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Bouchard no Rio: todo mundo ganha

Alexandre Cossenza

06/01/2016 10h38

Como o importante ontem era publicar a notícia de Eugenie Bouchard confirmada no Rio Open, deixei os comentários e opiniões para o post de hoje. Então vamos nessa. É ponto pacífico que um nome como o de Eugenie Bouchard agrega ao torneio carioca. Vejamos então os porquês.

Bouchard vende. Essa é a primeira questão e talvez a mais importante do ponto de vista da organização do torneio. Do ponto de vista dos promotores, tenistas com essa característica são tão ou mais importantes do que, digamos, um David Ferrer. Sim, é essencial que o evento tenha alto nível esportivo, mas de nada adiantaria se não vendesse ingressos e não desse retorno de mídia. Bouchard, assim, como Tsonga, atrai mais público mais do que um Ferrer ou um Fognini.

O caso da canadense ainda é mais evidente porque Bouchard, 21 anos, bonita e vencedora, foi eleita pela SportsPro Media como a atleta com maior apelo comercial do mundo. Seus parceiros publicitários incluem as gigantes Nike e Coca-Cola, entre outros. Sua lista de fãs inclui o polêmico "Genie Army", atraído talvez mais pela beleza do que pelo tênis da jovem. Tudo isso forma um pacote atraente para quem consegue Bouchard em seu torneio.

Okay, é verdade que a publicação da SportsPro aconteceu antes de Genie se envolver na polêmica do "não handshake" da Fed Cup, de sofrer uma dúzia de derrotas incompatíveis com seu ranking e de sofrer a estranha concussão em um vestiário do US Open. É possível que o desastroso (e desastrado?) 2015 tenha abalado seu potencial de marketing, mas não seu potencial tenístico. Bouchard tem tempo de sobra para reencontrar as vitórias e voltar a brigar por títulos.

E por que Bouchard vem ao Rio Open, um torneio isolado na América do Sul, disputado no saibro, piso em que jogou cinco vezes e perdeu quatro em 2015? A terra batida talvez não seja o maior dos problemas. Genie, afinal, foi semifinalista de Roland Garros em 2014. Além disso, a canadense nunca fugiu do saibro. Em 2013, quando ainda nem tinha entrado no top 100, fez um "tour" Cáli-Bogotá-Acapulco em busca de pontos em chaves mais acessíveis. Aliás, foi no saibro de Charleston, também em 2013, que Bouchard conseguiu, depois de furar o quali e alcançar as quartas, os pontos necessários para entrar no top 100.

Mas tem mais: o calendário, que sempre foi um empecilho para o Rio Open atrair nomes de peso, desta vez ajudou. Com (quase) todas grandes tenistas em Doha e Dubai jogando torneios que pagam mais de US$ 2 milhões, Bouchard, que caiu de top 5 para #49, não tem ranking para entrar nos dois torneios. Logo, o Rio de Janeiro tornou-se uma ótima opção – ainda mais oferecendo um cachê que certamente compensa o prize money de apenas US$ 250 mil.

A favor da canadense joga também a chave modesta do Rio de Janeiro. Pelo ranking atual, as outras sete cabeças de chave seriam Teliana Pereira (#46), Karin Knapp (#51), Johanna Larsson (#56), Danka Kovinic (#57), Christina McHale (#63), Polona Hercog (#73) e Tatjana Maria (#74). Bouchard será, com sobras, a tenista mais talentosa do torneio. Se estiver em forma, é favoritíssima para um título que pode lhe dar um novo e importante impulso na carreira.

Coisas que eu acho que acho:

– Nada é 100% certo nesse mundo do tênis, então convém torcer para que não haja lesões ou complicações fora de hora. Se todas presenças forem confirmadas, o Rio Open terá seu melhor "elenco" da histórias (tudo bem, são só três anos de torneio): Nadal, Ferrer, Tsonga, Isner e Bouchard serão as principais atrações, mas os coadjuvantes também serão nomes de respeito.

– Vale observar como o público se comportará diante de Bouchard no Rio de Janeiro. Haverá uma versão local do Genie Army? Haverá pedidos de casamento? E a canadense, aparecerá de bom humor e aceitará bem eventuais brincadeiras? Esperemos ansiosamente até o Rio Open, que começa dia 15 de fevereiro.

– Eu tinha preparado uma lista de "top 5" para publicar na última semana de 2015, mas meu pós-Natal teve algumas complicações inesperadas e acabei não postando nada. Peço desculpas a quem me ajudou a fazer as listinhas (estavam bem divertidas, aliás). Leitores, Sheila, Aliny e, principalmente, Mário Sérgio, fico devendo essa para vocês, viu? Mil desculpas!

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.