Nadal também brilhou e inclusive fez esse ponto abaixo, lembrando "aquele" Nadal.

Na coletiva, Nadal, além de se mostrar feliz com o primeiro set, que classificou como "muito bom, muito completo, com muito poucos erros, fazendo o que tinha que fazer", admitiu que ficou um pouco nervoso no fim da segunda parcial.

Vale destacar também que o cabeça de chave 1 do torneio revelou ter ficado preocupado com uma menina que ficou espremida por outros fãs quando esperava por um autógrafo. "Quando há muita gente, fica perigoso para eles. Me preocupou porque havia uma jovem que estava chorando porque estavam lhe apertando."

Nadal, porém, não culpou o torneio. "Não é nada de novo, é muito difícil evitar que isso aconteça e é lógico também que os fãs tenham a opção de querer uma foto ou um autógrafo. Eu, para evitar que isso aconteça, o que posso fazer é não dar autógrafos e não tirar fotos, mas me pareceria uma grande falta de educação."

Ao fim do jogo, Nadal recebeu a visita do atacante Nenê, do Vasco. O brasileiro jogou no Mallorca ao lado de Miguel Ángel Nadal, tio do tenista, em 2004.

David Ferrer, cabeça de chave 2, teve mais trabalho com o compatriota Albert Ramos Viñolas, que venceu o primeiro set, mas perdeu o embalo após ir ao banheiro e, na volta, ouvir reclamações de Ferrer, que achou ruim o tempo levado pelo oponente para sair e voltar à quadra. Coincidência ou não, o número 6 do mundo disparou na frente no segundo set e acabou vencendo a parcial decisiva. O placar final mostrou 4/6, 6/1 e 6/4.

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Os brasileiros

A dupla olímpica formada por Marcelo Melo e Bruno Soares (que jogarão juntos no Rio e em São Paulo) voltou à Quadra 1 para continuar a partida contra os também brasileiros Fabiano de Paula e Orlando Luz. O jogo foi interrompido na noite anterior com o placar ainda em 2/0 para Soares e Melo e recomeçou nesta quinta com os mineiros perdendo o serviço. Foi, no entanto, o único momento de quase-equilíbrio da tarde. Os favoritos fizeram 6/2 e 6/3, sem problemas.

Após o jogo, ainda na Quadra 1, Marcelo Melo foi homenageado pelo torneio e ganhou uma bandeja comemorativa pelo posto de número 1 do mundo. Foi uma cerimônia curta e sem muita pompa, mas valeu pela torcida fazendo o coro de "Girafa, Girafa" e pela surpresa do número 1 do mundo.

Soares e Melo, cabeças de chave 1 do torneio, enfrentarão nas quartas de final Dusan Lajovic e Dominic Thiem e podem até fazer um confronto brasileiro nas semifinais. Feijão e Rogerinho também estrearam com vitória nas duplas e bateram o austríaco Philipp Oswald, atual campeão do torneio, e o argentino Guillermo Duran por 6/2, 6/7(3) e 10/8. Nas quartas, os paulistas vão encarar os espanhois Pablo Carreño Busta e David Marrero.

Também pela chave de duplas, Thomaz Bellucci e Marcelo Demoliner fizeram o jogo mais animado da Quadra 1, com intensa participação do público. Paulista e gaúcho perderam o primeiro set, mas reagiram na segunda parcial contra Aljaz Bedene e Albert Ramos e venceram no match tie-break: 6/7(6), 7/6(4) e 10/4. Eles enfrentam Paul-Henri Mathieu e Jo-Wilfried Tsonga nas quartas.

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Depois da vitória nas duplas, Bellucci participou de uma ação promocional do Cinemark. A ideia era disfarçar o número 1 do Brasil e ver se os consumidores o reconheceriam. Foi divertido, embora poucas pessoas tenham aparecido – a gravação aconteceu durante a partida entre Thiago Monteiro e Pablo Cuevas, a única no complexo naquele momento.

Parece (pelo menos para mim) questionável uma ação que associa pipoca a um atleta bastante criticado em redes sociais, mas é bacana ver que Bellucci participou sem se mostrar preocupado com isso.

Paula e o melhor ranking da carreira

Na chave feminina, a única sobrevivente brasileira aprontou mais uma zebra e eliminou a sueca Johanna Larsson, #48 do mundo e cabeça de chave 2 do Rio Open: 6/4 e 6/4. A melhor campanha da vida da paulista lhe coloca nas quartas de final contra a americana Shelby Rogers, #131.

Atual número 285 do ranking mundial, Paula já soma 66 pontos com a campanha na Cidade Maravilhosa e, mesmo que perca nas quartas, possivelmente estará entre as 220 primeiras na lista que será divulgada na próxima segunda-feira. Será sua melhor posição na carreira, superando o 238º posto ocupado na semana de 15 de junho do ano passado.

O melhor estande

O Leblon Boulevard – área de convivência do Rio Open – continua muito bem servido na questão alimentícia, apesar dos preços. Um combo de pipoca e duas bebidas no food truck do Cinemark custa R$ 43, por exemplo.

Na parte de entretenimento, há menos opções do que no ano passado (alguns conhecidos sentiram falta dos jogos do Itaú e da Peugeot, por exemplo). Mas o estande da Pirelli se destaca, com um excelente simulador de Fórmula 1. Por cinco minutos o visitante pode pilotar – de graça – no circuito de Interlagos. O game é ótimo, o carro reage gloriosamente aos comandos dos pedais e do volante, e as três telas em frente ao bólido ajudam o visual da simulação. Recomendo muito.

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A dívida

Publicado nesta quinta-feira no UOL: Novak Djokovic cobra R$ 650 mil do Governo do Estado do Rio de Janeiro pela exibição feita no Brasil, em 2012, com Gustavo Kuerten. O Estado se comprometeu a pagar um cachê de R$ 1,1 milhão ao sérvio, mas o número 1 do mundo afirma ter recebido apenas R$ 450 mil. A íntegra da reportagem está neste link.

Vale lembrar que o mesmo Estado do Rio de Janeiro dá ao Rio Open R$ 10 milhões em forma de incentivos fiscais.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.