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Rio Open: o que já rolou e o que esperar

Alexandre Cossenza

15/02/2016 09h26

O maior torneio de tênis da America do Sul começa nesta segunda-feira com muita expectativa – e não seria diferente em uma chave com Nadal, Ferrer, Isner, Tsonga, Sock, Dolgopolov e, claro, Thomaz Bellucci. Mas muita coisa já aconteceu dentro e fora das quadras nos dois dias de qualifying no Jockey Club Brasileiro. Que tal, então, dar uma olhada nas chaves e repassar o que rolou no fim de semana? Role a página, leia tudo e fique por dentro!

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Os homens

Nenhum dos grandes nomes citados acima fez um torneio memorável em Buenos Aires, onde Nicolás Almagro e Dominic Thiem disputaram a final. A boa notícia é que todos chegaram mais cedo ao Rio e estarão mais adaptados ao saibro, o que aumenta a chance de duelos com bom nível técnico.

Entre os principais favoritos, o sorteio da chave não colocou nenhum jogo espetacular na primeira rodada, mas deixou algumas ótimas possibilidades já para a segunda fase, como Nadal x Almagro e Tsonga x Cuevas.

As mulheres

Não tem como jogar para baixo do tapete: a chave feminina (é um WTA International, lembremos) é uma das mais fracas do circuito. Bom para Teliana Pereira, que é a principal cabeça de chave e terá a seu favor o calor carioca.

O sorteio não foi nada bom para as convidadas Bia Haddad e Sorana Cirstea, que se enfrentam já na primeira rodada. Elas duelaram recentemente em um ITF de US$ 25 mil no Guarujá, e a romena derrotou a brasileira nas semifinais por 2/6, 6/3 e 6/1. Quem vencer deve encontrar Polona Hercog (#83, cabeça 5) na sequência.

A chave ainda tem Francesca Schiavone "solta" por ali. A italiana, que hoje é apenas a 114ª do ranking, encara Tatjana Maria (#90, cabeça 7) na estreia, na minúscula Quadra 2 do Jockey Club Brasileiro.

Não há muito que esperar em termos de excelência técnica no evento (se compararmos com o circuito WTA, claro). O melhor cenário possível seria o que aconteceu no fraquíssimo WTA de Florianópolis: uma brasileira indo longe, atraindo público e enchendo a quadra.

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Os brasileiros

Talvez a maior atração brasileira seja a dupla de Marcelo Melo, número 1 do mundo, e Bruno Soares, campeão do Australian Open. Os dois, que atuarão juntos nos Jogos Olímpicos Rio 2016, formarão time no Rio Open, o que já gera uma expectativa enorme. Os mineiros são os cabeças de chave número 1 e estrearão contra os compatriotas Fabiano de Paula e Orlando Luz.

A chave de duplas não está nada fraca. Os cabeças 2 são os colombianos Juan Sebastian Cabal e Robert Farah, enquanto Pablo Cuevas e Fabio Fognini são os cabeças 3, que em tese encontram os mineiros nas semifinais. Vale ainda prestar atenção em Philip Petzschner / Alexander Peya, Jo-Wilfried Tsonga / Paul-Henri Mathieu, e Jack Sock / Nicholas Monroe.

Nas simples, Thomaz Bellucci teve o pior sorteio possível considerando sua posição como oitavo cabeça de chave. Não só caiu no quadrante de Rafael Nadal (possível confronto de quartas de final) como estreará contra Alexandr Dolgopolov, ucraniano contra quem costuma ter problemas.

Eles já se enfrentaram duas vezes, e Dolgo venceu todos os quatro sets. O último jogo foi em Sydney, no começo deste ano, e o ucraniano aplicou 6/1 e 6/4. O copo-meio-cheio para Bellucci é que os confrontos anteriores foram em quadra dura. Talvez o saibro lhe seja mais favorável. Vale lembrar, porém, que Dolgopolov foi vice-campeão do Rio Open em 2014.

Feijão teve mais sorte. Convidado da organização, o paulista enfrentará o argentino Diego Schwartzman na estreia. Se vencer, pega Thiem ou Andújar. Feijão não vem jogando o mesmo nível de tênis do ano passado, quando foi semifinalista no Brasil Open e chegou às quartas no Rio, mas sabe jogar com a torcida e terá a chance de contar com o público para lhe empurrar em um momento tão importante. Feijão é hoje o #168 e ainda precisa defender os 90 pontos do Rio Open de 2015 (os 90 de São Paulo foram descontados nesta segunda-feira).

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As brasileiras

Teliana Pereira, querendo admitir ou não, é forte candidata ao título do torneio. Não só pelo nível da chave, mas pelo saibro e pelo clima. Enquanto isso, Gabriela Cé, convidada da organização, joga sem pressão.

A boa notícia do fim de semana ficou por conta de Paula Gonçalves, que furou o qualifying e chegou à chave principal para enfrentar a israelense Julia Glushko na primeira rodada. Nem de longe é o pior dos cenários.

Paula, lembremos, jogou a chave principal em 2014 e 2015 e somou duas derrotas para a paraguaia Verónica Cepede Royg. Em 2014, sacou para fechar os dois sets, mas perdeu ambos. Talvez o qualifying tenha dado do ritmo que a paulista precisava para avançar inclusive na chave principal. Vale prestar atenção.

O qualifying deles

Na chave masculina, nenhum dos seis brasileiros passou pelo quali. Rogerinho, André Ghem, Guilherme Clezar, José Pereira, Carlos Eduardo Severino e Orlandinho disputaram. Rogerinho foi o único a vencer na primeira rodada, no sábado, mas acabou derrotado por Gastão Elias no domingo.

Carioca style

Rio de Janeiro é aquela coisa… Quando o povo não está sendo assaltado ou fugindo de arrastões na Linha Vermelha e no Túnel Rebouças, está vendo paisagens e postando fotos nas redes sociais. Não seria diferente em um torneio de tênis. As fotos são muitas, a começar com Fabio Fognini e Flavia Pennetta curtindo o Cristo Redentor.

Na praia de São Conrado, as meninas foram tomar água de coco: Danka Kovinic, Sorana Cirstea, Christina Mchale e Teliana Pereira.

John Isner também curtiu praia e água de coco, mas foi até a Rocinha bater bola com alguns garotos da comunidade.

Jack Sock correu na Lagoa Rodrigo de Freitas e se juntou a Bellucci e Isner para um passeio de helicóptero pela Cidade Maravilhosa.

A programação

O primeiro dia de chave principal no Rio Open tem Gabriela Cé x Ana Bogdan como jogo único da sessão diurna na quadra central, começando às 14h15min. Na sessão noturna, com início não antes das 17h, o torneio escalou Pella x Isner, Bellucci x Dolgopolov e Fognini x Bedene, nesta ordem. Veja a programação completa neste link.

Fora do Rio

Apenas a título de registro, vale a pena ficar de olho em Delray Beach, onde Juan Martín del Potro fez seu muito aguardado retorno às quadras após uma cirurgia no punho esquerdo realizada no dia 18 de junho de 2015.

Seis anos atrás, em 2010, Del Potro também fez um retorno em Delray Beach – também por causa de uma cirurgia no punho (era o direito na época). Naquele ano, o argentino foi campeão sem perder um set sequer.

Del Potro ainda tem "só" 27 anos, já venceu um Slam e constantemente dava trabalho aos melhores do mundo. Entre outros feitos, derrotou Federer numa final de Slam e tirou uma medalha olímpica de Djokovic. Tê-lo em excelente nível outra vez seria fantástico para o tênis.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.