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Saque e Voleio

AO, dia 12: Murray na final, Bruno em outra final, e a imbatível #Santina

Alexandre Cossenza

29/01/2016 12h03

Andy Murray está de volta à final do Australian Open; Bruno Soares se classificou para mais uma decisão em Melbourne; e a insuperável dupla de Sania Mirza e Martina Hingis conquistou seu terceiro título de Slam consecutivo.

O resumaço deste 12º dia em Melbourne fala sobre os três jogos mais importantes da sexta-feira, mas também avalia o que esperar da final masculina e inclui os habituais vídeos e tuítes pertinentes da rodada. Role a página e fique por dentro.

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O jogo

Quando alguém saca tão bem e, no caso de Milos Raonic, com tanta potência, a vida do adversário é duríssima. A coisa piora quando o sacador toma decisões corretas e escolhe bem os momentos de subir à rede. E se o cidadão está voleando bem, aí realmente se faz necessária uma atuação hercúlea para derrubá-lo.

Se o sujeito em questão consegue uma quebra de saque no primeiro game do jogo, cria-se um buraco difícil de sair, e foi essa a situação vivida por Andy Murray nesta sexta-feira. O britânico ainda teve 0/40 para devolver a quebra imediatamente, mas não conseguiu converter. E aí começou um drama que, mesmo sem o britânico perder o serviço até o fim, só terminou depois de cinco sets.

No papel, o número 2 do mundo não chegou a estar perto da eliminação. Nem mesmo depois de Raonic vencer o terceiro set. Só que as palavras nesse "papel" nem sempre têm sentido literal. Contra um saque como o do canadense, estar perdendo por 2 sets a 1 é viver com a faca no pescoço. Murray, é bom dizer, lidou bem com isso. Sacando atrás no placar no início do quarto set, confirmou saques sem drama até quebrar o adversário.

Aí, sim, houve sufoco. O britânico precisou salvar três break points em dois games diferentes antes de fechar o set. E o momento foi tão tenso que gerou essa comemoração intensa (e rara, sejamos sinceros) de Andy Murray.

Quando o quinto set começou, após mais de 3h30min de partida, Raonic já não estava bem fisicamente. Pediu atendimento médico e recebeu massagem, mas sua movimentação diminuiu. Os saques também sofreram. A vida de Murray ficou mais fácil, e ele aproveitou. Abriu 4/0 e não olhou mais para trás. No fim, depois de 4h08min, garantiu sua vaga em mais uma final: 4/6, 7/5, 6/7(4), 6/4 e 6/2.

O que esperar da final

Novak Djokovic será favorito mais uma vez. Até aí, novidade nenhuma. O sérvio, hoje, é o mais cotado contra qualquer adversário em qualquer torneio, em qualquer piso, com ou sem vento, sob sol ou em quadra indoor. A questão é o quanto Murray conseguirá agredir e ser eficiente no domingo. Até agora, o escocês faz um ótimo torneio, mas nenhuma de suas vitórias veio com um nível de tênis espetacular – aquele que se espera de alguém que possa derrubar o número 1 do mundo.

Djokovic, por outro lado, foi espetacular na quinta-feira. Especialmente nos dois primeiros sets contra Roger Federer. Parece improvável outra atuação como aquela dos cem erros não forçados contra Gilles Simon. Até por isso, as casas de apostas pagam apenas 1,16 em caso de título do sérvio e 5,0 para uma vitória de Murray.

O brasileiro em outra final

Sim, Bruno Soares disputará as duas finais no Australian Open. Já classificado para a decisão das duplas, o mineiro voltou à quadra nesta sexta para tentar avançar também nas mistas. Pois ele e a russa Elena Vesnina derrotaram Sania Mirza e Ivan Dodig por 7/5 e 7/6(4), ficando a uma vitória do título.

Somando as campanhas do ATP de Sydney e as duas chaves do Australian Open, Bruno agora soma 13 vitórias seguidas. A decisão das mistas será no domingo contra o romeno Horia Tecau e a americana Coco Vandeweghe.

As imbatíveis

Sania Mirza jogou a semifinal de mistas contar Soares e Vesnina depois de uma tensa decisão nas duplas femininas. Ela e Martina Hingis foram campeãs, derrotando as tchecas Andrea Hlavackova por 7/6(1) e 6/3.

O primeiro set, em especial, foi dramático, com oito quebras de saque consecutivas. A parceria tcheca, inclusive, chegou a sacar para a parcial com o placar em 5/4. Durante a maior parte do tempo, porém, Mirza sorria, se divertindo com a parceira.

A vitória desta sexta foi a 36ª consecutiva de #Santina. A dupla não perde desde agosto do ano passado e detém agora os títulos de Wimbledon, do US Open e do Australian Open.

Curiosidades

Informação da federação britânica: com Jamie nas duplas e Andy nas simples, pela primeira vez na Era Aberta (a partir de 1968) dois irmãos farão duas finais de um mesmo torneio de Grand Slam.

Outro número interessante: a última vez que a Grã-Bretanha teve representantes nas duas finais masculinas do Australian Open foi em 1935, quando Fred Perry foi campeão nas simples e Patrick Hughes foi vice nas duplas.

E vale lembrar que uma vitória de Milos Raonic também daria ao Canadá a participação nas duas finais. O imortal Daniel Nestor, 43 anos, jogará neste sábado pelo título de duplas ao lado de Radek Stepanek.

Bolão Impromptu do Dia

Nesta sexta, a pergunta aleatória da vez lançada durante um momento qualquer na madrugada foi sobre o quinto set de Andy Murray x Milos Raonic.

Os melhores lances

Na coletiva após o jogo, Milos Raonic disse que nunca se sentiu tão triste após perder um jogo de tênis. É compreensível. A final do Australian Open esteve a alguns games de seu alcance, mas escapou. Não serve de consolo, mas o torneio elegeu esse forehand do canadense como o melhor lance do dia.

Machucou

Andrea Hlavackova deu essa bolada na parceira durante a final de duplas. O erro veio logo em um break point, mas acabou não custando tão caro assim. Pouco depois, as tchecas conseguiram a quebra de saque e abriram 5/4.

O que vem por aí no dia 13

O sábado em Melbourne tem a final feminina, entre Serena Williams e Angelique Kerber, seguida da final de duplas, com Bruno Soares e Jamie Murray enfrentando Daniel Nestor e Radek Stepanek. As duas partidas serão à noite, a partir das 19h30min locais.

Veja aqui os horários e a programação completa.

A mensagem

Após jogo, coletiva e tudo mais, Milos Raonic publicou uma mensagem bonita em sua conta no Instagram. Falou, entre outras coisas, sobre como dá raiva terminar assim o torneio, com um nó no estômago, e sobre como trabalha duro para alcançar tudo que quer no tênis.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.